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segunda-feira, fevereiro 27, 2017

Grande Sertão Veredas e demais leituras obrigatórias no ensino






Primeira página do romance Grande Sertão Veredas, um livro emblemático do Brasil.  

Tenho conhecido jovens portugueses que não passam da primeira página dos Maias, mas eu mesma nunca passei da terceira página deste livro. Continuo a tentar.

É claro que o livro é estudado nas escolas do Brasil. 

Sorte a nossa, pois, pelas mais recentes notícias, basta saber dois ou três palavrões para entender as nossas obras de leitura obrigatória.

Chamam a isto "liberdade de expressão". E onde fica a liberdade de ler ou não ler? Por exemplo, de não ler expressões ordinárias? De não ser obrigado pelos professores a ler expressões ordinárias? (Referimo-nos ao livro O Nosso Reino, De Valter Hugo mãe, que foi recomendado para os alunos do 8º ano e que foi considerado leitura obrigatória para esse nível.)

A minha dificuldade começa logo pela primeira palavra, que nunca ouvi ou li: Nonada. Parece que quer dizer não nada, não é nada, etc... Ser´termo erudito inventado pelo autor? Termo popular, corruptela usada pelo personagem? Talvez nem uma nem outra?


Foi-me indicado este site para ajuda na leitura, que pedi no Facebook:

http://www.pactoaudiovisual.com.br/mestres_final/guimaraes/texto1.htm

Citamos aqui :

"" Em tese, trata-se de um argumento bastante simples: homem relembra a vida e, ao recontá-la, refaz o percurso de suas andanças, tristezas e felicidades. No vídeo a crítica literária nos diz: "Resumir Grande Sertão: Veredas é muito difícil. Trata-se de um grande, longo, denso monólogo de Riobaldo, um jagunço, que ao narrar sua história, já é um ex-jagunço, no meio da história da jagunçagem (...) O problema, contudo, encontra-se no modo pelo qual se constrói a narrativa, repleta de ações paralelas e casos inusitados, sobre os quais o engenho e arte de Guimarães Rosa deram vida e significado.”"


Outra citação: 

"Professor Willi Bolle nos diz: "Grande Sertão: dois universos paralelos (...) é uma montagem em contraste. Com isso o autor se refere a dois universos de linguagem, dois mundos de fala. De um lado, o grande discurso, a grande eloqüência, a norma culta, do outro lado, as veredas, a fala humilde das pessoas que moram no sertão. As veredas são os cursos de água e, por extensão, as clareiras onde se estabelecem mais facilmente as moradias”. Ao mesmo tempo, a evocação de um conjunto de significados tão característico do ambiente do sertão impõe à obra um forte traço particular, do qual Guimarães Rosa não pretende escapar. Por isso, a fortuna crítica de Grande Sertão insiste em marcar o movimento ambivalente da narrativa, sempre oscilante entre o regional e o universal."

sábado, fevereiro 01, 2014

SOBRE A PRIVACIDADE. DO FACEBOOK, POR EXEMPLO

Quando falamos de privacidade das redes sociais, falamos de intimidade, claro.
A intimidade que os escritores e sobretudo os poetas, sempre expuseram "urbi et orbi".
A intimidade que tanto procuramos esconder e tanto revelamos sem querer.
A intimidade dos outros, que tanto nos faz aprender com eles e com todos e com tudo.
A intimidade, que pode ser tão inventada, tão fingida, como o fingimento poético.


Vejamos uma frase de Clarice Linspector, que trata o assunto de forma magistral, antes de existir o Facebook.



“A minha intimidade? Ela é a máquina de escrever. Sinto um gosto bom na boca quando penso.Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.Depois de certo tempo, cada um é responsável pela cara que tem.E ninguém é eu, e ninguém é você. Esta é a solidão.É uma infâmia nascer para morrer, não se sabe quando nem onde.Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.Na arte, a inspiração tem um toque de magia, porque é uma coisa absoluta, inexplicável. Não creio que venha de fora pra dentro, de forças sobrenaturais. Suponho que emerge do mais profundo ‘eu’ da pessoa, do inconsciente individual, coletivo e cósmico.Não é saudade… Eu tenho agora minha infância mais do que quando ela decorria.Não me posso resumir, porque não se pode somar uma cadeira e duas maçãs. E não me somo.O fato de ter nascido me estraga a saúde.O que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesmo.”
— Clarice Lispector.

domingo, outubro 07, 2007

Jorge Amado

Nas Amoreiras há, todos os fins-de-semana e especialmente em alguns, uma feira-do-livro de alfarrabistas, onde compro quase sempre qualquer coisa.
Andava eu a ler um desses romances históricos modernos, caríssimos, anacrónicos na caracterização das personagens, quando descubro por 6 euros, um livro de Jorge Amado, "São Jorge dos Ilhéus", que é a continuação das "Terras do Sem Fim".
Larguei logo o outro e estou a ler este com sofreguidão. É autêntico, genuíno, não imita ninguém, vê-se que o autor era muito atento a toda a realidade do Brasil e à realidade da psicologia humana e que tinha uma enorme personalidade.
É o que falta a muita gente e a muitos autores, personalidade. Estou convencida de que quem não tem opiniões é porque não tem personalidade.