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domingo, junho 09, 2019

O Estado da Nação, o Portugal arcaico e a opinião da Madonna




O estado atual da Nação vê-se por aqui:
Todos os dias saem nos jornais notícias de corrupção de membros do PS. mesmo assim, o PSD e o CDS estão em queda, subindo o PS. 
Ninguém quer ver em imagens ou ouvir falar do famigerado Passos Coelho, um tipo medíocre que nos enganou sem qualquer noção de ética. Prometeu mundos e fundos e acabou a gabar-se de ter ido para além da Troika. Casado com uma doce, do grupo musical As Doce, um dos primeiros grupos musicais a serem considerados pimba ou algo assim, fazendo rir toda a gente com a pobreza da letra e da música, mesmo assim chega a ser o primeiro primeiro-ministro pimba.
Ninguém quer também ouvir falar da líder do CDS, Assunção Cristas, que, por razões pessoais, cria anticorpos. É uma "tia de Cascais", criaturas fora do tempo, uma alta sociedade pobre mas intolerante, ou ainda rica mas intolerante e sem noção da realidade ou da modernidade, com uma mentalidade católica arcaica, essa mesma que a cantora Madonna conseguiu captar no seu novo disco, no vídeo Dark Ballet.
De facto, só pode gerar perplexidade ver uma figura pública como o Hermano José afirmar que esteve numa festa com a Madonna e que ela se comportou como se fosse filha de uma mulher a dias. 
O que significa tal opinião? O que diz esta opinião acerca do opiniador?
Quererá isto dizer que os portugueses, votando maioritariamente PS, esqueceram Sócrates e ignoram a corrupção? Não. Dizem que não votam, ou que só votam naqueles partidos que não prestam, como atitude de protesto.
Um desses partidos que não prestam, o PAN, está quase a entrar para o governo, por causa dessa atitude. Apesar de o seu fundador já se ter demitido, desvinculando o partido de toda e qualquer ideologia.
Partido sem ideologia, o melhor para atrair a massa acrítica.

quinta-feira, fevereiro 14, 2013

O Estado da nação: as faturas: ainda só são dez da manhã e já perdi 5 faturas


Logo pela madrugada, levanto-me da cama, saio para as ruas de Lisboa, vou ao café comer um pastel de nata e tomar um cafezinho.

- A fatura, por favor!- Aqui a tem. Não se esqueça de a guardar durante quatro anos. - Claro que não. Nunca esqueceria uma coisa dessas.Vou trabalhar. A certa altura tenho sono e dirijo-me a uma máquina de café de moedas, chamada Alice. Tiro um café.
- Alice, dá-me uma fatura, OK? Alice!!! Alice!!! Olha que eu posso ser multada! - Dou um pontapé na Alice, que fica igual a ela mesma, imóvel. A Alice não dá faturas. Falha técnica, que deve ser reparada.

A meio da manhã, aproveito uma aberta e saio um nadinha, para tirar fotocópias. 

- Por favor, a fatura!- Ok. Como tirou várias fotocópias diferentes, quer várias faturas?- Sim, por favor. Três faturas. Claro.Aproveito a saída do trabalho para ir comprar o jornal. Folheio também um livro, oferta de uma revista e um DVD, oferta de outra revista e trago tudo.- Por favor, passe-me três faturas, está bem?- Com certeza. É para já. Guarde-as durante três anos, senão eu pago uma multa, está bem?- Não são quatro anos? - Ah, pois é. Quatro anos.A caminho do trabalho, revisto os bolsos e a carteira: deveria ter sete faturas, mas onde é que as meti? Só encontro duas, uma do café da manhã e outra do DVD. Se calhar deixei as outras cinco no quiosque dos jornais. Volto atrás.- Não viu aqui 5 faturas? - Eu tenho aqui uma caixa cheia delas, veja lá se algumas são suas!Olho, folheio: faturas do talho, da peixaria, do sapateiro, do amola tesouras e navalhas, do lupanar Bataclã, do tarólogo, do carpinteiro, do reparador de aparelhos elétricos, das aulas de ginástica, da Igreja Dos Últimos Tempos...- Não, obrigada, estas não são minhas!Cenas dos próximos capítulos: ainda só são dez da manhã e já perdi cinco faturas....Esta ficção baseia-se nesta notícia dos jornais de hoje


