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segunda-feira, janeiro 14, 2019

As virgulazinhas



Este site, Scriptorium, tem muita informação boa sobre como escrever.


sábado, dezembro 08, 2018

Aqui tem!

De repente, às vezes aparecem expressões novas e mesmo até mudanças nas fórmulas de tratamento, introduzidas pela via comercial. São normalmente péssimas aquisições para a língua portuguesa.
Pela primeira vez gosto de uma, recentemente aparecida, mas já totalmente generalizada. Dizem assim, quando nos entregam algo que compramos:
- Aqui tem.
Adoro!!! A sério. Há um ano ninguém diria tal coisa, agora todos dizem. 

quinta-feira, junho 29, 2017

Estranhas e novas liberdades de expressão

Vejamos: segundo informações da net, parece que um ser humano saudável lança gazes cerca de 20 vezes por dia, alguns sites até dizem 27.
Imaginemos então uma reunião com 10 pessoas, daquelas que duram muitas horas: fazendo as contas, como diz o Guterres, são logo 270 peidos reprimidos durante muitas horas. E curiosamente, nem sequer se fala de tal coisa. (Peço desculpa por ter utilizado aquela expressão, mas está na moda e é chique dizê-la, pois foi utilizada por um rapaz chique e de boas famílias).
Então, e se forem 100 pessoas, por exemplo, num congresso? São logo 2700 peidos (desculpem) reprimidos em simultâneo, sem que ninguém o mencione. É fazer-lhe as contas...
E se, de repente, começasse toda a gente a trocar impressões sobre o assunto? A fase seguinte, qual seria, numa reunião de 100 pessoas? Talvez escolher a liberdade de expressão, não das palavras, mas das sonoridades corpóreas, também chamadas ventosidades?  
Dizem aqueles que já foram à China que lá na China não existe toda esta repressão, sendo que as ventosidades se exprimem livremente, para grande incómodo dos narizes dos turistas ocidentais e acidentais.
Pronto. Também escrevi sobre isto. E até usei a palavra da moda.


Acho que é a primeira vez, neste extenso blogue, que é usada uma palavra deste género.

P.S.: O meu amigo Zé Daniel, após ter lido esta minha erudita dissertação, alertou-me para os perigos de tal liberdade de expressão em locais muito concorridos e públicos, ao transmitir-me uma notícia de jornal sobre facto ocorrido na Alemanha. Segundo o periódicos, um celeiro alemão explodiu devido à excessiva flatulência das vacas, tendo algumas delas ficado feridas. 

sábado, junho 17, 2017

Falar outras línguas sem um erro e com a pronúncia da capital? Provincianismo!

Este artigo faz-me lembrar o tempo em que, em sítios como a Gulbenkian, após uma palestra em francês, as pessoas receavam dar algum erro e, por isso, só se exprimiam brutamontes que não tinham percebido coisa alguma, causando imenso embaraço aos conferencistas. Era um vergonha, nesse tempo, dar o mais pequeno erro em francês ou inglês. Era uma sociedade muito provinciana, aqui em Lisboa, há 20 ou 30 anos.
Sim, como dizia Eça, como Fradique Mendes: “Um homem só deve falar, com impecável segurança e pureza, a língua da sua terra: – todas as outras as deve falar mal, orgulhosamente mal, com aquele acento chato e falso que denuncia logo o estrangeiro. (…) Falemos nobremente mal, patrioticamente mal, as línguas dos outros! “

quarta-feira, fevereiro 08, 2017

China, Grande China, pobre China



Uma minha aluna de Português Língua Não Materna (PLNM), uma de duas irmãs chinesas, inteligentíssimas, barras a Matemática, pergunta-me por que razão não houve aulas na sexta feira.

Não sabe o que é uma greve? Sabe. Mas na China não há greves e as duas irmãs mais os pais e mais os outros parentes a residir em Portugal não percebem isto.

Explico tudo direitinho, sem esquecer Ai WeiWei e Liu Xiaobo, respetivamente um grande artista plástico e um Prémio Nobel da paz chineses e atualmente presos na China.
No fim da aula, agradece.
Também agradece o rádio que lhes ofereci (um velho que tinha), já que não têm nem televisão nem tinham rádio e agora já podem ouvir música.

Fiquei com receio: quando forem à China já têm de disfarçar. Todos eles.

