quinta-feira, setembro 30, 2010

Metade de... nadinha

Nada... está ao preço de metade de nada.
Nunca tinha visto. Isto passa-se em Mahon.
Se não levar nada, só paga metade de nada, ou seja, nadinha.

segunda-feira, setembro 27, 2010

Comer, dormir, ver televisão

 Fala-se muito do livro e do filme "Comer, orar, amar", mas eu tenho ouvido mais vezes falar do sonho português (portuguese dream): comer, dormir, ver televisão.

Mais exactamente, tenho ouvido proclamar aos quatro ventos (não são sete ventos?) que os "ladrões e os assassinos" estão todos "lá dentro" a comer, dormir e  ver televisão, sem precisarem de trabalhar para isso.
Por seu lado, os que estão cá fora e que são normais, para poderem comer, dormir e ver televisão, têm de trabalhar. E há aqueles que também estão cá fora, mas não podem comer, dormir e ver televisão porque não trabalham. Só podem dormir, que é grátis e para isso basta ter sono.
E depois há aqueles que estão cá fora e que recebem subsídio de desemprego e rendimento mínimo, nalguns casos os dois juntos, apesar de serem proprietários de prédios arrendados.
- E diz ela - diz ele - para que é que eu hei-de esfalfar-me a trabalhar, se posso receber o mesmo ou mais sem fazer nada?
(Não sei se perceberam que nunca é referida a ideia de trabalhar para aquecer, ou seja, trabalhar por gosto, para nos realizarmos, para exercermos os nossos dons, etc...)
E realmente, pessoas que conheci e que pareciam hiper-fanáticas do trabalho, de repente reformaram-se e fazem questão de dizer que se sentem felicíssimas. A fazer o quê? Ora, isso é fácil:
A comer, a dormir e a ver televisão.

Comer, orar e amar? Só se for sem trabalhar. E a ver televisão. Orar a ver televisão, amar a ver televisão.

E diz ele: - a culpa é do Grande Ladrão que Lá Está. 
- Quem será o Grande Ladrão que Lá Está? - digo eu - A não ser que, por uma vez, eu tenha a mesma opinião que todo o mundo, o Grande Ladrão que Lá Está então deve ser... cala-te boca, que ele é muito capaz de lá permanecer... depois de ter dado de comer, de dormir e de ver televisão a tanta gente...

P.S: Li esse o livro já há bastante tempo e fiz comentários neste blogue sobre ele. 

domingo, setembro 26, 2010

Acordei na mesma terra em que tinha adormecido


E nessa terra as cores são mesmo assim nítidas. Não é efeito da fotografia.
Confrontar com a imagem genérica deste blogue.

sábado, setembro 25, 2010

Acordei na mesma terra em que adormeci



Estou num hotel que parece um navio
Mas não é um navio
As ondas até parece que batem nas paredes, mas não chegam a bater
E sobretudo, não nos leva para lado nenhum, a menos que seja em sonhos.
Posted by Picasa

quinta-feira, setembro 23, 2010

Outono no Hemisfério Norte

O dia amanheceu enevoado e pálido, como uma ilustração do Outono.
Vem aí a beleza dos meios tons e a doce frescura das noites tranquilas.

terça-feira, setembro 21, 2010

Pacífico... mas pouco


Olhando aqui ao lado para o globinho da terra e vendo o Oceano Pacífico tão grande, somos levados a recordar Fernão de Magalhães, o português que o descobriu e o atravessou pela primeira vez, ao serviço do Rei de Castela.
Navegou desde o Estreito de Magalhães, na América do Sul, até às Filipinas. Como se não bastasse esta lonjura de mar sem terra, os navios ainda apanharam uma calmaria que os fez perder dois meses de navegação. Comeram as solas dos sapatos e um rato do navio valia dois ducados (moedas de ouro).
Fernão de Magalhães acabou por morrer ainda antes de chegar onde queria Queria chegar às Molucas, que era onde se produziam as especiarias, vendidas na Índia através de Malaca. Por via das dúvidas, os portugueses já tinham conquistado Malaca em 1511, mas os espanhóis, ainda antes de lá chegarem, achavam que as Molucas eram espanholas, em função do Tratado deTordesilhas, que dividia o mundo: metade para Portugal, metade para Espanha. Neste caso:

- Eu vi primeiro! - juravam os portugueses.
- Mas está na minha metade do mundo - diziam os espanhóis.

