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domingo, junho 12, 2022

Camões, Santo António e tudo…

 



“Se não os podes vencer, junta-te a eles” diz o ditado. Estes nossos provérbios têm a ver com as nossas conquistas ultramarinas, colonização, emigração, que sei eu? Para além dos provérbios que são comuns a todos os europeus e dos aforismos, que são citações de autores famosos e que se confundem com estes. 
No meu caso ”vertente”, depois de passar três noites sem conseguir dormir em condições por causa do barulho das festas dos santos populares, como não gosto de dormir de dia, nem de pôr tampões nos ouvidos, hoje vou juntar-me a eles… Viva o Santo António! 
Uma das experiências espirituais mais bonitas que tive na vida passou-se, não na linda capela do Santo António de Lisboa, mas em Pádua, junto do túmulo de Santo António de Pádua, na catedral imensa como mesmo nome. 
Por cima do túmulo e embora eu não tenha conseguido vê-la, está, segundo dizem, a língua incorrupta de Santo António. De tanto pregar bem, a sua língua ficou assim… segundo dizem. As experiências espirituais não escolhem hora nem data, são momentos que podem acontecer na floresta da Amazónia ou em qualquer outro lugar.
Em Lisboa só temos um ossito do dedo, como relíquia de Santo António 🙂  ou talvez dois, a Câmara de Lisboa ainda não se lembrou de instituir esta capela como turismo religioso… 
Nada disto tem a ver com o facto de eu não ter dormido nada de jeito desde quinta à noite, mas não é todos os anos que o dia de Camões é à sexta e o dia de Santo António é à segunda!!!
Só falta o dia de Cristiano Ronaldo, talvez a 14 ou 15 de junho…

segunda-feira, maio 30, 2022

Dia da espiga, quinta-feira, 28 de maio








 Cá está a nova espiga no seu posto e a velha, que já tem dois anos ou mais, no ano passado esqueci-me... trabalhei de manhã à noite.

Eu já vivia m Lisboa há vários anos quando decidi fazer o Mestrado em Literatura e Cultura Portuguesas, Época Contemporânea e foi no grupo do Mestrado que descobri a Espiga, cultura popular portuguesa…

terça-feira, fevereiro 08, 2022

A matança do porco

O que vou contar aconteceu várias vezes, durante a minha infância e está gravado na minha memória em pensamentos, sons, cheiros e, finalmente, sabores.
Havia um dia em que eu acordava, de manhã bem cedo, com guinchos estridentes. Guinchos de cortar a respiração, de furar os tímpanos, guinchos de um ser que quer agarrar-se à vida, gritos cada vez mais ténues, cada vez menos estridentes, depois já só um sopro…
Prestando atenção, totalmente acordada apesar da madrugada, eu sentia uma enorme energia por todo o lado, uma grande azáfama nas duas casas (a nossa e a do meu avô, muito próximas), um sentido do dever, sim, mas também uma indisfarçável alegria, uma expectativa de prazer. De todos, mas sobretudo de quem, como eu, não iria fazer nada, iria apenas observar e usufruir.
Era a matança do porco, como vocês já devem ter entendido.
Quando o silêncio, enfim, se instalava, havia um cheiro adocicado de queimado, estavam a queimar com fogo a pelagem do bicho. E logo um cheiro a sangue e a carne crua. O dia era longo e terminava com uma grande jantarada das duas casas, mas ainda não era a refeição principal, que teria convidados. Neste dia ainda eram só as “papas de sarrabulho”, acompanhadas com o sangue solidificado e cozido, a que o meu avô acrescentava açúcar, o único que o fazia. As papas eram verdes, enverdecidas por algum legume, não me perguntem pormenores, só recordo as sensações. Creio que também havia rojões de redenho, uma coisa esquisita. E no dia seguinte, então sim, a rojoada, uma festa dos sentidos e da comunicação familiar, em que o matador, com as suas enormes facas, era o herói.
Até aquele primeiro momento, o porco tinha sido criado quase como animal de estimação, embora nos fossem contadas histórias exemplares de bebés que foram comidos pelos porcos, era preciso ter cuidado… era amigo, mas também inimigo, não como se fosse gente…
Era assim.
Era assim, quando o homem ia buscar o seu alimento à natureza, às coisas e aos bichos. Mas não passava pela cabeça de ninguém dar um nome ao porco.
E muito menos lhe dariam um nome de gente.