Quando as mando fazer redações sobre vida quotidiana, percebo que o meu rádio mudou o quotidiano da família. Não para o que eu pretendia, ouvirem falar e cantar em português, mas para o que lhes apetece: ouvir música, talvez num canal chinês.

LOL

quarta-feira, dezembro 02, 2015

Exames? Sim ou não?

Os exames, os do quarto ano incluídos, são muito bons para as editoras venderem livros de preparação para os exames, para os centros de explicações venderem explicações para os exames e para os professores formatarem os alunos para os exames. Por exemplo, a português, a partir do décimo ano, ensina-se os alunos a escrever textos argumentativos com 250 palavras, com dois argumentos e um exemplo para cada um. Para quê? Para o exame. Os parágrafos devem começar com "de facto",ou " assim", "por outro lado" e o último por "em suma" ou "em conclusão". Sabiam que só assim é que um texto está correto? De acordo com os critérios de correção, forjados por meia dúzia de louvaminhas dos regimes. Não acham isto ridículo? Mas é a concorrência entre escolas a falar mais alto. Criatividade? Forget, temos mais que fazer. Dois argumentozinhos e dois exemplozinhos, como diria o Eça.

sábado, junho 20, 2015

Exame de Português 12º ano, 2015




Mais uma vez o disparate, a falta de rigor, a falta de bom senso.
E a falta do mais elementar sentido crítico de quem o deveria ter, agora já não de uma, mas de duas associações de professores de português.

A prova tem uma unidade temática, começa e continua com textos relativos à música e termina com uma composição sobre as sensações, desde auditivas (musicais) às visuais e olfativas. 

Isto é o que alguns professores, cristalizados num qualquer sistema otorrômbico, consideram como "muito giro".

O muito giro pode dizer várias coisas, mas quase sempre quer dizer falta de rigor e de sentido crítico, às vezes mesmo falta de qualquer sentido lógico...

A prova apresenta um poema de Sophia de Mello Breyner, já que corresponde a um qualquer aniversário da sua morte e isto é sempre assim previsível.

O poema (que abaixo se transcreve) intitula-se "Bach Segovia Guitarra", um título tão enigmático como outros da autora, para quem não conhecer o compositor Segóvia, que fez adaptações para guitarra de músicas clássicas, incluindo algumas de Bach. Ou seja, é um título enigmático para todos os alunos e para quase todos os professores. Esperamos que haja uma nota explicativa? Não há. Para quê a nota explicativa? De qualquer modo, pouca gente iria entender a relação do poema com o título.

A relação do poema com o título é a  seguinte: Sophia considera que a adaptação da música de Bach, muito abstrata e espiritual, a voz de Deus, ou dos deuses, se transforma em algo de mais humano, na sonoridade muito simples e básica de um instrumento tão popular como a guitarra. 
Ouvir esta música fá-la sentir (faz-nos sentir?) uma unidade, procurada porque às vezes perdida, entre o lado intelectual / espiritual e o aspeto carnal, sensitivo, mais físico, mais comum.

A prova de português, nos últimos anos, tem duas perguntas de interpretação incompreensíveis e irrespondíveis, que no caso são as duas perguntas sobre este poema. Uma delas fala da humanização da música. Mas qual música? E porquê humanização? A outra faz uma pergunta cuja resposta é a procura da unidade, temática comum no universo de Sophia, mas que não foi estudada.

Aqui vai o poema e também uma música de Bach adaptada e executada por Segovia.


"BACH SEGÓVIA GUITARRA"

"A música do ser
Povoa este deserto
Com sua guitarra
Ou com harpas de areia

Palavras silabadas
Vêm uma a uma
Na voz da guitarra

A música do ser
Interior ao silêncio
Cria seu próprio tempo
Que me dá morada

Palavras silabadas
Unidas uma a uma
Às paredes da casa

Por companheira tenho
A voz da guitarra

E no silêncio ouvinte
O canto me reúne
De muito longe venho
Pelo canto chamada

E agora de mim
Não me separa nada
Quando oiço cantar
A música do ser
Nostalgia ordenada
Num silêncio de areia
Que não foi pisada"















quarta-feira, maio 13, 2015

Acordo Ortográfico entra hoje em vigor. 13 de maio?


