sexta-feira, dezembro 16, 2011

Prémios para os moribundos

Quem diz moribundos, diz monstros sagrados, claro. Como é o caso do recentemente atribuído a Eduardo Lourenço. Conheci em tempos uma jornalista e crítica literária de um conhecido e bom jornal que, após ter bebido alguns copos de whysky, confessou, ou talvez mesmo gabou-se (nem sempre é fácil distingir uma confissão de uma gabarolice, como demonstro claramente na minha peça de teatro a Ilha das Cruzes).
Volto ao princípio: a senhora acabou por me dizer que trabalhava na necrologia: a sua função era escrever elogios a mortos.
É chato. Sendo a matéria inconfessável, a senhora disse-me isto, por pensar que eu nunca  iria repetir as suas palavras Urbi et Orbi. Ainda nem existia Facebook e outras coisas do género...

- Você está moribundo? Que sorte! Candidate-se a melhor escritor, melhor filósofo, melhor... isto e aquilo...



Eduardo Lourenço é o Prémio Pessoa 2011

Pensando melhor, dá para entender que os melhores prémios sejam atribuídos aos moribundos: basta ver este caso, também tratado nos jornais de hoje

Jorge Sampaio reconhece que "não há alternativa ao capitalismo"

Para alguém tão bem conceituado como socialista de primeira água, é no mínimo chata esta declaração. Pois, quando as coisas correm mal, nada mais simples do que mudar de ideologia... prático, sem dor...
Estamos já tão habituados a estas pasmaceiras, que se tornou vulgar esta frase bombástica e inteligente:
"- Eu a mim, já nem me espanta, se vir um porco a voar."
Pois eu, a mim espanta-me. Muito! Tudo isto!

E já agora, poderíamos também instituir o prémio: O Melhor Moribundo de 2011. Concorra!

Nadinha

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