(A mim parece-me boa ideia exigir faturas, pois todos deveriam pagar impostos, ao contrário do que acontece em Portugal. Mas para que servem os registos informáticos? Para andarmos carregados de papéis e para abatermos inutilmente milhares de árvores? Por outro lado, se não for obrigatório pedir fatura é considerado antipático pedi-la. E colaborar com a fraude. E pagar mais impostos, a favor daqueles que não pagam um cêntimo. Esta coisa está a ser bem feita?)

quarta-feira, julho 04, 2012

Cores da bandeira: corada de vergonha e verde de inveja



Perante todos estes casos de corrupção, em que uns enriquecem extraordináriamente, enquanto outros ganham menos ou ficam sem emprego por causa desse enriquecimento, a bandeira portuguesa cora de vergonha, ao mesmo tempo que fica verde de inveja. 
O novo significado das cores da bandeira nacional: vermelho de vergonha e verde  de inveja. Porque é assim que se sentem os portugueses.

Caça aos PIIGS

O sonho de todo o estudante é tirar um curso superior sem se levantar da cama nem da areia da praia. Miguel Relvas conseguiu fazer isso. Com uma cadeira do curso de Direito, avaliada com 10 valores, conseguiu  frequentar o 2º ano do curso de direito, como declara nas habilitações e mais tarde fazer uma licenciatura num ano. Nada  disto é ilegal, claro. São eles que fazem as leis.
Sócrates desapareceu, enquanto tira o curso de Filosofia na insuspeitada Sorbonne,
Duarte Lima, esse anjo bento, já fez várias, mas recentemente, teve as suas dívidas perdoadas e pagas pelo estado.
Todo o telejornal de hoje falava de corrupção, agora também dos diplomatas que compram eletrodomésticos para serem reembolsados dos impostos e os devolvem à loja logo a seguir.

Depois aparece o primeiro-ministro a dizer que não percebe qual é o problema. Pois não.


E a pobre bandeira portuguesa, por detrás deles, cora de vergonha, ao mesmo tempo que fica verde de inveja, as novas cores da bandeira nacional.


Porque os veradadeiros PIIGS não são Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha. São os políticos destes países. Se fizermos uma caça aos PIIGS, talvez nos livremos deles.

quinta-feira, janeiro 26, 2012

Os Feriados

Já aqui exprimi a ideia de que, se há feriados sem sentido hoje em dia para ninguém, então que apaguem esses e que instituam outros. Até propus o 13 de Maio e uma sexta-feira qualquer dedicada ao fado, com continuação no fim de semana. E com muitos turistas...


Agora acabam com o 5 de Outubro e o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, ao opor-se radicalmente, afirma que Lisboa vai continuar a comemorar o 5 De Outubro.
Como? 
- Hasteando a bandeira, com  a presença do Presidente da República.


E se fossem os dois trabalhar, em vez de irem hastear a treta da bandeira com as quinas e mais não sei o quê e ouvir o hino nacional hiper-bélico, que deveria ser mudado para uma versão mais pacifista, ou pelo menos, mais pacífica? 


E se fossem os dois fazer qualquer coisa de útil? Talvez em nosso benefício? Seria pedir demais?

