quarta-feira, dezembro 30, 2015

Um poema de Baudelaire

L'Homme et la mer
Homme libre, toujours tu chériras la mer!
La mer est ton miroir; tu contemples ton âme
Dans le déroulement infini de sa lame,
Et ton esprit n'est pas un gouffre moins amer.
Tu te plais à plonger au sein de ton image;
Tu l'embrasses des yeux et des bras, et ton coeur
Se distrait quelquefois de sa propre rumeur
Au bruit de cette plainte indomptable et sauvage.
Vous êtes tous les deux ténébreux et discrets:
Homme, nul n'a sondé le fond de tes abîmes;
Ô mer, nul ne connaît tes richesses intimes,
Tant vous êtes jaloux de garder vos secrets!
Et cependant voilà des siècles innombrables
Que vous vous combattez sans pitié ni remords,
Tellement vous aimez le carnage et la mort,
Ô lutteurs éternels, ô frères implacables!
— Charles Baudelaire

quinta-feira, dezembro 24, 2015

Feliz Natal





Feliz Natal para os leitores, amigos e seguidores deste blogue.
Que vão mudando com o tempo, pois já tem muitos anos.

domingo, dezembro 13, 2015

Manoel de Oliveira




Estão  a dar, no TVcine 2, todos os filmes de Manoel de Oliveira, todos seguidos.
Pode parecer monótono ver um filme deste realizador, mas é menos monótono se o vemos em casa, podendo parar e reatar quando quisermos.
Na verdade, é uma experiência tão extraordinária que não vamos querer parar.
Manoel de Oliveira valoriza muitíssimo as paisagens portuguesas, as paisagens rurais e os palácios e palacetes rurais, fazendo-nos apreciar uma beleza que não nos é estranha, a não ser que nunca tenhamos reparado nela.
Neste último caso, faz-nos ver uma beleza que conhecemos como realidade e que passamos a conhecer como esplendor do mundo.

Se as personagens nos parecem estranhas, quase todos da alta sociedade altamente minoritária, é talvez porque essa sociedade é a mais culta. 
Pelo que afirmam e discutem, somos levados a refletir sobre a humanidade. Não tanto portuguesa, como europeia e universal.
Pois a humanidade não é portuguesa nem europeia.
Mas sim universal.
A beleza existe em toda a parte, mas ao nível paisagístico existe uma beleza portuguesa. 
Como sentimos nostalgia ao ver uma paisagem italiana, imbuída das representações e sensações italianas, iremos ver sentir um dia  nostalgia da paisagem portuguesa, tornada saudosa e sensívelpor Manoel de Oliveira.








É Natal? Pode ser ou não ser. Depende.

Há no Facebook uma mensagem de Natal que afirma algo como: muitas pessoas têm um Natal triste porque estão sozinhas, etc... 

 Parece-me que temos a liberdade de festejar, ou não, o Natal, mas se o festejarmos, só pode ser como data alegre e solidária. Não entendo que se possa celebrar o Natal como dia triste ou deprimente, pois o seu sentido é exatamente de dia e noite felizes. 

Não é obrigatório comer nesse dia bacalhau ou peru, não é obrigatório festejar o Natal, não é obrigatório ser religioso e cristão. 

 Quem não é religioso ou sendo religioso, não é cristão nem deveria festejar o Natal. 

Se o faz, deve respeitar a mensagem salvífica e de esperança, não neste mundo, mas num mundo melhor. 

 O Natal é puramente espiritual, não tem nada a ver com a realidade presente. 

Ou então, não é Natal.

sábado, dezembro 12, 2015

"viver muito tempo é um dom de Deus. Mas tem o seu preço."

Diz o Manoel de Oliveira no seu filme "viagem ao princípio do mundo": " viver muito tempo é um dom de Deus. Mas tem o seu preço." 
Ele, que viveu Anto tempo, é que  sabe.
Creio que muitos de nós vamos aprender isto.