Graciete Nobre

quinta-feira, novembro 18, 2021

São Martinho (de Tours) castanhas e vinho, fraternidade (exceto com os porcos) e muita arte

 









São Martinho de Tours não ficou conhecido por ter realizado um milagre, simm por ter realizado um ato fraterno. Aliás. protagonizou m ato fraterno entre classes, o que ainda hoje parece ser um milagre.

Santo muito popular mas tambem inspirador de muitas obras artísticas, vemos aqui algumas pintura que lhe são dedicadas.

Num dia muito frio, São martinho viu um pobre quase nu. Apiedado, o santo rasgou com a espada metade do seu manto e ofereceu-lho. Tendo ficado ele próprio um pouco exposto ao frio, como recompensa, o tempo aqueceu. 

O tempo quente nesta época, que os metereologistas, muito prosaicamente, atribuem a correntes quentes e anticiclones, chama-se verão de São Martinho e é ele mesmo um milagre que muitos de nós apreciamos, aqui em Portugal. 

Um milagre que gostamops de acompanhar com castanhas assadas, muito vinho e jeropiga, ou água pé... a caridade não parece ser uma tradição destes dias prolongdos, pois são vários os dias de temperatura amena.

Seguem aqui vários proverbioos relativo a a estes dias, enfatizando o facto de ser nestes dias que se abrem as pipas de vinho e que se abatocam: as rolhas (batoques) ficaram desde outubro ou setembro apenas encistados apra deixarem entrar o ar. Agora abatocam-se. Enfatizando a tradição de matar o porco por esta altura (agora, com ads arcas frigoríficas, mata-se emq aulquer altura, mas antigamente esperava-se que o frio do inverno, junatente com o sal das salgadeiras conservasse a carne. Sem mencionara s castanhas novas, que ficam boas nesta época.

· A cada bacorinho vem o seu S. Martinho.

· Em dia de S. Martinho atesta e abatoca o teu vinho.

· Martinho bebe o vinho, deixa a água para o moinho.

· No dia de S. Martinho, fura o teu pipinho.

· No dia de S. Martinho, lume, castanhas e vinho.

· No dia de S. Martinho, mata o porquinho, abre o pipinho, põe-te mal com o teu vizinho. (sic.)

· No dia de S. Martinho, mata o teu porco, chega-te ao lume, assa castanhas e prova o teu vinho.

· Pelo S. Martinho abatoca o pipinho.

· Pelo S. Martinho mata o teu porquinho e semeia o teu cebolinho.

· Se queres pasmar o teu vizinho, lavra, sacha e esterca pelo S. Martinho.

· Veräo de S. Martinho säo três dias e mais um bocadinho.

Imagens

A primeira imagem: Pintura original de Giovanni Canova.

A segunda imagem: Escola de Domenico Ghirlandaio – Oratório de San Martino, Florença.

A terceira imagem : São Martinho e o Mendigo, de El Greco.

segunda-feira, novembro 15, 2021

Como é que imaginamos os nossos monstros?




Como é que imaginamos os monstros que povoam a nossa imaginação, ou pelo contrário, os seres benéficos? Estes últimos parecem ser mais difíceis de representar. 


Estas são algumas das fotos de Charles Fréger, um fotógrafo que viajou durante anos retratando estas máscaras, que recolheu no livro ′′ Wilder Mann ".