segunda-feira, novembro 28, 2011

Feriados, Fado e Fátima

Já que vão acabar com alguns feriados, nada como instituir outros, que tenham mais significado para as pessoas. E alguns podem ficar logo à sexta-feira para sempre.
O dia do fado, por exemplo, podia ser a primeira ou última sexta feira de ... um mês qualquer. Um que não tenha feriados. É claro que algumas pessoas, como uma que conheci, farão ponte de segunda a quinta, mas esses...
O dia do Fado, à sexta, seria seguido pelo fim de semana do fado, com muitos espectáculos, populares e outros, acompanhados por comidas bem regadas de vinhos portugueses, atraindo grande quantidade de turistas.
E, claro, o 13 de Maio também poderia ser feriado.
Conheço muitas pessoas que vão sempre a Fátima no 13 de Maio, algumas mesmo a pé, outras não vão com muita pena...
Não sou suspeita: só fui a Fátima uma vez, há cerca de 10 anos.
Nem sou grande apreciadora de fado. Mas, ao menos, estes feriados seriam realmente, para muitos, a comemoração da data.
Já temos um feriado para um poeta, nada como termos um para uma canção. Parece que Portugal é mesmo o único país cujo dia nacional é o dia (da morte) de um poeta. O que é bonito.
Quanto a tirar os feriados só porque alguns fazem ponte, isso é ridículo: passam a  meter atestados médicos  por uma semana ou mais. Acho bem que acabem com alguns, já muito obsoletos e os substituam por outros. Mas 15 de Agosto, esse é importante: é o italiano Ferragosto.

Em 2007 escrevi neste blogue um post para gozar com o facto de que ninguém sabe o que se comemora a 1 de Dezembro. Não seria o caso, se fosse algo que dissesse respeito à vida normal das pessoas.

Ver aqui:  Feriado de quê?

sábado, maio 28, 2011

O Estado da Nação : O Presente

- Ó filho, chega-me  a cadeira de rodas e os óculos de ver ao perto e os de ver ao longe e o aparelho de ouvir, porque eu tenho de ir trabalhar... ah, e a dentadura postiça, já me esquecia...
- Mas a avó já não pode...
- Ai eu não posso? E quem é que te sustenta a ti e á tua mulher e aos teus filhos? Tu já arranjaste emprego?
- Eu, não.
- E a tua mulher?
- Bem, ela trabalha na caixa do Pingo Doce...
- Pois, pois... mas ela não tirou um curso de Direito com média de 19?
- Tirar, tirou, mas não arranja emprego... até anda a fazer o doutoramento, mas...
- Então e tu não arranjaste um emprego como electricista?
- Arranjar arranjei, mas com as parcerias público-privadas... enfim... fui despedido.
- Mas e eu não te disse que te metesses na política, que arranjavas logo um emprego bom?
- Dizer disse, mamã, mas eu matriculei-me no MRPP.
- És atrasado mental? Eu não te disse que fosses para o PS, que arranjavas logo emprego na Parque Escolar e na Parpublica?
- Dizer disse...
- Chega-me as pastilhas do colesterol. E a lancheira com  a sopa, que elas lá na cantina do meu emprego só me dão alheiras de Mirandela guisadas e farinheira de Setúbal com favas e bola de carne e de presunto de Lamego. E fazem-me tão mal ao meu fígado! E ao meu castrol!
- Credo, avozinha! Porque é que só lhe dão essas comidas?
- Porque é a campanha: Comer o que é Nosso!
- Comer o que é Nosso!? Que lata! Tudo o que é nosso faz mal ao castrol. E engorda!
- Pois. Então e o teu filho, não tinha arranjado um emprego na Comunicação Social? Que acabou o curso com média de 20 valores? Deve ganhar bem...
- Não, ele só arranjou um posto como figurante nos casamentos de Santo António...
- Porquê?
- Bem, ele até é muito bom, a chefa até diz que o vai propor para a substituir quando se reformar... mas a chefa só se pode reformar quando tiver 69 anos, por causa da Merkel.
- Quantos anos faltam?
- Vinte!
- Mas o rapaz não tem SIDA? 
- Ter, tem.
- Então, nunca vai viver até a chefa se reformar...
- Pois, mas está a recibos verdes...
- Ah! Vá que não vá!
- Pois, mas não ganha nada!
- Também, porque é que ele se foi casar com aquele rapaz que tinha SIDA? E eu que tanto queria um neto!
- Vai ter duas netinhas. A irmã dele e a esposa dela estão ambas grávidas. 
- De quem?
- Era para ser deles os dois como dadores, mas como têm SIDA, são de dadores anónimos. Mas, prontos! Vai ter duas netinhas. Ou até mais! Netos é que não, que elas não querem. E votam todos no PS, por causa do casamento gay, claros. Prontos.
- Claro, vou ter uma carrada de bisnetas. Nenhum rapaz. E viveis todos à minha custa! E ainda me dizes que não vá trabalhar!
- Mas a mamã não pode...
- Já viste os outros que trabalham comigo? São todos muito mais velhos do que eu... muita sorte tendes vós, por eu ser contínua numa escola básica... e por ser candidata do PS à Junta da Freguesia.