Após a morte de Fernão de Magalhães, por ter tomado parte num conflito regional, os navegadores espanhóis abandonaram todos os navegadores portugueses, incluindo um rapazinho filho de um piloto aventureiro e o respectivo pai, no Bornéu, cujos ferozes habitantes os devem ter massacrado. E regressaram à Europa pelo sul, fugindo dos portugueses e da Índia, onde os havia.

Estes e muitos outros episódios giríssimos, constam do livro

Náufragos, traficantes e degredados: as primeiras expedições ao Brasil, 1500- 1531
de Eduardo Bueno
Editora Pergaminho

segunda-feira, setembro 20, 2010

Feira Alternativa no Jardim Tropical de Belém




Foi giríssimo. Fui lá várias vezes. Das primeiras gastei dinheiro, não propriamente a comprar coisas, embora houvesse muitas coisas para vender. E a entrada era cinco euros (ou 5 aérios, como agora dizem alguns e que me agrada). Realizou-se sexta, sábado e domingo.


Depois vi que havia muita coisa grátis, como seria de esperar. O melhor era grátis.

Na primeira imagem, vê-se:

Do lado direito, o rapaz é um especialista em cristais, talvez americano, pois falava através daquela tradutora, do lado esquerdo, vestida de verde, uma americana que fala com os animais, não só com os vivos, mas até mesmo com os mortos. LOL!


Após a palestra do rapaz, de que pouco entendi porque cheguei atrasada, juntámo-nos para falar com a Dra. Pouquíssimas pessoas.

Como não tenho animais, não perguntei nada, embora me tenha apetecido falar com um meu antigo gato, chamado Comboio. Uma senhora chorou muito quando a doutora lhe transmitiu as mensagens dos cães e gatos que teve, dizendo, contudo, que costuma ter dificuldade em comunicar. Logo a seguir, todos fizemos uma meditação de agradecimento à senhora, o que a fez chorar muito mais ainda. Mas deve ter-lhe feito bem, até porque a Dra. é psicóloga de gente, por formação. Uma querida! Iluminada!


Uma mulher contou que a sua gata trata muito bem uma pessoas e outras muito mal. Basta dizer o nome (se souber o nome ou se o bicho o tiver), disse ela que os animais comunicam por telepatia, não precisam de email. Mas também fala com animais selvagens, sem nome.

Fez-me muito lembrar o Dr. Doolitle. Jovem e bonita.


Bem, após uns segundos de meditação, disse que essa gata sabe mais do que muitas pessoas. Mas há um pormenor que a dona queria perguntar à gata:

- Porque é que a minha gata morde os dedos dos pés dum homem que vai às vezes lá a casa?

A mocinha concentra-se, pouco tempo, após a tradução da pergunta. E dá logo a resposta.

A gata quer chamar a atenção do homem, gosta dele (ao contrário do que julgava a dona) e quer dizer ao homem que ele deve concentrar-se (focuse) nas pessoas: é um homem que não pára em lado nenhum, não dá atenção a ninguém, não se foca, não se concentra nas pessoas, um aéreo (aérios?).

A dona da gata fica um pouco surpreendida e diz que faz todo o sentido. Realmente o homem é assim (embora não houvesse nada na pergunta que o desse a entender).


Não sei se os gatos falam. Mas, sentada ou deitada na erva do jardim, entre árvores frondosas e belas, com sombras extensas num dia de muito sol e muito calor, senti-me regressar à infância. E senti a alegria completa e imotivada que há muito havia esquecido.

E também quando regressei, uma hora depois, estava ela a cantar e a tocar viola, com crianças felizes e

adultos felizes a ouvir. Poucos. Se fossem muitos, eu não teria ficado lá.


Esqueci-me de dizer que a feira também tinha artefactos ecológicos, alimentação natural e vegetariana, medicinas alternativas, etc...