Uma professora de português, amiga da Nadinha, faz as afirmações que se seguem.

Sempre fui a favor do acordo ortográfico (NAO), mas é claro que sou contra a sua obrigatoriedade nos próximos exames nacionais. Motivo: sou corretora desses exames e, como todo os professores, tenho muito mais dificuldade do que os alunos em aplicá-lo. Não esquecer que o NAO simplifica a ortografia.


VER AQUI OU LER NA REVISTA VISÃO







Também fica aqui um esclarecimento. Por estranhas razões, tem sido dito que o brasileiros são contra o acordo e não o ratificaram. O que aconteceu, foi o seguinte:

- Houve, em Portugal e no Brasil, um período de adaptação ao NAO, que termina hoje em Portugal e a 1 de janeiro de 2016 no Brasil.
- O Brasil já usa o Acordo desde 2009, pelo que a sua utilização não é propriamente polémica.

O acordo Ortográfico vem na sequência da Reforma Ortográfica que Portugal fez em 1911. Nessa altura não houve qualquer acordo com o Brasil. Foi uma atitude Republicana, destinada a diminuir o analfabetismo em Portugal, simplificando a ortografia. 

Dizem que a França e a Inglaterra nunca fizeram um acordo ortográfico, logo, também não o deveríamos fazer.
E se, por uma vez, tivéssemos orgulho nacional e não nos colocássemos atrás desses países, mas sim à frente?

Das principais línguas europeias faladas no mundo, a língua portuguesa é a única em franca expansão, tendo cada vez mais falantes como língua oficial e como língua estrangeira.
A língua francesa está em declínio como língua internacional e só lhe faria bem uma reforma ortográfica como a que fizemos em 1911.

(E, já agora, porque não há-de a língua francesa acompanhar a mentalidade moderna e instituir o feminino de profissões tão simples como médico / médica e outras do género? O mesmo se diga para a língua inglesa, neste momento intocável. Mas os tempos mudam.)


domingo, dezembro 21, 2014

Língua Portuguesa






Muitos temem que a língua portuguesa deixe de existir por causa do acordo ortográfico.
Pena que a nossa língua seja tão resistente, ao ponto de aguentar o contacto com outras muitas línguas e civilizações, de aguentar o analfabetismo dessas civilizações incluindo a nossa, de aguentar a palermice ou talvez o oportunismo dos que assim a julgar à beira do abismo, só por causa do acordo ortográfico. E isto durante, pelo menos, 800 anos!

Ficam aqui algumas fotos com palavras muito engraçadas criadas como corruptelas dos nossos imigrantes chineses. Palavras muito engraçadas, que só vêm enriquecê-la, sem o menor receio de a destruírem.

Queridos, vocês não podem acreditar numa língua, originária de perto de um milhão de pessoas, que é hoje falada por 200 milhões, enriquecida por todos os contributos desses falantes de além e de aquém mar? 


Legendas das fotos: 



Ceborinha - toda a gente entende que é cebolinho, o único problema é o que está por cima não corresponder.

Rrabenete, ou mesmo RRabeneta - claro, rabanete. Pergunta: porquê os dois rrs?

Cebola beiqueno - cebola pequena. 


A resposta a esta pergunta deve ser gira.

sábado, junho 28, 2014

Afinal foi um rei "moribundo" que pariu a Língua Portuguesa




Alguns senhores importantes, com o acordo das autoridades portuguesas, decidiram recentemente mandar muitas criancinhas soltar muitos balõezinhos junto ao Padrão dos Descobrimentos, para comemorar um facto importante e que ninguém sabia: 

Segundo eles, a  Língua Portuguesa nasceu no dia em que o rei D. Afonso II assinou o seu testamento, a 27 de junho de 1214. Verifica-se, ao ler esse testamento, algo que arrepia qualquer republicano convicto: dizia que o país era todo dele.

Queriam fazer esta comemoração no Brasil, na Copa do Mundo, mas os brasileiros não estiveram para aí virados. Que lhes interessa um rei Português que deixa Portugal aos filhos? Ou às filhas, caso não tenha filhos machos.