Cenas dos próximos capítulos: 11º Referendo sobre o Aborto


(Clicando no link abaixo, encontrar-se-á outros textos com este título genérico. Aparecem todos a seguir a este.)

quinta-feira, março 03, 2011

O Estado da Nação: O Passado e o Presente

Lembro-me de que, quando eu era católica praticante (até aos 18 anos), costumávamos rezar para que os pobres fossem menos pobres. Pedíamos também que fossem para o Céu a almas que estavam no Purgatório. Nunca pedíamos que fossem para o Céu as almas que estavam no Inferno, porque isso era considerado impossível. Mesmo que fossem nossos parentes muito amados ou nossos amigos próximos (nessa época ainda não havia o Facebook, nem os amigos virtuais). Não nos passava pela cabeça que Deus, que tudo podia, pudesse alterar a ordem das coisas.
Tentávamos que os muito pobre(zinhos) jantassem com alguma abundância na noite de Natal. Desde que tudo voltasse à normalidade no dia 26 de Dezembro, em que os ricos se destacavam pela riqueza, nós comeríamos com abundância (quero dizer: de comida) e os pobres sonhavam com o próximo jantar de Natal, em que voltariam a comer, se Deus quisesse, e nesse caso, graças à Sra. Dona Fulana de tal, que é tão boa pessoa, muitas batatas e uma lasquinha de bacalhau, regados com um fiozinho de azeite da terra...


Tenho a impressão de que agora os pobrezinhos somos nós e que o festim do azeite e da terra passou para outras andanças: políticos e outra gentalha pouco recomendável. Todos ligados à política e todos a comer à nossa custa.


Nessa época nós costumávamos desejar uns aos outros um bom Natal, uma boa consoada, uma boa Páscoa e até mesmo um Feliz ano Novo. Isto era o máximo que desejávamos: um ano inteiro de grande felicidade. Reservar-nos-íamos o direito de nos inconciliarmos com a criatura, a certa altura, e de lhe reservarmos um tempo péssimo a partir de Janeiro do ano seguinte.


Fiquei banzada por uma muçulmana que conheci em Marrocos me ter desejado uma vida longa e feliz. Longa e Feliz?!!! Não é só por uma dia, por um mês, por um ano? E se eu desiludir? Mesmo assim? Porquê? Alguém me ama assim tanto, alguém ama assim tanto a humanidade? Posso desejar uma longa e feliz vida a quem me trama a vida?


Agora sou budista. Os meus votos são assim:
May all living creatures be free and happy.
Tradução: possam todas as criaturas vivas serem livres e felizes.
Mas hesitei ao escrever a frase em inglês. A que li foi: May all beings be free and happy. 
Tradução: possam todos os seres serem livres e felizes!


Pergunta: para sempre? É que esse pormenor não é referido. E depois, há outros pormenores. Se peço ou desejo que todos os seres vivos sejam livres e felizes, estou a esquecer os mortos. Não desejo que os mortos sejam livres e felizes? 
Mas se escrevo todos os  seres vivos: não estou a esquecer o mar, por exemplo? Não quero que o mar seja livre e feliz?