Doutora dos animais

VER AQUI

E AQUI


Depois foi uma mulher que disse que lhe aparecem muitas borboletas. Perguntou logo às borboletas porque é que aparecem à mulher e elas responderam logo. Querem dar-lhe alegria (quase todos os animais querem dar-nos alegria, segundo ela). Querem que ela veja agora a luz muito bela que há-de ver quando chegar a sua hora de partir. Querem retirar-lhe a ilusão das coisas de que a mulher já não precisa, mas que lhe parecem necessárias e importantes.


Pelo menos isto faz sentido: tantas coisas de que não necessitamos e que nos pesam nas costas!

domingo, setembro 19, 2010

Luzinha aqui neste globo

Se vir uma luzinha aqui neste globo que coloquei no lado direito, é você.
Clicando por cima, vê melhor, aumenta e diminui com a bolinha do rato. Ou vira o globo.

Ainda tem poucas pintinhas vermelhas porque só o pus hoje. O que sempre me espanta no mundo é o tamanho do Oceano Pacífico. Também me espanta nunca ter navegado num oceano tão grande.
Mas nem todas as visitas ficam aqui, pelo menos por enquanto, pois há algumas no "Sitemeter" provenientes de países diferentes.

quarta-feira, setembro 15, 2010

Concurso: Como é que se vivia antes de haver telemóveis?

De repente fui assaltada por uma recordação horrenda. Tenho muitas recordações desagradáveis, em que o passado me parece todo um tempo remoto e imundo. E arcaico. Saudades, poucas. E só do futuro.
Telefonei para uma pessoa porque não me encontrei com ela como combinado, a pessoa não estava em casa e eu tive de dar milhentas explicações para o facto de telefonar, de querer saber isto ou aquilo, explicações dadas à sogra, da qual nenhuma das duas gostava. Que eu detestava.
Também fiz várias perguntas, mas não obtive resposta a nenhuma.
Que horror! Isto responde à questão:

Como é que se vivia antes de haver telemóveis?
(Mal, claro)

Dêem outros exemplos como este.
As melhores respostas a esta pergunta terão prémios incríveis!

Atenção: eu não disse que os prémios eram bons.

segunda-feira, setembro 13, 2010

A Pilota





Pelo menos em Cannes foi giro: tivemos uma pilota.
É assim: ao desembarcar e ao zarpar, precisamos dum rebocador e dum piloto da barra.
Parece que alguns navios modernos (e enormes) já conseguem manobrar sem nada disto, porque têm hélices colocadas de lado, que lhes permitem uma abordagem sempre na vertical, mesmo que seja de lado. Não é o caso do Navio Funchal, em que naveguei na última viagem marítima que fiz.
Há o piloto da barra, que neste caso nem chega a entrar no navio, limitando-se a dar instruções (por telemóvel?). Como era a vida quotidiana antes de haver telemóveis?
Há o rebocador, que puxa o navio para o lado direito ou esquerdo, para a frente ou para trás, fazendo o trabalho do leme dos barcos pequenos e dos grandes quando têm espaço de manobra. O que não é o caso: o porto não permite a velocidade nem fornece espaço para manobrar. Neste caso nem estávamos no porto, apenas ao largo da terra, mas há regras a cumprir...

Ficou todo o mundo muito feliz e a dizer adeus a Madame la Pilote, que retribuiu os adeuses.
Bem, os franceses são realmente evoluídos no que diz respeito aos direitos da mulher, nomeadamente em relação aos muito equívocos direitos sexuais... mas a gramática francesa não tem o feminino de termos como professor ou doutor... pode?
Ou piloto. Ou capitão, ou coronel. As profissões nobres não existem no feminino.

Dizer que uma mulher tem o direito de fazer amor quando e com quem lhe apetece, como dizem e acham os nossos vizinhos franceses, terra da liberdade, talvez seja, de certa forma, obrigá-la a fazer amor quando não quer ou com quem não lhe apetece.
Pois se é assim tão saudável, agradável e bom, como recusar? Com que argumentos? Antes será caso para agradecer...

Vocês não acham?

