segunda-feira, junho 30, 2014

Contadores de visitas: Sitemeter, Histats

O sitemeter, ótimo contador de visitas para sites, quase deixou de funcionar. Nalguns casos deixou mesmo.
Neste blogue, parou, num outro, Escrevedoiros, mantém-se inalterado.
Quando contactado, não responde, o que é já amplamente referido na net.

Este blog aconselha que se substitua o sitemeter, com urgência, pelo Histats, contador do mesmo género, também grátis e muito melhor.

sábado, junho 28, 2014

Afinal foi um rei "moribundo" que pariu a Língua Portuguesa




Alguns senhores importantes, com o acordo das autoridades portuguesas, decidiram recentemente mandar muitas criancinhas soltar muitos balõezinhos junto ao Padrão dos Descobrimentos, para comemorar um facto importante e que ninguém sabia: 

Segundo eles, a  Língua Portuguesa nasceu no dia em que o rei D. Afonso II assinou o seu testamento, a 27 de junho de 1214. Verifica-se, ao ler esse testamento, algo que arrepia qualquer republicano convicto: dizia que o país era todo dele.

Queriam fazer esta comemoração no Brasil, na Copa do Mundo, mas os brasileiros não estiveram para aí virados. Que lhes interessa um rei Português que deixa Portugal aos filhos? Ou às filhas, caso não tenha filhos machos.

As dúvidas, é claro, são muitas:

Então a  Língua Portuguesa não existia antes de o testamento ter sido escrito? Então como conseguiu escrevê-lo numa língua que ainda não tinha nascido? 
Julgaríamos nós, ignorantes, que foi o povão, ao alterar o latim enquanto falava, dando pontapés na gramática a torto e a direito, com influências de outros falares, que foi aos poucos parindo esta nossa bela língua, segundo os processos normais da evolução fonética, semântica, etc... mas não.

Outra dúvida: até há pouco tempo, considerava-se que o primeiro documento conhecido escrito em língua portuguesa era a "Notícia do Torto" (de 1212). Numa visão mais romântica e mais consentânea com outros símbolos e mitos nacionais, houve mesmo quem dissesse que o primeiro texto foi um poema. Talvez de amor. 


Enfim, o povo português ignorou regiamente a data e a efeméride e continua a dar pontapés na gramática, com risco de inventar ainda uma nova língua.

Senhores importantes: já que a realidade pouco importa para esta coisa de mitos e de símbolos, como se comprova ao terem escolhido o terceiro texto mais antigo, em vez do mais antigo que se conhece (o que dava muito jeito por coincidir com o Mundial de Futebol), escolham antes um poema e digam que foi um poeta que pariu a língua portuguesa, tal como aconteceu com a Italiana, a mais bela do mundo. 
Dadas as atuais preferências musicais portuguesas e brasileiras, talvez um poema erótico-satírico seja o mais indicado. Parecido com as cantigas do Quim Barreiros. 

Há muitos desses e até piores, na Idade Média.

P.S.: A língua portuguesa está maravilhosa, não precisa para nada do Mundial de Futebol e recomenda-se - ao contrário das sua congéneres europeias, encontra-se em expansão, ao fim de 800 ou 900 anos: nas ex-colónias portuguesas, as pessoas deixam de falar os pequenos dialetos locais, trocando-os pelo português, língua de comunicação universal e língua de cultura.

Quem precisava muito de uma promoçãozinha mundial eram os senhores muito importantes, porque, assim, ainda ficavam mais importantes.


sexta-feira, junho 27, 2014

"Portugueses" que nunca ouviram falar de Portugal



São completamente desconhecidos em Portugal os factos referidos neste livro: Os Filhos Esquecidos do Império.

Existem, no Oriente, várias comunidades que se consideram e são consideradas portuguesas, porque constituídas por católicos luso-descendentres. Algumas sofreram a perseguição por isso, no Tsunami uma delas foi exterminada, facto muito noticiado no Oriente e ignorado em Portugal, só preocupado com o menino que foi encontrado com uma camisola da seleção portuguesa...