São tradições da Europa, todas elas, representando o homem selvagem.














sábado, agosto 12, 2017

Mistérios de Itália





Isto só em Itália, que é diferente de qualquer outro país. Esta grutazinha foi transformada em templo, com plantinhas muito bonitas, flores frescas nas jarras de plástico. A sem abrigo, ou assim me pareceu, que estava a lavar as jarras e a arranjá-las, senhora muito magrinha  só com um dente, que não fala italiano, apenas dialeto, mesmo assim fez-se entender para me aconselhar a colocar, no mínimo, 1 euro, escondido atrás do prato no altar do padre Pio. Voltei lá mais tarde, não vi indícios de dinheiro em lado nenhum, mas lá deixei o euro,  já que era o mínimo...
Em Itália veem- se muitas mulheres a pedir esmola, quase todas italianas.

quinta-feira, abril 30, 2015

Pragas Algarvias


Um dos aspetos da cultura popular do Algarve é sem dúvida os das pragas que se rogam para fazer mal aos outros. Teríveis, mas ingénuas, aqui vão algumas: 

"Ah, mald'çoade! Havia de te dar uma febre tã grande, tã grande, que te derretessem os botões da farda!"


"Ah, mald'çoade! Havias de ter uns cornos tã grandes, tã grandes, que um cuco na ponta dum e outre cuco na ponta do outre na se ouvissem!"


"Ah, mald'çoade! Havias de ter um bichoco tã grande, tã grande, que tu dormisses numa cama e o bichoco noutra!"


Tradução: bichoco = furúnculo
Tradução: mald'çoade= amaldiçoado

sábado, novembro 02, 2013

O Dia dos Cães - Na índia e no Nepal




(Foto da Net)


(Foto da Net)


(foto de amigo nepalês do Facebok)

No grande festival Hindu e Budista de Tihar, que agora decorre no Nepal, há um dia em que os cães são venerados: fazem-lhes uma pintura  vermelha na cabeça (Tika),  enfeitam-nos com grinaldas e é-lhes dada comida deliciosa. E até lhes dirigem orações.
Também fazem isto aos cães vadios. 
Pedem-lhes que guardem as casas,do mesmo modo como guardam a passagem para o mundo inferior "underworld" (não sei se é esta a tradução). 
De facto, em muitas civilizações os cães e / ou as galinhas desempenham a função de psicopompo, separando o mundo dos vivos do mundo dos mortos, ou estabelecendo a comunicação entre os dois, como nos Infernos gregos e romanos.

Noutros dias do mesmo festival, veneram o corvo e a vaca.

domingo, março 31, 2013

sexta-feira, janeiro 13, 2012

Medicina Rústica

Ando a ler, com grande prazer, um livro muito interessante. Medicina Rústica. O autor, brasileiro, Alceu Maynard Araújo publicou-o em 1961, tendo-se tornado uma obra de referência essencial da medicina popular brasileira.
Muito bem escrito, revela todo um universo folclórico interessante, variado e rico, embora se restrinja a uma pequena região, com um nome estrambólico, pelo menos para nós: Piaçabuçu. Esta terra, com cerca de 2000 habitantes, era sede do município, mas toda a região foi observada.
Não demonstra ainda muito respeito por estas tradições, antes simpatia e grande curiosidade, na intenção de contribuir para que a medicina "verdadeira" possa vir a utilizar alguma erva ou outro produto, por se comprovar que faz bem.
Indica que esta Medicina Rústica tem influências africanas e por isso também da medicina árabe, influências portuguesas e indígenas. Mas é sobretudo composta por rituais mágicos e por amuletos que se usam, ou como profilaxia, ou como cura. Não se chamam amuletos, mas sim bentinhos, mochilinhas, etc... por exemplo, saquinhos com orações impressas, dentes de jacarés, presas de aranha, etc... destacando-se objectos relacionados com o Padre Cícero (Meu Padrim Cirço), desde farrapos de batina até rosários ou água benzidos num local relacionado com ele.
Algumas das rezas e benzeduras só podem ser feitas por algumas pessoas, que só as podem ensinar aos discípulos em determinados dias do ano, como Sexta-Feira Santa, Natal e, curiosamente, 25 de Março. Esta data misteriosa talvez esteja relacionada com o padre Cirço.
Há também termos e expressões muito giros, como estes: "Outras vezes é a "benzinheira" a pessoa que tem força para mandar o quebranto para as "areias gordas do mar sagrado". O curador de cobras torna a pessoa imune ao veneno da cobra, ou cura-a de uma picada de serpente.

quinta-feira, janeiro 05, 2012

La Befana



Os italianos têm uma personagem parecida com o Pai Natal, mas com muito mais ligação ao Verdadeiro Natal... é La Befana.