Casa Pia: antes ninguém piava, agora piam, piam, piam

Têm corrido rios de tinta só porque uma juíza fez um resumo muito resumido e demorou a dar os papéis. Até parece que todos nós vamos ler as 1600 páginas da sentença e precisamos de as ler urgentemente.
Que mais irá agora acontecer? Ficam felizes porque têm os papéis, ou vão esmifrar as vírgulas, os ques e os des?
E se os rapazes não se lembram da cor das cortinas e da marca do televisor, é porque estão a mentir, mas se se lembrarem de tudo é porque combinaram dizer todos o mesmo.
E como é natural quando alguém se sente muito revoltado e ofendido, os rapazes resolveram acusar uma pessoa que nem os conhecia nem lhes fez mal nenhum, em vez de acusarem quem lhes fez muito mal.

Durante 30 anos houve abusos destes na Casa Pia, mas ninguém piou. Os jornalistas sabiam, mas calavam-se. Agora piam piam... parecem o coelhinho do anúncio.

domingo, setembro 12, 2010

E em Florença





Única terra do percurso aqui referido que não fica à beira-mar, entre muitas surpresas, encontrei esta. Em defesa de uma mulher. Nas pedras antigas e negras da nossa civilização antiga .
Reparo agora que ela tem um nome parecido com o da grande Deusa-Mãe: Shekinah. Também pode ser considerada como a presença feminina de Deus, de acordo com a Cabala.
Ou ainda: "Shechiná é uma energia cósmica poderosíssima em si mesma, que habita no "interior" do Universo e vivifíca-o, sendo a sua "alma" ou "espírito"". Wikipédia.

Mas esta da foto é apenas uma mulher que queriam apedrejar. E não conseguiram.

sexta-feira, setembro 10, 2010

Corões para queimar: leve três pelo preço de dois

Esta da queima do Alcorão deve ter sido ideia de algum livreiro... talvez tivesse em stock vários exemplares que não vendia...
Cada um na sua: Corões e Ramadões para quem gosta...
Edição especial de luxo: inclui garrafita de petróleo e todos os exemplares numerados e assinados pelo autor.

quinta-feira, setembro 09, 2010

Lazareto



Quando a minha amiga X, já referida (tive a intenção de fazer a viagem sozinha e foi assim que a iniciei, mas encontrei no navio uma amiga e uns conhecidos que passaram a amigos e mais umas pessoas que não direi)... e até mesmo uns desconhecidos que também passaram a amigos, acho eu, com a net tudo se torna possível.
Quando a minha amiga X me disse que isto era um Lazareto, pensei: está a confundir. Com estas muralhas, deve ser um forte. Mas depois o guia (da tal excursão de barco pelo porto de Mahon, ilha de Menorca), acabou por confirmar.

Vinham para este lazareto todos os doentes de Espanha que tivessem doenças contagiosas. As muralhas serviam para os impedir de fugir.

Isto impressionou-me vivamente, em termos humanos, sem dúvida e ainda mais em termos ficcionais: é óbvio que muitos foram mandados para lá para que a família se visse livre deles, apesar de serem saudáveis. E isto pelos mais variados motivos, que levem as famílias "honestas e sensatas" a quererem livrar-se de certos elementos: herança, honra, extravagância ou diferença dos familiares, ou seja, honra outra vez...

Podemos imaginar várias hipóteses, para pessoas que lá tenham sido colocadas pelas razões expostas: 1. Apesar de serem saudáveis, morreram com uma das muitas doenças contagiosas que lá se contraíam. 2. Sendo saudáveis, conseguiram resistir a todas as moléstias, tal como os médicos e enfermeiros e: ou saíram de lá, ou morreram de velhos, tendo ajudado uns e prejudicado outros.
Outra hipótese: conseguiram fugir e talvez embarcar para as colónias espanholas... ou portuguesas...

Tantas histórias que existiram na realidade e foram esquecidas! O mundo é feito de histórias esquecidas para sempre. Talvez seja função da literatura lembrar algumas, inventando-as. Uma das funções.

quarta-feira, setembro 08, 2010

Paquete Funchal





Muito temos aqui falado sobre o Paquete Funchal. Todos Lamentamos muito o acidente que ocorreu neste seu último cruzeiro, mas não teve nada a ver com o navio. Vi-o partir, no Cais de Alcântara, para esta mesma viagem, havia famílias de tripulantes a despedir-se.
As pessoas com quem mantive contacto, deitaram as mãos à cabeça por pensarem que poderia ter acontecido com elas. E estão a escrever umas às outras, a dizer isso...
Só não pode acontecer a quem fica em casa, mas nem todos podemos ser caseiros...