Muitas dessas pessoas não sabem onde fica Portugal nem sabem falar português, mas comovem-se e até choram quando vêm um português "verdadeiro". 
Eles também são verdadeiros portugueses, apesar de nós os consideramos chineses, indonésios, malaqueiros, etc.

O autor do livro, Joaquim Magalhães de Castro, um viajante, acompanhará e guiará algumas viagens a esses locais, através da agência de viagens Jade Travel. Viagens sempre diferentes, nunca repetidas, com início no próximo ano.


Há pequenos momentos que nos enriquecem por dentro. 
Há pequenos e grandes momentos que nos fazem sentir orgulho na aventura portuguesa de existir  e de se expandir pelo mundo.
O lançamento deste livro foi, para mim, um desses pequenos momentos. Que me fez imaginar outras vidas, tão estranhas e tão próximas, como se as pudesse tocar só de as evocar.

Conto mais quando tiver lido mais.

terça-feira, junho 24, 2014

O Gaio de Aquilino Ribeiro ou outros parecidos










Este delicioso texto é sobre o gaio, como muitos que Aquilino escreveu sobre pássaros. É o início do romance A casa grande de Romarigães


"Também ali perto, por uma tarde fosca de Outubro, chegou um gaio, voejando de chaparro em chaparro, a grasnar mal-humorado como é próprio da raça. No saiote desbotado, as duas pinceladas de azul, azul retinto, fulguravam para que se soubesse que um gaio também é gente dos ares. Trazia no bico uma bolota, um pouco menor que o bolo que o corvo costumava levar à cova de Daniel, mas para ele mais importante. Dispunha-se a comer a merenda bem amargada, quando deu com os olhos no mariolado vizinho com quem bulhara uma Primavera inteira por causa da gaia, depois sua mulher. Já esse tal, rancoroso e mau, dava jeitos de querer investir, penas riças, garras desembainhadas, a asa possuída de frenesim. Que remédio senão preparar-se para o receber condignamente!
E deixou cair a glande. Esta foi bater na face zenital dum velho toro, saltou de ricochete para o lado, e aninhou-se muito aninhada num monte de folhas secas e argalhos. Ninguém a via, nem ela via a mais pequena nesga do mundo."
[................]
"Do pinhão, que um pé-de-vento arrancou ao dormitório da pinha-mãe, e da bolota, que a ave deixou cair no solo, repetido o acto mil vezes, gerou-se a floresta. Acudiram os pássaros, os insectos, os roedores de toda a ordem a povoá-la. No seu solo abrigado e gordo nasceram as ervas, cuja semente bóia nos céus ou espera à tez dos pousios a vez de germinar. De permeio desabrocharam cardos, que são a flor da amargura, e a abrótea, a diabelha, o esfondílio, flores humildes, por isso mesmo troféus de vitória. Vieram os lobos, os javalis, os zagais com os gados, a infinita criação rusticana. Faltava o senhor, meio fidalgo, meio patriarca, à moda do tempo. Ora, certa manhã de Outono…"


domingo, junho 22, 2014

Exame de Português: textos misturados, perguntas ambíguas, critérios errados

O exame de português do 12º volta a surpreender-nos. Como acontece todos os anos.

Como é possível que o GAVE (atual IAVE) tenha contratado pessoas que, dispondo de um ano inteiro para elaborar uma prova de exame, tenham cometido erros tão crassos como estes:

- O texto, atribuido a Lídia Jorge, termina com uma conclusão que não é de Lídia Jorge nem daquele texto, mas sim de outro autor, Almeida Faria, num texto que nada tem a ver com aquele. A desculpa é que foi assim que o encontraram na Internet. Como se lê aqui:

Frases do exame de Português podem não ter sido escritas por Lídia Jorge



- Para além desta grave falha, há mais umas duas ou três, como a ambiguidade de certas perguntas, a dúvida grave sobre a denominação da figura de estilo, se é ou não metáfora.

É verdade que o português é subjetivo, a literatura é polissémica, mas os últimos exames de português não parecem considerá-la assim, já que não aceitam respostas diferentes da proposta nos critérios de correção, as quais são sempre muito básicas, mesmo quando se referem a comentários de textos literários. Para acentuar esta ideia, este ano retiraram, pela primeira vez, uma frase na qual se dizia que o aluno poderia dar uma outra resposta, a qual poderia ser considerada certa se o corretor assim o entendesse. Ainda bem que retiraram essa frase, pois não era isso o que acontecia. Qualquer leitura mais literária era considerada incorreta.