Era uma velhinha muito velha, muito feia e muito rota, que andava a limpar e a varrer a casa. Os Reis Magos, passando pela sua terra e por ela, perguntaram-lhe o caminho apara Belém, mas ela não sabia. Então, contaram-lhe que iam ver o Menino Jesus e perguntaram-lhe se queria ir com eles.
La Befana disse que não, mas depois ficou a pensar, a pensar, decidiu ir e montou na vassoura, levando um saco de doces para o Menino Jesus.
Como não conseguiu encontrá-lo, resolveu dar um doce para cada criança, metendo-o dentro das meias (naquele tempo ainda não havia o conceito de bactérias dentro das meias e assim...)

E na noite de 5 para 6 de Janeiro, noite de Reis, lá anda ela...


(N.B.: Bruta, em italiano quer dizer feia)

sábado, outubro 01, 2011

Provérbios para a crise (continuação)

Guarda o que não presta, encontrarás o que precisas."

Como a minha mãe levava este provérbio um pouco à letra (Cuidado! Não levar à letra os provérbios), o meu pai inventou um novo:

"Guarda o que não presta, encontrarás o que não presta."

Este último parece mais verdadeiro, claro, mas também é verdade que hoje, que não no passado, se deitam fora coisas ótimas e se compram muitas outras em vez dessas. Uma senhora que trabalha em bibliotecas aconselhou-me a guardar as caixas dos sapatos para lhes retirar as tampas, para as meter entre os livros... numa biblioteca onde trabalho. "Graciosamente"...
- Ainda há caixas de sapatos? - Perguntei, espantada.
E não há dúvida que compramos caixas de papelão para substituir as embalagens que deitamos fora, etc... enfim. As que compramos são todas iguais, encaixam bem umas nas outras, mas, além de nos custarem dinheiro, custam energia. No mínimo.


Olá nova freguesa do blogue, uma brasileira chamada Cindinha. Suponho que veio cá para À procura de contos populares, não? Então, de posts sobre Fernando Pessoa?


Antigamente era tudo reciclado e reciclável. Agora vai tudo para o lixo.



terça-feira, setembro 27, 2011

Provérbios para a crise

Antigamente só havia crise. Muitos dos provérbios ensinam exatamente como lidar com a crise.


"Fui pedir ao meu vizinho e envergonhei-me. Fui para casa e rumediei-me [remediei-me]."


"Quem o alheio veste, na praça o despe."


(Quem se lembrar de mais, que os ponha aqui, como comment.)

"Guarda o que não presta, encontrarás o que precisas" - contra o desperdício.

"O trabalho do  menino é pouco, mas quem não o aproveita é louco"  - (Trabalho infantil?)

Sugerindo, talvez, a emigração:

"Há mar e mar, há ir e voltar"

E o indispensável saber:

"À terra onde fores ter, faz como vires fazer"

Que transmite a mesma ideia do aforismo:

"Em Roma, sê romano"


sábado, agosto 20, 2011

Provérbios descabidos

Há muitos provérbios, bem como expressões populares, que são descabidos, embora nós os usemos frequentemente, o que é curioso. É  curioso, pois muitos outros, mais sensatos, caíram em desuso há muito tempo, por se referirem a realidades que já nos são estranhas.
Os que refiro são corruptelas de outras frases, ou seja, alterações erróneas.


"Quem não tem cão caça com gato" - imaginem o que seria um caçador ir com o gato para o meio dos montes. A certa altura o gato deixava até de o conhecer e perdia-se, pois os gatos, quando estão a acerta distÂncia do dono, perdem o contacto e deixam de o conhecer. Então seria "Quem não tem cão caça como gato", ou seja, sozinho. Convenhamos que a primeira versão é muito mais gira. É absurda.