As dúvidas, é claro, são muitas:

Então a  Língua Portuguesa não existia antes de o testamento ter sido escrito? Então como conseguiu escrevê-lo numa língua que ainda não tinha nascido? 
Julgaríamos nós, ignorantes, que foi o povão, ao alterar o latim enquanto falava, dando pontapés na gramática a torto e a direito, com influências de outros falares, que foi aos poucos parindo esta nossa bela língua, segundo os processos normais da evolução fonética, semântica, etc... mas não.

Outra dúvida: até há pouco tempo, considerava-se que o primeiro documento conhecido escrito em língua portuguesa era a "Notícia do Torto" (de 1212). Numa visão mais romântica e mais consentânea com outros símbolos e mitos nacionais, houve mesmo quem dissesse que o primeiro texto foi um poema. Talvez de amor. 


Enfim, o povo português ignorou regiamente a data e a efeméride e continua a dar pontapés na gramática, com risco de inventar ainda uma nova língua.

Senhores importantes: já que a realidade pouco importa para esta coisa de mitos e de símbolos, como se comprova ao terem escolhido o terceiro texto mais antigo, em vez do mais antigo que se conhece (o que dava muito jeito por coincidir com o Mundial de Futebol), escolham antes um poema e digam que foi um poeta que pariu a língua portuguesa, tal como aconteceu com a Italiana, a mais bela do mundo. 
Dadas as atuais preferências musicais portuguesas e brasileiras, talvez um poema erótico-satírico seja o mais indicado. Parecido com as cantigas do Quim Barreiros. 

Há muitos desses e até piores, na Idade Média.

P.S.: A língua portuguesa está maravilhosa, não precisa para nada do Mundial de Futebol e recomenda-se - ao contrário das sua congéneres europeias, encontra-se em expansão, ao fim de 800 ou 900 anos: nas ex-colónias portuguesas, as pessoas deixam de falar os pequenos dialetos locais, trocando-os pelo português, língua de comunicação universal e língua de cultura.

Quem precisava muito de uma promoçãozinha mundial eram os senhores muito importantes, porque, assim, ainda ficavam mais importantes.


sexta-feira, dezembro 20, 2013

Acordo / Desacordo Ortográfico : Mentiras, aldrabices e outras maluquices


Esteve agendada para hoje, 20 de dezembro de 2013, uma discussão na Assembleia da República Portuguesa sobre o acordo ortográfico, resultante de uma petição, no sentido de o anular. Foi adiada.

Os que propalam estas opiniões contra o acordo (AO) são useiros e vezeiros em transmitir informações falsas e absurdas.

A aldrabice mais comum, pois não tem outro nome, é afirmar que o AO ainda não está em vigor no Brasil e que os brasileiros não o querem. Está em vigor desde 2009, no Brasil e o que está agora em causa, vários anos depois, é o fim do prazo de transição (período durante o qual podem ser usadas a sduas ortografias sem que nenhuma seja considerada errada) e talvez um balanço sobre o que pode ser ainda mais simplificado.
De facto, estiveram cá dois linguistas brasileiros (foram recebidos também pelos deputados), um dos quais, Ernani Pimentel, propõe que se escreva xuva e ábito. Tem pouca ou nenhuma aceitação no Brasil.

Para esclarecer esse e outros pontos, fica aqui a declaração do diretor executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa aos deputados portugueses, publicada no site de referência

Ciberdúvidas da Língua Portuguesa





quarta-feira, novembro 13, 2013

BOAS NOTÍCIAS

Português é a língua da moda e do emprego na China



"Português já é a segunda nota mais alta de entrada em algumas universidades chinesas. Dentro de cinco anos, depois dos países Lusófonos, será a China quem mais fala português."


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/portugues-e-a-lingua-da-moda-e-do-emprego-na-china=f838497#ixzz2kY0HkBhJ


(KALAFONA: ESPERO QUE NÃO ESTEJA DOENTE. VOCÊ DESCOBRE NESTE BLOGUE O SPSOTS DEQ UE ME TINHA ESQUECIDO, COMO O DA LUA CHEIA... VOU APROVEITAR AQUELAS FOTOS.)


quarta-feira, julho 31, 2013

Porque é que Camões não usava as consoantes mudas que caíram com o AO?

Realmente, a oposição ao acordo ortográfico parece ser mais psicológica do que lógica.

Pessoas inteligentes e cultas não têm medo nem vergonha de dizerem e escreverem as maiores bacoradas, como se estivessem apenas a contar anedotas.