Então, talvez seja assim: como os budistas são normalmente pobres, podem dar-se ao luxo de desejar o mesmo para todos e para sempre:


Possam todos os seres serem livres e felizes para sempre!



sábado, fevereiro 06, 2010

O Estado da Nação 2010 - Parte IV

Em casa.
- Trouxeste o Mercedes?
- Qual Mercedes? Então tu não vês que estamos de tanga?
- Espera lá, não confundas as coisas. Eu todas as semanas vou ao Banco Alimentar Contra a Fome buscar comida. Nunca mais fui ao supermercado. A roupa é toda da Cruz Vermelha, eu peço roupa para ricos que estão temporariamente em dificuldade e eles dão-me da estrangeira. Tu não me digas que ainda temos que vender o carro!
- Só o Mercedes. O BMW ainda não.
- Também era só o que faltava.
- Ó mulher, a crise está para todos... e eu até corro o risco de ser despedido...
- Tu? Mas tu és do partido
- Pois o problema é esse. Eu, lá no partido estava a falar por falar e pus-me a dizer qualquer coisa sobre o Freeport. Nós até fomos lá às compras, lembras-te? E então eles acharam que eu estava a dizer mal do governo. Logo a seguir, não sei como é que foi, comecei a falar da TVI e acusaram-me outra vez de estar a dizer mal do governo. E depois pus-me a falar de telefones e telemóveis e acusaram-me outra vez de estar a dizer mal do governo, pensavam que eu estava a falar das escutas...
- Olha que é preciso ser burro! Para que é que foste falar dessas coisas?
- Ó mulher! Não se pode falar de nada, lá no partido, outro dia estava a falar do Pinóquio, aquele boneco a quem cresce o nariz e...
- Acusaram-te outra vez de estar a dizer mal do governo. És muito burro! Então tu não vês as notícias?
- Eu ver vejo, mas não se pode falar de nada...

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

O estado da Nação 2010 - Parte III

Na escola da Karina, sala dos professores.
- Que trabalhe quem teve boa nota, que foi quem andou a dar graxa aos chefes! Eu cá, estafar-me para quê?
- Olha, a Karina foi suspensa outra vez!
- Porquê?! Que é que essa rapariga fez agora?
- Olha, roubou dinheiro à avó, que está senil e com o dinheiro comprou droga e andava por aí a vendê-la.
- Por aí, aonde?
- Por aí, nos corredores da escola.
- Essa agora! Estais a falar daquela rapariga..
- A Karina Silva.
- Ah, mas ela vai ser expulsa?
- Expulsa? Isso é impossível. Só teve uma suspensão.

- Ao menos reprova por faltas?
- Nem penses. A escolaridade obrigatória é até ao 12º ano...
- Ao menos reprova por notas?
- Nem penses. As ministras dizem que os alunos não ganham nada em reprovar.
- Ganham os que estudam, não?
- Não. Alguns professores até concordam com isso. Dizem: - Se os pusermos fora da escola, isto é, se os reprovarmos por faltas ou por notas, eles vão lá para fora meter-se na droga.
- E assim, metem-se na droga aqui dentro. E vendem-na aqui!

domingo, janeiro 31, 2010

O Estado da Nação 2010 - Parte II

No trabalho.
- Que trabalhe quem teve boa nota, que foi quem andou a dar graxa aos chefes! Eu cá, estafar-me para quê? Ah, é a minha filha no telemóvel: Olá! que foi agora?
- A minha stora diz que eu me portei mal e vou ter uma suspensão.
- O quê? Não tenhas medo, filha, eu assim que possa vou mas é aí e digo-lhe das boas. Eu já lhe disse: a minha filha não mente e ela diz que não fez nada. Olha, já agora, vai para casa e faz o jantar.
- Não posso ir. Combinei ir para casa da Kátia estudar matemática.
- Estudar matemática? Sua aldrabona! Tu és mesmo uma aldrabona! Nunca te vi estudar nada e ias estudar agora que foste suspensa? Vai já para casa e lava a roupa e a loiça!
- Ó mãe, tenho que ir estudar e fico a dormir em casa dela.
- Aldrabona. Eu bem sei que vocês vão para a discoteca e para a night.
- com que dinheiro? Tu não me dás dinheiro e as discotecas são caras.
- A tua avó ainda ontem se queixou de que lhe faltava dinheiro, foste tu outra vez que lho roubaste!
- A velha está gágá, sabe lá o que diz.
- Confessa! Diz a verdade!
- Eu não fiz nada, eu não fiz nada, o que eu quero é ir estudar para casa da Kátia...
- Está bem, filha, atão vai lá. Mas para outra vez...
- Está bem!