Aqueles dois gémeos são iguais, são a cara um do outro "cuspida e escarrada". Isto faz algum sentido, "cuspido e escarrado"? Nenhum. Há quem considere que é a corruptela de frase muito erudita: esculpido em Carrara. Mas existem opiniões diversas.
Esta parece natural, mas deriva de outra mais antiga: "Quem tem boca vai a Roma" era  "Quem tem boca vaia Roma", ou seja, critica a política de Roma. Neste caso passou a querer dizer outra coisa, pelo  menos na Europa, embora se utilize também no Brasil: podemos ir a Roma perguntando o caminho.

"Não páras quieto,  parece que tens bichos carpinteiros" - o que são bichos carpinteiros? Talvez seja melhor: "parece que tens bichos no corpo inteiro"

"Cor de burro quando foge" deveria ser, ou era, na sua origem "Corro de burro quando foge" .

Enfim, outros haverá, quem quiser pode acrescentar alguns como comentário.


terça-feira, janeiro 25, 2011

Cavacas




Estas Cavacas de Resende foram encontradas num site brasileiro de culinária. Não há dúvida. Procurei várias vezes esta receita de doces tradicionais do Norte de Portugal e encontrei sempre a receita em sites do Brasil...
As verdadeiras cavacas são duríssimas, quase partem os dentes.


Ingredientes
2 xícaras de farinha de trigo
1 ovo
colher de sopa de óleo
1 colher de chá de fermento
Sal
Leite

Preparo:
Prepare a massa, abra com o rolo, corte em tiras e frite em gordura quente. Depois de fritas, passe na canela com açúcar.


Do BLOGUE CLICAR POR CIMA

P.S.: Este post tem tido muitíssimos visistantes, que parecem usá-lo como livro de culinária, pois ficam muito tempo aqui, apesar de eu citar a fontezinha...


Ver também a festa das cavacas

AQUI

quarta-feira, dezembro 22, 2010

A velha e a couve

Já me esquecia deste conto popular, pois os religiosos são sempre um pouco esquisitos. Vem a propósito do espírito Natalício.

Era uma vez uma velha muito avarenta, na minha terra diz-se "muito pirata" ou "muito somítica" e que não dava nada a ninguém, não dava uma esmola a um pobre, não fazia bem a pessoa nenhuma.
Um dia em que estava a lavar hortaliças no rio, fugiu-lhe uma couve e ela disse:
- Coibe, bai-te com Deus e que aproveites a quem te encontrar.
Pouco depois, morreu. Ao chegar ao outro mundo, foi para o Purgatório, mas São Pedro disse-lhe:
- Só uma vez na tua vida é que tu fizeste bem, que foi aquela história da couve. Mas eu vou-te dar uma oportunidade. Agarra-te à tua coibe e sobes dependurada nela para o Paraíso.
A velha assim fez, mas as outras almas que estavam no Purgatório, quando a viram a subir para o céu dependurada na couve, também se dependuraram nas pernas dela. Então, a velha começou a dar pontapés às outras almas, batendo-lhes com os pés na cabeça, fazendo-as cair.
- A coibe é minha!  À minha custa e à custa da minha coibe é que bós não habeis de subir para o Paraíso.
E com esta última maldade, acabou por ficar onde estava.
OH!
Moral da história: se dermos uma couve, nunca devemos depois dizer assim:
- A coibe é minha!


(Contos narrados pelo meu avô Manuel Daniel de Sousa, transcritos após a sua morte, com contribuições de várias pessoas da família. O avô contava estas historias milhares de vezes, enquanto os primos piscavam os olhos entre si, sentados em escabelos, na espreguiçadeira, ou deitados na carqueija, antes de ser queimada na lareira.
Estes contos eram inéditos, antes de terem sido partilhado neste blogue, sendo muito procurados por pessoas do Brasil.
São contos do Douro Litoral, também chamado de Entre Douro e Minho, Portugal)

sexta-feira, abril 09, 2010

Alminhas





Em Dezembro apresentei neste blogue uma cruz dos caminhos, como se pode ver
Nessa altura, a Gi fez um comentário sobre as Alminhas, nichos sagrados muito frequentes em certas zonas de Portugal, Itália, Espanha, pelo menos que eu saiba, mas desconhecidos noutros lugares desses países e noutras terras.
Em resposta a esse comentário, prometi colocar aqui fotos de Alminhas e aí estão elas.
Remeto para o comentário da Gi, no seu blogue