Advertido pela APP de que existe uma resposta errada nos critérios, o GAVE/ IAVE teima em afirmar que a resposta está correta e qualquer outra está errada.
Muito mais estranho: muitíssimos alunos acertam e, portanto, têm a resposta errada.

Especialistas não se entendem sobre critérios de correcção do exame de Português


Um linguista vai ao ponto de afirmar que se podem aceitar as duas respostas, a do GAVE e a outra, mas não deixa de acrescentar que é um disparate colocar tal pergunta num exame.
Parece que agora até os linguistas analisam a língua de acordo com  a cor política...
A mim ainda me parece muito dúbio que se considere ato locutório ou ato de fala uma frase que não corresponde a uma fala (normalmente, faz-se esta pergunta reportando-a a um diálogo). Talvez o discurso de  Almeida Faria seja mais coloquial que o de Lídia Jorge e se possa inferir que se trata de uma situação coloquial, metaforicamente falando... mas o texto da autora nada tem de coloquial.

- Não esquecer que este exame foi bem mais fácil que todos os outros, um autêntico bodo aos pobres, embora o atual ministro dissesse, há uns anos, que não se pode aferir a avaliação do sistema com exames que mudam de dificuldade todos os anos, o que implica resultados totalmente diferentes todos os anos. 
Assim, no ano passado os alunos tiveram más notas a português, o que aparentemente quer dizer que está algo errado no ensino desta disciplina, mas este ano vai haver notas ótimas, o que significa, claro, que tudo mudou para melhor no ensino do português, nos últimos 12 meses e que já está tudo bem. Sem que nada tenha acontecido, entretanto.

Está em atividade uma petição pública online a propor a revisão do critérios de exame: AQUI


Todos os anos acontece esta coisa extraordinária: alunos com média de 18 a tudo são classificados com 10, 11 ou 12 no exame de português. E na maioria dos casos, não adianta nada reclamar da nota. Raramente resulta.

Post Scriptum (4/7/2014): O Iave continua a considerar errada a resposta que os linguistas consideraram correta, mas, "para não prejudicar os alunos", os corretores devem considerar as duas certas. E porque não considera todas certas, "para não prejudicar os alunos"?

domingo, junho 15, 2014

As prioridades ao contrário: políticos que nos roubam impunemente e ladrões incompetentes, que mal sabem roubar os estrangeiros! E como fica a avaliação do desempenho?

Temos agora:

Políticos que roubam impunemente e ladrões incompetentes, que mal sabem roubar!
Que horror!


Tive aqui em Lisboa uns amigos franceses. 
Perguntaram-me se achava perigoso andar de noite, disse que não.

Pela meia noite do último dia, separámo-nos, e a minha amiga principal foi assaltada com roubo de esticão.

Mas os amigos homens foram atrás e apanharam a cigana, ou o cigano, não entendi bem,  e obrigaram-no ou obrigaram-na a devolver a carteira da mocinha.

Que horror! Que ladrões tão incompetentes que nós temos! 

E os políticos, que só nos roubam a nós!Ide roubar para a Europa!


Queridos políticos: Ide roubar para a CEE! Difícil? Temos pena, mas eles são mais ricos...

Se os nossos partidos político, "altamente" corruptos, de todas as áreas, pois todas as áreas, da direita à esquerda, têm montes de  criaturas corruptas,

Logo,

Queridos políticos:

Ide roubar para a CEE. Que é mais rica.
ide roubar para África. Que é mais pobre.
Ah, vocês acumulam? Perdão. Forget!!!