Este post do blogue Em Português Grande demonstra isso claramente.

Mostra, também, que Camões não usava as consoantes mudas que caíram com o AO, nem mesmo (por sistema) muitas que caíram em 1911, com uma polémica maior do que a atual.

É o caso de "«ninfas», «profeta», «cristalino», «fantasia», «Olimpo», etc., palavras que na posterior fase cultista passaram a escrever-se «nymphas», «propheta», «crystallino», «phantasia», «Olympo» “ .

Porquê? Porque foram introduzidas posteriormente, como preciosismos barrocos.



domingo, junho 23, 2013

Exame de 12º de português e inspiração pimba.

O examinador, desta vez, escolheu um poema muito pouco conhecido de Pessoa / Reis, sobre os modos como, na velhice, podemos evocar as reminiscências da infância. Entre vários, propõe que se reiventem as recordações, de modo a  que as verdadeiras memórias não tragam demasiado desassossego à velhice.

Tudo muito adequado para jovens que acabaram de completar 17 ou 18 anos. Que "perceberam tudo", claro. E até acharam muito fácil.

Mas o problema não se fica por aí. Nos cenários de resposta e critérios de correção, o examinador propõe uma leitura arrevesada e mesmo descabida do poema, sobretudo no respeitante à pergunta / resposta 4. 
Assim, o aluno deverá mencionar a "noite da vida", expressão que não aparece em lado nenhum, mas que o examinador inventou e considera simbólica da velhice.

O último verso do poema é "há só noite lá fora" - Se deduzimos e bem, que Reis e Lídia estão à lareira na fase da velhice, então como entender que a velhice "noite" esteja lá fora? Está neles e não lá fora, portanto, noite não pode aqui ser entendida como metáfora ou símbolo da velhice, ou seja, este critério está errado.

Era ótimo, se fosse a letra para uma música pimba! Intitulada "A noite da vida".

terça-feira, junho 11, 2013

Ainda o apcordo ortopgraphico

Tenho lido textos de detratores do acordo ortográfico, na intenção de tentar compreender os seus argumentos, racionalizando a questão, que, afinal, não tem nada de racional.

Constato que os argumentos são quase sempre feitos ad absurdum (falácias) e de tal modo que são, eles próprios,  absurdos. Chego a lamentar que pessoas com boas ideias noutros domínios apresentem atitudes baseadas somente na emoção: não lhes apetece mudar neste aspeto, como não gostariam de ser obrigados a mudar em nada. E PRONTUS!!!

Neste blogue, o argumento contra apresentado em comentários, tem sido só o de me chamarem ignorante por ser a favor do acordo. Trata-se do argumento ad hominem, mais um argumento errado, por ser uma falácia.

E em geral, os argumentadores esquecem... apenas tudo.

Esquecem este "pormenor",por exemplo. Em 1911 tivemos uma reforma ortográfica que não foi um acordo. Com motivos republicanos, ou, digamos, democráticos, os nossos antepassados tentaram tornar a língua portuguesa uma entidade menos esotérica para os milhões que não sabiam escrever, mas gostariam de aprender, e para os que escreviam mal (talvez todos), por não serem capazes de distinguir o i do y - você distingue? Ou o f do ph - você distingue?

Prompto! Que é o antepassado do pronto, ou talvez do prontos! Direi mesmo: PROMPTUS!

A ortografia do português aproximou-se da escrita fonética: dentro do possível, escrevemos como dizemos. Esta maneira de escrever nada teve a ver com o Brasil, mas foi adotada pelo Brasil, claro.

A polémica que se gerou nessa época deixa na sombra a pobre e descabida polémica que foi erigida em monumento nacional em relação a este acordo. Ambas as polémicas se distinguem pelo risível. Ou pelo ridículo.

Assim, o principal argumento dos portugueses é que este acordo se trata de uma cedência dos portugueses para com os brasileiros, sendo que a principal queixa dos brasileiros é que se trata de uma cedência dos brasileiros para com os portugueses. Estes últimos têm mais razão, sem terem razão, dado que os brasileiros não foram perdidos nem achados na reforma de 1911.

Irmão, sabeis vós o que é um acordo?

Para não me voltarem a acusar-me de ignorante, aqueles que não sabem de nada disto, vou linkar aqui uma autoridade na matéria... ou o filho de uma autoridade na matéria, em várias matérias!