(A continuar)

quinta-feira, janeiro 28, 2010

O Estado da Nação 2010

- Olá Querida! Como foi o teu dia, 'mor?
- Fracote. O meu chefe deu-me uma nota má.
- O meu também, mas isso já era de contar...
- Pois! Mas como a tua filha só tem negativas, isto nesta casa anda tudo muito mal.
- Minha filha? Ela saiu a ti em ser burra, que na minha família há vários doutores.

- Ai há? Então e tu porque é que não conseguiste passar da cepa torta?
- Olha, sei lá, os professores embirravam comigo e chumbavam-me sempre.
- Também embirram com a tua filha.
- Mas ela passa todos os anos.
- Isso é por causa do Governo. Agora passam todos, senão os professores deles também têm negativa.
- Essa agora! Boa vai ela! No meu tempo não havia nada disso!
- E a Avozinha?
- A coitada tá senil, mas obrigam-na a ir trabalhar todos os dias porque não tem idade para a reforma.
- A tua mãe ainda não tem idade para a reforma?
- Ter tem, mas tem pouco tempo de serviço...
- E que nota é que ela teve?
- Teve Muito Bom. Está convencida de que a chefe é a mãe dela e está sempre a elogiá-la.
Estamos mal. que vamos fazer?
- Eu cá, vou avaliar a mulher-a-dias e diminuo-lhe o ordenado.
- Boa ideia!

- Ó mãezinha!
- O que foi?!
- A minha stora tava chateada e pôs-me na rua!
- Estúpida. Eu já fui à escola e disse:
- A minha filha não mente. se ela própria disse que não fez nada, que vem agora essa galdéria acusá-la de dizer isto e mais aquilo?
- Eu não fiz nada!
- Pois claro que não. Mas porque é que tiveste zero a português?
- A stora mandou-nos escrever uma coisa sobre essa coisa dos animais não sei quê e não sei que mais. E eu escrevi assim:
- As vacas e as galinhas são animais em vias de extinção porque os donos abandonam os animais. Qualquer dia nem há carne para a gente comer. No tempo do rei não era assim, era melhor.
- Mas o que é que está mal nessa redacção? Fica sempre bem dizer que agora está tudo mal e que no tempo do rei é que era bom...
- Sei lá! Eu disse logo assim à mulher: olhe lá, você não deu esta matéria...
- Vem aí a avozinha.
- Olá mãe. Então como é que correu hoje o seu trabalho?
- Olá pai. A minha professora deu-me Muito Bom.
- Ó avozinha, não esteja a confundir as coisas. Ela é sua filha, não é o seu pai... Então não vê que ela é uma mulher?!
- Uma mulher de calças? Ahahah! Nunca tal vi!
- Ó maezinha! as mulheres já usam calças há séculos.
- Pelo menos desde o tempo do rei!
- Quem é este rapaz gordo que me está a chamar maezinha? A minha professora deu-me Muito Bom!

(Não perca as cenas dos próximos capítulos)

sexta-feira, outubro 17, 2008

Estado da Nação: Magalhães Part Two

Ao dirigir-se, no dia seguinte à escola da criatura, a mãe deparou-se com uma situação veramente insólita: vários professores estavam sentados nas escadas a fingir que remavam e a cantar uma cantiga idiota sobre o Magalhães:


- ao que isto chegou- disse para com os seus botões - esta ministra está a pôr os professores todos doidos! mas depois lembrou-se que deviam estar a ser avaliados. e bem precisavam de se esmerar, pois ela, por exemplo, tinha dado negativa à professora dos filhos todos. Era o que faltava!


Entrando de rompante pela sala dentro, perguntou:


- olhe lá, quem é que roubou o Magalhães do meu filho?