Ui que chato!


sábado, junho 07, 2014

Lisboa: santos populares







"De uma tristeza arrepiada nos dias de chuva" Lisboa, Eça de Queirós. Foto da Nadinha


Lisboa, sábado do primeiro dia das festas populares anda no ar um cheiro a sardinha assada, ouvem-se músicas ordinárias em todas as equinas e nas casas, um fumo espesso sai dos assadores. O aroma do manjerico atenua ou acentua o cheiro a cozinhado, não se percebe bem, o manjericão não faz parte do assado.
Lisboa cheira. Cheirar, cheira. Lisboa faz barulho. Música? Dança-se. Um cheio a suor, a peixe a ervas aromáticas, a castanhas assadas e a fumo.

A música brasileira invade a cidade com os atabales no entardecer. Cai a noite. 
Cai o pano sobre uma cidade febril. Triste.

Falsamente alegre.


Ainda os amigos: reais, virtuais e outros

Já experimentaram usar um site, por exemplo do Facebook, para convidar amigos a Gostar (Fazer Like) de uma Página? 

Estranhíssima experiência, como verão :) 

Em segundos ou frações de segundo, somos obrigados a analisar (avaliar?), aquilatar cada amigo: 


"Este não se interessa por estas coisas, este é demasiado ignorante e nada entende do assunto, este só se interessa pelo seu umbigo, apesar de ser muito culto, este é muito jovem e não pensa em nada disso, este é tão jovem como o outro mas tem consciência cívica, cultura, este é um querido, mas bronco... :), este é bronco mas com tendência para a polémica, este assina sem pensar, este pensa muito, mas não tem coragem de assinar, este é hiper-crítico, mas só critica junto de quem concorda com ele, não tem coragem para tomar uma atitude, nem mesmo na net... "

Excluí desta lista os que podem ser convidados, claro.

  


E o próximo round pode ter conclusões completamente diferentes, dependendo do tema. Por exemplo, se é uma petição a favor dos animais: este é querido, gosta de animais, este não tem medo de assinar isto porque não é nada perigoso, este gosta de gatinhos mas odeia tubarões ( por exemplo, eu) este trabalha na indústria das carnes :) ... etc.

A Amizade mudou. Completamente!
Será que os nossos amigos não são perfeitos? 

Será que isso não passa despercebido, agora?
Será que agora aceitamos melhor que os nossos amigos sejam imperfeitos? 

Então, os amigos virtuais são muito mais reais do que os outros.   


(Perguntam-me interativamente:
- E os que não tem conta no FB e seriam possíveis interessados nessa página de causas?
- Bem, esses têm medo da própria sombra.)

quinta-feira, junho 05, 2014

AMIZADE: Adeus, Jorge, ex-amigo real, escaqueirei o teu souvenir


Oferecer souvenirs para os outros se lembrarem de nós.

Acabo de quebrar um minúsculo recipiente bonitinho de barro, no feitio da base de uma avelã. Foi-me oferecido há muito tempo por um antigo amigo.

Esse amigo costumava queixar-se de que as pessoas se esqueciam dele, o que não era verdade. As pessoas esquecem-se umas das outras, simplesmente. Mas, de cada vez que eu via a metade de avelã lembrava-me logo do Jorge. Lembro-me de que era gordo, amoroso, querido. Gordinho e fofinho, pródigo em abraços quentinhos. Professor de ginástica, ensinava todo o mundo a nadar, a fazer desporto...

Em ocasiões em que me senti doente, coloquei a a avelazinha na mesa de cabeceira com os comprimidos. E lembrava-me logo dele. Avelazinhas agora substituídas por muitas tacinhas azuis que trouxe da Turquia.

A tacinha que quebrei era do Jorge não sei quê, que foi muito meu amigo no Algarve quando vivi no Algarve.

Agora parti-o, escaqueirei-o. Adeus, Jorge.
Se calhar nunca mais me vou lembrar de ti.
Sorry!

Foste um amigo Real. 
Agora só me lembro dos amigos virtuais. Beijinhos, Jorge.

domingo, junho 01, 2014

Muitos estrangeiros consideram que existem 20 motivos para deixar tudo e vir para Portugal


(Imagem: fotografia da travessa de porcelana da Vista Alegre: Lisboa)

Talvez a saída da crise esteja no turismo. Pelo menos, uma parte da saída.

20 MOTIVOS PARA DEJARLO TODO E IRTE A PORTUGAL

(um deles é o café, outro é o chocolate, heranças coloniais, ao que parece).