Desejamos a todos um bom regresso e as rápidas melhoras para os feridos.

Quanto aos que poderiam ter ido e não foram, ou que foram noutra ocasião, como eu, está sempre a acontecer ao nosso lado algo (de bom e de mau) que não nos acontece a nós...

terça-feira, setembro 07, 2010

Realidade virtual: Condenado por pedofilia = Vítima da Justiça = Jornalista Independente

Realidade virtual: Condenado por pedofilia = Vítima da Justiça = Jornalista Independente.

Estava toda a gente à espera que os arguidos / réus ficassem todos absolvidos no processo Casa Pia, talvez com excepção do Bibi por ser pobre e por também ter sido vítima.

Mas os maus da fita, agora são as vítimas, embora ninguém duvide de que foram abusadas. Só acham que os rapazes, embora vítimas, cometeram perjúrio e, que, portanto, são criminosos.

Quanto aos alegados criminosos, esses é que são as verdadeiras vítimas.
Uma das vítimas, isento jornalista, pretende provar que o dia mais negro da justiça em Portugal foi um vulgar dia do calendário gregoriano em que ninguém deu por nada.
E os outros jornalistas isentos, ajudam.
BOA!

Embora veja televisão raramente, caí ontem na asneira de ver o programa "Prós e Contras", para não ficar totalmente desfasada da realidade virtual deste país. E mal dormi com tanto nojo.
Pelo menos agora há os blogues, para fugir à ditadura dos jornais e da televisão, ou seja, dos jornalistas.

Estamos a viver dias negros da Comunicação Social em Portugal. Se o jornalista está inocente, que o prove, em vez de nos massacrar a cabeça!

segunda-feira, setembro 06, 2010

Museu da Pesca





Prometi falar do Museu da Pesca que vi em Palamós. Não estão por ordem cronológica, estes textos.

Os artefactos da faina piscatória não são necessariamente bonitos, mas este Museu da Pesca aliou o tema à criatividade e é lindíssimo. Apesar de ter relativamente poucos utensílios, tem muitas fotografias interessantes e um modo ainda mais interessante de as exibir.
As pilhas de caixotes têm todas uma fotografia por cima. Ou um texto. Notar como o catalão pode ser tão idêntico ao português, como se vê e lê na primeira frase da segunda foto, que pode ampliar.

Já gora, fiquei a saber, com surpresa: O mediterrâneo tem mais de quinhentas espécies de peixe, só consome, ou seja, só se pescam cerca de cem e o comércio faz-se sobretudo com doze.

Perdi a oportunidade de comer, em Itália, uns peixes chamados Alici (no plural), de que ouço falar na RAI UNO, porque, no primeiro sítio onde parámos, St. Stefano, andava tão entusiasmada que me esqueci da hora de comer e em Florença só vimos comida para turistas.

Este esquecimento de comer vem-me dos tempos em que fui magríssima, em que toda a gente ralhava comigo por não comer, por ser esquelética... é da idade. Há-de haver outra idade em que o comer é pouco importante...

domingo, setembro 05, 2010

Paquete Funchal





Este navio, o paquete Funchal, de bandeira portuguesa, pertencendo à Classic International Cruises, fará em breve 50 anos e foi em tempos um baluarte do regime salazarista, ao fazer a carreira regular para as ilhas.
Nessa época, devia ser o mais avançado. Agora não, claro. É muito pequeno e não tem alguns dos dispositivos e luxos de outros maiores e mais modernos.
Vai agora para o estaleiro, para fazer uma remodelação total, afim de respeitar as modernas e exigentes normas de segurança. Por exemplo, este navio tem muita madeira, nos conveses, no revestimento das paredes e em toda a parte. Como o principal risco no mar é a ameaça de incêndio, é claro que isto constituía um perigo enorme, pelas actuais bitolas. (Se lá fosse a ASAE...)
Também reparei que tinha umas cadeiras de verga com algumas partes em metal, parecia mesmo ferro, que, com o vento, eram frequentemente arrastadas pelo convés. Apanhar com um ferro daqueles... surpreendeu-me este aspecto: hoje é perfeitamente básico tomar todas as medidas para evitar acidentes, ainda que pequenos e teria sido fácil substituir as cadeiras.