- Só se alguém estivesse doido é que roubava o Magalhães do seu filho - disse, tremendo, aprofessora - os outros são todos crianças e só ele é que tem 18 anos e esse corpo, não vê?


- Eu cá não quero saber de nada disso, ouviu? Dá cá o Magalhães do meu filho. e tu também dá cá o Magalhães do meu filho. E você?


- Este é o meu - disse a professora, já debaixo da mesa.


- Então vou levá-lo. dá-me também esse. Dá cá! dá cá, olha que levas! estes computadores são verdadeiramente portáteis. Levo estes todos e ainda posso levar mais um ou dois.






Neste interim, os dois filhos mais velhos da mulher, irmãos da criatura, foram postar-se à entrada das escolas de outros bairros da cidade, a apreenderem os Magalhães que tinham sido roubados ao irmão.


E assim se criou uma pequena e média empresa familiar de venda de Magalhães.


Viram o "happy end"?

quinta-feira, outubro 16, 2008

Estado da Nação: O Magalhães

(Ler o texto anterior neste blo9gue)
-Oh mãezinha! O meu colega da carteira roubou-me o meu Magalhães!
-O quê? Roubaram-te o teu Magalhães? Ai, eu te garanto que alguém há-de pagar por isso!
Pai: - Tem calma, mulher, tu da outra vez que fostes defender o piqueno destes dois murros na professora e quase que ias dentro!
- Quase que ia, mas não fui! E ela ficou sem os dois dentes da frente. É verdade, ó filho, a tua professora inda não tem os dois dentes da frente?
- Não, ela disse que os vai pôr, mas desde que tu lhe rachastes a cabeça e lhe partistes os dentes a gente não percebe nada do que a gaja diz. Fala tudo em esses: - Fossstes tu que fizzessstes isssto?
A gente faz um pagode! Começamos todos a responder assim:
- Não fui eu, fossstes tu que fizzzzzzzestesssssssss... Ah ah ah!
Pai: - Ah ah ah!
Mãe:- Ah ah ah! Ai que eu até me dói a barriga!
Pai: -Ui que eu rebento!

(Cenas dos próximos capítulos: a mãe recupera os vários Magalhães que tinham sido roubados ao saeu filho, incluindo o da professora e vai vendê-los para a feira da ladra.)

P.s.: Não é o PS, é o post scriptum: se você clicar aí em baixo onde diz Estado da Nação, aparecem vários textos que escrevi ao londo de dois, quase três anos e dos quais muita gente gostou.