Estas Alminhas situam-se em Castelo de Paiva, no Douro Litoral, o primeiro conjunto de duas situa-se num pequeníssimo lugar chamado Alminhas, o outro fica muito próximo.
Representam as almas do Purgatório, auxiliadas por Nossa Senhora e pelos suplicantes que são passantes dos caminhos; tudo isto apresentado em azulejos policromados. Ainda ninguém se lembrou de roubar isto...
Já neste blogue coloquei umas alminhas que ficam próximas destas, mas demoro a encontrar o post, por não o ter indexado.
Recentemente constatei que na cidade do Porto também existem estes nichos. Vi hoje um, perto de Campanhã.
Tenho imagens semelhantes, embora de índole diferente, fotos tiradas em Itália e Espanha. Um dia destes...

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Provérbios sobre o tempo: Janeiro Fora

Já aqui disse isto há uns anos, mas não resisto a repetir, por ser uma mensagem positiva e optimista.
Diz a sabedoria popular, num provérbio, que
"Janeiro fora, mais um ano".
Quer isto dizer que as pessoas doentes ou idosas que conseguiram viver até hoje, têm garantido, pelo menos, mais um ano, até ao próximo Inverno. Que o pior do Inverno já passou.
Que bom! Daí a pouco estamos no Verão.

quarta-feira, janeiro 27, 2010

Contos de Santo António

Tenho publicados neste blogue muitos contos populares, alguns dos quais eram inteiramente desconhecidos. Têm muita procura, em grande parte proveniente de brasileiros. Quase todos s são do Douro Litoral e era o meu avô que os contava à lareira, tantas vezes os mesmos que ficaram bem na memória. Era também para isso que eles serviam.
Há vários sobre Santo António.
Numa aldeia de Castelo de Paiva, há um solar que dizem ter sido dos avós deste santo, mas parece que há muitas outras terras que dizem o mesmo, orgulhando-se de ser o berço dos pais e avós de um dos santos mais apreciados no mundo inteiro... sobretudo em Itália.

Estou a lembrar-me bem de um deles. É assim:

Um dia, os pais e os avós de Santo António resolveram ir todos juntos a uma romaria (dizem onde é a romaria). E então mandaram o Santo António, que era criança, ficar em casa a guardar os campos e a enxotar os pássaros para que não comessem as sementes.
Santo António aborreceu-se de estar sozinho e fez o seguinte: pegou numa rede de pesca, (a terra fica perto do rio Douro e do rio Paiva) e disse aos pássaros que fossem para debaixo da rede, como se fosse uma gaiola.
As aves assim fizeram, e o menino foi ter com os pais e os avós à festa. Estes ficaram muito zangados por o santinho ter abandonado os campos e ralharam muito com ele, mas quando chegaram, deram com os pássaros todos presos dentro da rede de pesca.

Este foi-me contado por várias pessoas, sempre com muitos pormenores realistas, como se se tivesse tudo passado ali.
Um aspecto que acho muito interessante nestes contos populares é a mentalidade que lhes está subjacente, neste caso em relação ao modo como se tratavam as crianças e ao trabalho infantil. Também parecia muito convincente neste aspecto, há muitos anos atrás.
O que está bem patente neste ditado popular: "o trabalho do menino é pouco, mas quem não o aproveita é louco". Neste caso, era só enxotar os pássaros...

(Contos narrados pelo meu avô Manuel Daniel de Sousa, transcritos após a sua morte, com contribuições de várias pessoas da família. O avô contava estas historias milhares de vezes, enquanto os primos piscavam os olhos entre si, sentados em escabelos, na espreguiçadeira, ou deitados na carqueija, antes de ser queimada na lareira.
Estes contos eram inéditos, antes de terem sido partilhado neste blogue, sendo muito procurados por pessoas do Brasil.
São contos do Douro Litoral, também chamado de Entre Douro e Minho, Portugal)