Em contrapartida, há pessoas que se sentem em casa neste navio e num outro da mesma companhia, chamado Princess Danae. Já fizeram muitos cruzeiros a bordo destes paquetes, até porque há muito poucos com partida e regresso a Lisboa e acabam por não ser caros. A alternativa mais frequente é ir embarcar em Espanha ou Itália.

Por este motivo, o ambiente pode ser agradável e quase familiar, como me aconteceu nesta viagem, em que encontrei várias pessoas conhecidas. Isto pode ser bom ou mau, dependendo das pessoas e da relação que temos com elas, no caso foi bom. Também tem a vantagem de, na eventualidade de se fazerem amizades, ser mais fácil mantê-las em terra, sendo os passageiros maioritariamente portugueses, embora, segundo dizem, isso raramente aconteça. Ou não acontecia, antes de haver Facebook.


Naveguei em barcos muito maiores, como o Costa Victoria da empresa Costa Cruzeiros, mas ao nível humano é muito impessoal, é como estar numa grande cidade. A comida também corre a risco de ser "de cantina", pelo mesmo motivo e como foi o caso: uma das minhas expectativas era a comida italiana de que gosto muito, mas esta era de enfarta-brutos e não prestava. Pelo contrário, a do Funchal e do Princess Danae (igualmente pequeno) é muito boa e requintada .

Esta Classic international Cruises tem outros pequenos navios, mas só conheço estes dois. Têm todos bandeira portuguesa e operam às vezes a partir de Portugal, mas a companhia não é portuguesa.

Fotos: Paquete Funchal fundeado em Ajaccio, na Córsega, no porto de Mahon, ilha de Menorca e ao largo de St. Stefano, em Itália.

sábado, setembro 04, 2010

Palamós



E aqui está uma terra que ninguém conhecia e de que toda a gente gostou: Palamós, na Catalunha. Lugar sossegado com gente muito simpática e uma língua que às vezes parece português.
Não tirei muitas fotografias, porque já andava um bocado farta, mas mostro depois um Museu da Pesca que lá vi.

As terras a que se tem vontade de voltar, nesta viagem, são: Santo Stefano (muitíssimo), Palamós e Ceuta (sempre).
Não me refiro a Florença, por não ter mar nem porto e não fiquei a conhecer Viareggio porque fui a Florença. É claro que vale a pena regressar a Florença, mas isso toda a gente sabe...

Há uns anos passei em Civitavechia, uma terra também muito bonita, grande porto de mar, mas de lá, quase toda a gente vai a Roma. Não fui porque tinha estado lá há pouco tempo...

O porto mais próximo de Florença é Livorno, mas é o mais caro do mundo, pelo que alguns navios o evitam. Lisboa é também um dos mais caros.

No caso deste navio, o Funchal, ficámos fundeados ao largo de terras como: Santo Stefano e Viareggio que têm pequenos portos, mas também de Saint Tropez e Cannes, já maiores.

É cansativo e muito moroso embarcar e desembarcar em lanchas baleeiras, ou salva-vidas, como se vê em fotos que coloquei no blogue Escrevedoiros.

Mentiras com efeito

Quando estudei na Universidade, conheci várias pessoas que diziam aos pais que passavam, apesar de terem reprovado. Houve até um rapaz que ainda andava nos primeiros anos e foi recebido na terra com uma festa-surpresa da população toda, liderada pelo pai. What a surprise!
Mas este truque é novo...

(O Diário de Bordo vai prosseguir dentro de momentos)

Lata

É preciso ter lata para comparar o processo Casa Pia com o fascismo. Mas os ricos ou influentes estão habituados a fazer o que querem e a prova é que foram condenados a prisão e estão em liberdade.

Clicar por cima

«José Sócrates é o responsável pela baixa de crescimento do país, pela perda de quotas de exportações e pelo endividamento do país. Apesar de estarmos mais endividados hoje, somos um país menos competitivo do que éramos quando ele entrou no Governo em 2004», afirmou o presidente da Logoplaste.