Pois seja, esta coisa das autoridades, em Portugal, é algo que passa de pais para filhos.

É hereditário, genético e altamente contagioso.

Apenas acrescento que andamos  a tentar chegar a  um acordo com o Brasil, pelo menos desde 1945, mas nenhum dos países tem cumprido grande coisa.
Também acrescento que quase todos os exemplos que tenho visto contra o acordo, vêm do facto de os seus autores desconhecerem totalmente o referido acordo.

VER AQUI NO JORNAL SOL, a autoridade na matéria (pai e filho):


Não concordo inteiramente com este texto, mas só peço às partes "interessadas" que não invoquem Camões.

Ontem, dia de Camões, constatou-se mais uma vez que o nosso pobre épico viveu e morreu na miséria. Parece que até andou o seu escravo Jau a pedir esmola para os dois. 

Não invoquem o nome de Camões em vão! Please! OK?

Vem isto a propósito de

Portugal/Brasil: Dilma e Passos reafirmam Acordo Ortográfico em 2015


E  a propósito de o Jornal Público, que não adotou o acordo, se recusar a dar esta notícia. Liberdade de informação? Liberdade de quê???




segunda-feira, maio 27, 2013

Outra vez o acordo - Que disparate!

Juiz proíbe o acordo ortográfico no tribunal, com argumentos que revelam um completo desconhecimento deste mesmo acordo.

Assim, afirma que "[...]nos tribunais, pelo menos neste, os factos não são fatos, as actas não são uma forma do verbo atar, os cágados continuam a ser animais e não algo malcheiroso e a Língua Portuguesa permanece inalterada até ordem em contrário".

Pretende, assim, criticar o facto de a palavra "cágado" ter perdido o acento, o que não é verdade e de "facto" ter perdido o c, o que também não é verdade. Em Portugal continua a escrever-se a consoante que se pronuncia, como é o caso desta.


A notícia do Expresso não refere nenhum desses argumentos.

segunda-feira, abril 01, 2013

Vermelho, encarnado, na França, em Espanha

Tenho visto na net estas dúvidas, que penso poder esclarecer, ou pelo menos, contribuir para o seu esclarecimento.

Vermelho ou encarnado? - a questão aqui é de conotação: vermelho evoca o comunismo. Encarnado evita essa conotação. Mas a carne nem sempre é vermelha,  há-a cor-de-rosa, branca...

Em França, em Espanha, ou na França, na Espanha? - A regra seria na, sendo o país de género feminino, mas existe a diferença que, geográfica e culturamente, são os países mais próximos de Portugal. Daí existir a variante em França, em Espanha. E Marrocos, geograficamente, razão pela qual não se diz aqui, no Marrocos.

Na verdade, a principal razão destas variantes diz respeito ao nível social do falante. Designa-se este fenómeno por variante diastrática.

Assim, sendo a alta burguesia portuguesa de Portugal inteiramente avessa às ideias comunistas ou mesmo socialistas, só diz encarnado. 

Os alunos daquela professora que é amiga da Nadinha respeitam muito a setôra, exceto quando ela diz "vermelho". Aí, como são, ou julgam ser, originários de classes elevadas, caem-lhe todos em cima: 
- "A palavra vermelho não existe. É encarnado que se diz!"
A própria Nadinha ouviu um pai ensinar ao filho:
- Vermelhos são os comunistas. Vermelho é um apalavra que não existe. É encarnado que se diz.
(Pois, algumas pessoas pensam e afirmam que certas palavras não existem, como por exemplo, os palavrões)

Quanto à diferença: em França ou na França: Como já foi dito, tem a ver com proximidade geográfica e cultural com Portugal, mas essa diferença é tanto menor quanto maior é o nível socio-económico-cultural: sendo assim, utiliza-se em, em vez de na. Até mesmo para dizer: em Itália, em Inglaterra, claro que também se diz em França, em Espanha, em Marrocos, mas não em Alemanha: lá está a diferença: distância cultural, que tem relação com a história recente deste país - diz-se: na Alemanha.