Para quando um Simplex nas fórmulas de tratamento?

- Nao trates a setôra por você.
- Então como é que a hei-de tratar? Por tu?
- Ó setôra, não devemos tratar as setores por você, pois não?
- Não, claro que não, o tratamento por você é muito familiar, é quase tu. Os brasileiros até dizem: " Pode me tratar por você".
- Ó setôra, então como hei-de dizer?
- Em vez de você, diga setôra.
- Setôra? Mas setôra é um erro. Essa palavra nem existe!

Língua portuguesa complicadinha hem? E é sempre muito difícil explicar isto do você. Nem eu concordo com esta complicação toda nas fórmulas de tratamento. 

Uma professora chamou malcriado a um aluno porque ele chamou Senhora Diretora à senhora diretora, pensou que estava a ser irónico, mas os miúdos pequenos não têm o sentido da ironia e ele foi, muito sério, perguntar à professora de Português se era falta de educação falar assim. Realmente, já tudo parece possível.  
Dizer-lhes que digam senhora doutora é agora impensável. Setôra quer dizer, para os alunos, senhora professora e não senhora doutora, tratamento que caiu em desuso para professores. Isso sim, pareceria irónico.
Chamar professora seria o acertado , mas não é assim que se fala, hoje em dia é não existem maneiras acertadas, só existem formas convencionais de proceder. 

Tarde ou cedo, terá de haver um Simplex de toda esta trapalhada.

Que até já está em curso.

quinta-feira, dezembro 10, 2015

Somos um estado laico, ou somos estado laico que se verga perante os preceitos da religião muçulmana?

IEsta questão tem sido levantada, mas em Portugal tudo é aprovado por consenso e a pressão social faz o resto: os muçulmanos, incluindo refugiados sírios, podem andar aqui de cara tapada? Digamos, as mulheres. Mas eu sei lá se uma criatura de cara tapada é homem ou mulher? Outra: é noticiado nos jornais que os refugiados, por serem muçulmanos, aqui em Portugal podem escolher, os homens um médico homem, as mulheres uma médica. Mas não  somos um estado laico? As portuguesas pobres põem escolher uma ginecologista mulher? 
Vamos deixar de ser estado laico paras respeitar a religião muçulmana nas escolhas laicas? 
Onde está a reflexão / discussão sobre todos estes temas?
Sou a favor do acolhimento o mais solidário possível dos refugiados.
Mas deve o estado laico respeitar os preceitos da religião muçulmana, se não respeita os da cristã.
Isto não é bondade nem maldade. É estupidez.

Exemplo: embora não me pareça mal, tem sido até agora um preceito importante da religião católica o não poder a mulher abortar, mas o estado permite o aborto e até o financia.

Sim, devemos acolher bem os refugiados, como estado laico. Mas são eles que devem adaptar-se a democracia, não somos nós que devemos adaptar-nos ao obscurantismo de certos costumes religiosos.

quarta-feira, dezembro 02, 2015

Exames? Sim ou não?

Os exames, os do quarto ano incluídos, são muito bons para as editoras venderem livros de preparação para os exames, para os centros de explicações venderem explicações para os exames e para os professores formatarem os alunos para os exames. Por exemplo, a português, a partir do décimo ano, ensina-se os alunos a escrever textos argumentativos com 250 palavras, com dois argumentos e um exemplo para cada um. Para quê? Para o exame. Os parágrafos devem começar com "de facto",ou " assim", "por outro lado" e o último por "em suma" ou "em conclusão". Sabiam que só assim é que um texto está correto? De acordo com os critérios de correção, forjados por meia dúzia de louvaminhas dos regimes. Não acham isto ridículo? Mas é a concorrência entre escolas a falar mais alto. Criatividade? Forget, temos mais que fazer. Dois argumentozinhos e dois exemplozinhos, como diria o Eça.