segunda-feira, julho 16, 2012

“Os exames e a comédia do rigor”

[...] "O aluno não é convidado a pensar, a interpretar, a escrever, mas a decorar chavões, a papaguear tópicos, a repetir interpretações fabricadas que circulam como um cânone que não admite desvio [...]"




“Os exames e a comédia do rigor” é o título de um artigo de António Guerreiro, publicado na revista do Jornal Expresso: Atual, de 14 Julho 2012.
Na impossibilidade de o transcrever aqui na íntegra, recomenda-se a sua leitura, por ser uma análise lúcida e rigorosa do exame de Português da 1ª chamada do 12º ano. Que justifica os resultados: por um lado fracos, por outro, não estabelecendo qualquer tipo de diferença entre os alunos ótimos e os médios, o que sobressalta até estes últimos. E que só não vê quem não quer ver, pois de há uns poucos anos para cá, acontece sempre isto.
Creio que o texto estará disponível online a partir de uma data que não sei qual seja.


Ficam aqui citações.



"O que imediatamente chama a atenção é o facto de boa parte da prova exigir, não que o aluno escreva, mas que ordene, escolha e associe frases já dadas."
"Os textos literários são estudados como se tivessem interpretações fechadas e o exame, por sua vez, vai confirmar esse fechamento."



"Os critérios de correção, lavrados em verdadeiros tratados (os critérios de correção têm mais páginas do que o enunciado do exame), fundam-se numa ciência para a qual não temos nome porque trata de hipóteses e de "cenários de resposta". Eles preveem tudo - todos os desvios, todas as incorreções, todas as imperfeições e incompletudes das respostas dos alunos - e para tudo o que preveem têm uma quantificação.

Se, ainda assim, o professor, presumindo-se um avaliador competente, quiser operar um pequeno desvio e introduzir o seu critério de quantificação, lago saberá que a grelha Excel onde vai lançando a pontuação das respostas só aceita os números previstos pela ciência que projeta "cenários de resposta".

No fim de todos os mecanismos de vigilância por que passou, há uma grelha Excel que lhe diz que ele não é nada e nunca será nada.” 




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