quarta-feira, maio 10, 2006

Estado da Nação - Part One: Albira Alzira e Tobias Jaquim

Este país funciona mal porque nós não protestamos quando somos maltratados.
Deve ser por causa do Salazar (que no entanto nunca se atreveu a chamar a ele mesmo Aristóteles nem Arquimedes) e que proibia todo o mundo de reclamar. E por causa da Pide: se alguém fosse justamente acusado de fazer qualquer coisa errada (ou certa), podia bater com os ossos nos infestos calabouços, nas horrendas masmorras desta infausta excrescência da direita volver.
Meus queridos, esse tempo já passou. Talvez esteja a voltar, disfarçadamente, mas isso depende de nós.
O problema no fundo, ou um deles no fundo, é que todos nós morremos de pena das pessoas incompetentes, baldas e / ou vígaras. Digo e ou porque ser incompetente e baldas é ser vígaro, mas convenho que alguns ainda acumulam.
- Oh filha… mas porque é que tu não fizeste queixa?!
- Tive pena do pobre do homem (Tobias Jaquim ) que tem mulher e filhinhos!!!
Vocês a falar assim parecem as minhas santas (ver meu outro blog), mas esquecem-se do pormenor. Se o tipo fosse preso, a mulher e os filhinhos viam-se logo livres dele, pelo menos por uns tempos…
A bem da verdade, a mulher (Albira Alzira) já tentou de tudo para obter o divórcio, as amigas até já lhe disseram que estão fartas de fazer falsos testemunhos em tribunal:
- Albira Alzira, eu sou muito tua amiga, mas eu acho que o juiz ainda me conhece desde a outra vez em que me enganei e que dei o dito por não dito! Tenho medo.
De facto, a Albira Alzira começou por acusar o marido de adultério. Impossível. O tipo é mesmo incapaz de olhar para outra mulher. Pois se nem sequer olha para a dele, a Albira Alzira, porque é que havia de olhar para outra?
Acusou-o depois de olhar para homens, mas o amigo e testemunha gay não foi nada credível no julgamento… o Tobias Jaquim realmente não olha mesmo para ninguém, e pronto. É o que nós no Norte chamamos um murcom.
A pobre da Albira Alzira acusou-o depois de bater na mulher e nos filhos. Também não. Na verdade é ele quem apanha da mulher e dos filhos quando não se desgruda da televisão e da Internet e do plasma e do sensarround e do leitor de discos e do leitor de DVD e do iPod, tudo ao mesmo tempo, em vez de ir trabalhar, malandro.
- Tobias Jaquim, eu quero ver a minha telenovela “Caldo Verde com chouriça”! Estou farta de trabalhar para vos sustentar a todos, que tu, o pouco que ganhas, bem no gastas!
- Cala-te mulher, que eu quero ver o campeonato! Chega-te para lá!
- Ui, que cheiro!
- Pai, a minha stora mandou-me fazer um trabalho na Internet (mentira!)(isto cá para nós).
- Cala-te, que eu quero estar no chat do Benfica! Chega-te para lá!
- Ui, que cheiro!
- Papá Papá, eu queria ouvir aquela cantiga que a gente canta na creche e que é assim: “Tressolho, tressolho, passa para aquele olho”!
- Cala-te, que eu estou a ouvir o hino do Benfica! Chega-te para lá!
- Ui, que cheiro! Ó mamã, que é este cheiro?
A Albira tentou expulsá-lo de casa sem mais delongas, mas ele não foi.
Vocês estão a rir? Mas é verdade! Ó filhas, vocês aguentavam um marido destes? E não fazem queixa do baldas porque têm pena da mulher e dos filhinhos?
Tenham pena da mulher e dos filhinhos e por isso mesmo corram com o Tobias Jaquim de todo o lado! Até para se acabarem de vez os Tobias Jaquins.

Cenas dos próximos capítulos: as razões pelas quais ninguém faz queixa do Tobias Jaquim, mesmo que ele faça tudo mal, nas raras vezes em que faz alguma coisa.

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