Como social-democrata, Alexandre Relvas fez um pedido: «O PS, que está no Governo há praticamente 15 anos, devia olhar para estes números e, perante o país, pedir desculpa pelas consequências da política que foi seguida ao longo dos últimos anos».

sexta-feira, setembro 03, 2010

Ainda Saint Tropez


É uma terra bonita, mas para ver como nós a vimos "à vol d' oiseau". Ficar lá não me parece que valha a pena: muitos turistas, tudo demasiado caro, não sei se é verdadade, mas garantiram-me que lá e em Cannes, onde também fomos, até se paga para estar na praia...

Enfim, são duas terras muito fotogénicas.

"Esplendor e Miséria"




Fico sempre mal impressionada e mesmo incomodada quando, em certos países, sou levada a contemplar a extrema pobreza, que parece inadmissível e quase impossível para quem vive num país relativamente abastado, como é o nosso. Sei que muitos não concordarão com esta frase, mas a pobreza que se "vê", ou que não se vê em Portugal não é comparável à que não se pode esconder noutros países.

Pela mesma razão, sinto-me chocada quando vejo sinais de extrema riqueza e opulência, como vi em Saint Tropez, Riviera Francesa. Havia quem tirasse fotos aos enormes iates, aos invulgares automóveis, às motos...
Se pensarmos bem, é para lugares como este que vai o dinheiro da também imensa corrupção que há no mundo. Diamantes de sangue, negócios de sangue, dinheiro lavado em sangue...

quinta-feira, setembro 02, 2010

Minha peça de teatro

Interrupção das navegações para dizer:

Foi publicada na Revista Triplov a minha peça de teatro, inédita até agora

Aldeia das Cavernas


Pretende demonstrar a ideia de que a aldeia global também pode ser considerada uma aldeia de cavernas, tanto no sentido do primitivismo das relações, como no sentido platónico das ilusões.
Essa não é necessariamente a minha opinião, é apenas um ponto de vista, que me surgiu na escrita desse texto.

Um enorme agradecimento a Estela Guedes, directora da Revista.

quarta-feira, setembro 01, 2010

Navegações



Acabada de chegar a Lisboa, doem-me as pernas, as ancas, as costas... apanhámos vários dias de muita ondulação, ao ponto de ninguém ter dormido uma ou duas noites. A cama dá solavancos, projecta-nos contra a cabeceira ou contra a parede, acorda-se. Nunca ouvi ninguém queixar-se de lhe ter acontecido, mas deve acontecer atirar-nos ao chão.

De pé, estamos sempre a colocar o peso do corpo numa perna, depois na outra, depois na mesma, para nos equilibrarmos, contrabalançando o balanço constante e isto, mesmo quando o mar está manso. Agora aqui, vejo o chão de Lisboa a oscilar perigosamente, porque continuo a centrar a força numa perna e na outra, automaticamente.

Estendida na minha pobre e enorme cama, de braços abertos, dormi a noite dum sono.

Já tenho esta cama há cerca de dez anos, mas nunca se mexeu, nunca me atirou contra coisa nenhuma e nunca me aconteceu adormecer nela em Lisboa e acordar noutro país. Digamos que não tem vontade própria...

Também me agrada pensar que por baixo dela não há tubarões, nem esqueletos de marinheiros nem fantasmas de navegantes. Nem mesmo água.

A minha vocação marítima não é exclusiva, afinal. É muito mais fácil ficar na terra.

Somos todos irmãos




Recordava Ceuta, de lá ter arribado por mar, como uma terra muito tranquila e com gente muito simpática. Recordava esta cafetaria em particular e voltei lá.
Só depois de pedir o café percebi que não tinha levado a carteira: com duas noites e um dia só de navegação, como no navio não se utiliza dinheiro, não vale a pena andar carregada. E disse ao rapaz, na foto:
- Afinal já não quero o café, porque não trouxe dinheiro.
- Pagas amanhã.
- Amanhã já não estou em Ceuta.
- Pagas quando voltares a Ceuta.
E serviu-me o café, com todas as regras. Voltei lá para pagar, claro...

Devo ter cara de pobre, porque toda a gente me dá de comer e de beber em todo o lado, foram os figos em Itália, é o café em Ceuta... uma vez na Tunísia, também café...

Ou: somos todos irmãos.