Ou seja, se um português diz vermelho, na França, na Espanha, não está cometer um erro, mas, em certos meios, pode ser considerado parolo *. O que é muito pior do que ser ignorante! :)
Ou seja, um tipo de nível social considerado elevado pode ser ignorante, pouco inteligente, pouco instruído, mas, nessas famílias, isso é muito menos grave do que ser culto, inteligente, instruído, mas pertencente a um nível social "inferior". É assim neste pequeno país à beira mar plantado e à beira da bancarrota.

À beira da bancarrota, por estas e por outras. 

O que se passa no Brasil? Não sei, aguardo comments, mas creio que nada disto faz qualquer sentido no português do Brasil ou no português de outros países de expressão portuguesa, nem  me parece que o português europeu sirva de norma para estes casos. As diferenças, nestes casos, designam-se por variantes diatópicas.

Gostaria de ver aqui comentários, sobretudo sobre este último ponto.


* Parolo = caipira. A palavra desta variante diastrática, em Portugal, é possidónio. Talvez nem por acaso, um dos mais conhecidos autores portugueses contemporâneos chama-se, precisamente: Possidónio Cachapa. Nome verdadeiro, que não substituiu por pseudónimo.

sábado, outubro 27, 2012

Ladrão, criminoso, idosa, septuagenária, criança, etc.


 Ao folhearmos jornais antigos, nas notícias de crimes, encontramos, não só o nome do suposto criminoso, mas também apóstrofes como estas: ladrão, refinado criminoso, descarado burlão... Não está nunca contemplada, nestes epítetos, a presunção de inocência.

Agora diz-se "presumido agressor", levando em conta que o suspeito pode nem ter sido o culpado, que pode estar inocente e não é um assassino mas sim um homicida, ainda que parricida, fratricida ou seja o que for. E sem o nome, claro!

Mas os jornais designam por idosa e sexagenária, septuagenária, octogenária, ou seja, velha jarreta, no entender de muitos, qualquer mulher que tenha esta idade nos documentos oficiais
E porque não dizer apenas uma mulher ou uma senhora? As septuagenárias não são mulheres ou senhoras?
Chamar criança a uma pessoa de 17 anos ou idosa a uma de 60 ou 70 é algo que as ofende.
Que tal revermos esta terminologia, com tudo o que ela implica?

Exemplo: nesta notícia, uma mulher é designada como idosa e como septuagenária, embora nada disso seja relevante para o facto narrado. É designado por agressor e não mencionado de forma explícita, aquele ou aquela que a agrediu e lhe extorquiu o dinheiro. Absurdo?

Mas é óbvio depois de termos pensado no assunto, não é ? Esta portuguesa língua precisa de gente que pense e não de gente que viva à custa dela.


sexta-feira, agosto 03, 2012

Exames de Português do 12º Ano e a saga do rigor ("mortis")

Já aqui foi várias vezes referido este tema, ao ponto de se tornar recorrente neste blogue. Para ver posts anteriores, clicar na Tag  .

Também partilhei um link dum texto de António Guerreiro no Expresso, desmontando o exame da 1ª fase, bem como uma opinião do representante da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), Albino Almeidaque partilho, defendendo a demissão da atual direção do Gave, ou mesmo a sua extinção, como era promessa do atual Ministro da Educação.

Segue agora a "saga" da 2ª Fase do mesmo exame.

Logo na primeira pergunta sobre um texto do Memorial do Convento, pede-se o seguinte: 

"1. Indique, de acordo com o primeiro período do texto, três elementos que caracterizam Baltasar no momento em que regressa a casa."

O primeiro período é o seguinte:

"Regressou o filho pródigo, trouxe mulher, e, se não vem de mãos vazias, é porque uma lhe ficou no campo de batalha e a outra segura a mão de Blimunda, se vem mais rico ou mais pobre não é coisa que se pergunte, pois todo o homem sabe o que tem, mas não sabe o que isso vale."

Seríamos levados a supor que a  pergunta é demasiado fácil, não fosse o critério de correção decidido em reunião do Gave (Gabinete de Avaliação Educacional)  e recebido pelos  examinadores às 23 horas do dia 23 de Julho, para correção exames realizados em 13 de Julho:

"A expressão «filho pródigo» não constitui, por si só, um elemento caracterizador de Baltasar no momento em que regressa a casa."


Sendo assim, os elementos ( linguagem perfeitamente familiar e nada científica) caraterizadores aceitáveis são: tem mulher, não tem mão e é pobre. "Tem mulher" é um elemento caraterizador??? Eu não acertava essa e, portanto, ia para o filho pródigo. Perdia logo uns pontos largos.



Na verdade, Baltazar é comparado ao filho pródigo, já que só regressa a casa quando precisa de dinheiro. Havendo trabalho em Mafra e como os pais vivem nessa terra, regressa e vai para casa deles, depois de ter passado anos sem dizer se estava vivo ou morto. 



O receio de o aluno acertar por acaso, pois pode não saber quem é o filho pródigo, deveria ter sido previsto ao fazerem uma pergunta tão óbvia e tão parva, em vez de se considerar totalmente errada uma resposta totalmente certa.



Será possível haver pior? Sim. Senão, vejamos...



Quanto ao que normalmente chamamos "redação", pede-se que se faça uma reflexão sobre o papel do homem e da mulher na atualidade. Os alunos do 12º ano, que terminam agora uma escolaridade com 12 anos de português, não terão dificuldade em responder, mas correm sérios riscos.


Os melhores e mais cultos farão uma reflexão sobre o papel da mulher e sobre o modo como tem evoluído ao longo do tempo. Esta resposta poderá ser desvalorizada até zero, de acordo com os mesmos critérios recebidos pelos corretores em 23 de Julho (10 dias após o exame e 3 dias antes do dia em que deverão ser entregues os exames corrigidos - 26 de Julho). 

Sendo assim, 

"[...]quando os examinandos abordam, exclusiva ou predominantemente, a evolução verificada ao longo dos tempos, ocorre um desvio do tema e, em certos casos, um incumprimento da tipologia solicitada. Nos critérios de classificação, estão previstos níveis de desempenho correspondentes a estas situações."

Um dado que se tem evidenciado nestes exames (de há 5 ou 6 anos para cá) é o facto de os melhores alunos terem notas fracas, com uma incrível frequência, ficando muitas vezes atrás de alguns dos piores, por exemplo, um aluno muito bom tem 10, ou 9,5, ao passo que um dos piores alunos tem 11.

Será que existe, por detrás disto, uma intenção? 
Seria necessário, para isso, haver pessoas inteligentes por detrás dessa intenção, o que não parece ser o caso. António Guerreiro afirma que sim, a mim parece-me mais parolice e o reflexo das cabeças ocas que tratam do assunto. 

Ou talvez a intenção seja levar os alunos a verem os Morangos com Açúcar em vez de lerem um livro? Porque para entender o Memorial do Convento, de José Saramago é preciso conhecer a Bíblia e tanto um livro como o outro são muito chatos. Mas então o tipo não é ateu? Who cares? Whatever?


Caso para perguntar: onde é que pára a Associação De Professores de Português? 
Resposta: Como sempre, a dizer "Amen Jesus" aos ministérios, aos ministros, às ministras e ao governo, sejam eles quais forem. Felizmente, os professores de português, na sua esmagadora maioria, não são sócios dessa aberração, que até era a favor das TLEBS quando o país inteiro se movimentava ativamente contra.

domingo, julho 22, 2012

A retranca









Sabem o que é  a retranca? Bem, eu sabia que estar na retranca era estar no contra, era ser agressivo, mas nunca imaginei que fosse tão... tão... vejamos:


A retranca é isto que se vê na imagem: uma espécie de tronco, antigamente seria um tronco, que fica por debaixo das velas e que as sustenta. Quando o vento vira, nada mais natural que uma pessoa distraída apanhar com a retranca na cabeça!!! UI!!!


Aquela espécie de roldana que segura  a retranca chama-se burro. Por razões óbvias. Quem quer segurar e aguentar a retranca? Só um burro.


OH! Tanta filosofia no velame dos navios: "à terra onde fores ter, faz como vires fazer" - mais um ditado que terá sido ditado pelas longas viagens marítimas.


(Bem, a palavra também significa: 

- Tranca de porta ou janela
- Correia que passa por debaixo da cauda das cavalgaduras e impede que a sela ou o selim escorregue para a frente)

Enfim, a retranca é algo pouco simpático. Figurativamente, estar na retranca ainda significa estar desconfiado.

Pudera: com uma correia como a referida, com uma tranca que bate na cabeça, com uma tranca na porta ou janela: o melhor é ficar mesmo e sempre "na retranca".