quinta-feira, janeiro 03, 2008

O Estado da Nação : O Presente

- Olá! Há que tempos que a gente se não via, Mariana! Que é feito?
- Olá, há quanto tempo, Isabel. Olha, estou desempregada. E grávida!
- Que horror! Como é que foi isso?
- Ora bem, eu trabalhava num restaurante chinês. A ASAE foi lá, disse que estava tudo imundo e fechou aquilo. Viemos todos para a rua.
- E o teu marido?
- Também está desempregado. Ele passa sempre o Inverno na cama, só se levanta na Páscoa, mas às vezes fica de atestado psiquiátrico… Agora, às vezes ficamos o s dois na cama e a minha mãe cozinha, lava a roupa, é assim…
- E de que vivem, mulher de Deus?
- Do subsídio de desemprego dos dois, do rendimento mínimo garantido nosso e do nosso mais velho, comemos tudo do Banco Alimentar e agora parece que também me vão dar dinheiro por estar grávida.
- E foi por isso que tu engravidaste aos 48 anos?
- Sempre se ganha mais algum… Eu sou uma das 33 000 grávidas de Sócrates.
- Ai sim? Não entendo. Então este governo legaliza o aborto e paga às grávidas para terem filhos? Esquisito…
- Isso depende. À minha patroa chinesa, por exemplo, não lhe pagam, e a lei a ela até lhe fez muito jeito. Como os chineses só querem ter filhos rapazes, a minha patroa fez uma ecografia: como era uma menina, fez um aborto legal e pago pelo estado.
- Ai sim!? Então qualquer dia temos aqui em Portugal mais rapazes do que raparigas..
- Chineses.
- E a casa? Como é que a pagas?
- A casa está com a renda antiga, é a casa da minha mãe, pagamos só 26 euros e 70 cêntimos por cinco assoalhadas. E é ela que paga, que tem uma boa reforma.
- Reforma? A tua mãe nunca trabalhou, pois não?
- Não, ela trabalhar nunca trabalhou, mas tinha um tio velho que tinha uma boa reforma. Quando ele estava a morrer a minha mãe casou-se com ele à cabeceira da cama. Ele já estava mais para lá do que para cá e nem percebeu nada. E ela agora tem uma boa reforma.
Mas diz-me lá, ó Isabel: então os teus filhos? Tu tinhas uma rapariga que era barra a tudo, só tinha vintes…
- Continua a ser. Agora até conseguiu entrar para o curso de enfermagem. Vai ser enfermeira.
- Enfermeira? A minha irmã é enfermeira e não tem estudos nenhuns… ele há cada uma!
- A minha filha queria ser médica, mas para isso precisava de ter vinte a tudo. E ela nunca foi boa a ginástica.
- E os rapazes?
- Esses não estudam nada, também não têm a inteligência da irmã, têm más notas… enfim, entraram agora para a Universidade. Um vai ser Advogado e o outro Gestor de empresas.
- Ai sim?
- Então e os teus?
- O meu mais pequeno bateu na professora de matemática, ele nunca atinou com a matemática. Como castigo mandaram-no tirar um curso técnico e ele agora está a gostar muito. Também já bateu noutra professora, mas ela não se queixou. Se conseguir ser canalizador, tem emprego garantido e vai ganhar uma fortuna!
- Essa agora! E o mais velho?
Esse não dá para os estudos, está em casa. Imagina-me bem que o tipo me espatifou o meu carro!
- Ai sim? Mas ele não conseguia tirar a carta por causa do código, não era?
- Ele não tem carta porque não atina com o código, mas conduz muito bem. Só o problema é que tinha bebido uns copos a mais, foi no Natal, estás a ver? Deu-me cabo do carro e eu agora não tenho dinheiro para outro, vê tu! O que me tem valido é o Mercedes do meu marido e o da minha mãe…
- Mas ao menos o teu filho não se magoou nesse acidente, em que estava bêbado e sem carta?
- Ele felizmente não sofreu nada, só matou duas velhas.
- Ah! E foi preso?
- Não, só lhe puseram a pulseira electrónica e está em casa, em prisão domiciliária.
- Não pode sai de casa?
- Poder não pode, mas isso não lhe faz diferença nenhuma porque esse meu filho sai ao pai. Está sempre metido na cama a ver a TV Cabo. No Inverno só se levanta para ir à casa de banho, no Verão já vai poder ir à praia em liberdade condicional, a avó empresta-lhe o carro. O outro meu filho sai a mim, é todo despachado. Mas tem cá um feitio…
- Bem, mas e tu, Isabel?
Eu estou bem, o meu marido está desempregado, era professor e deu duas bofetadas num aluno que o insultou, foi expulso. A prestação da casa, que só tem três assoalhadas, leva-me quase tudo o que eu ganho, mas a minha mãe também se casou com um tio dela, à hora da morte dele e também tem uma boa reforma. Também comemos do Banco Alimentar e também temos três Mercedes. E eu agora vou pedir a reforma antecipada por invalidez e vou trabalhar para uma boutique. Bem, Então adeus, e desejo-te que 2008 seja para ti melhor do que estes últimos anos.
- Ou pelo menos que seja igual, que já não é mau!

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Estado da Nação: A Cultura

A escritora Carolina Salgado é um dos muito poucos escritores portugueses que conseguem ganhar a vida com a sua obra.
Estamos sempre a tentar morder a cauda da Europa, mas vamos sempre por maus caminhos!

terça-feira, novembro 14, 2006

O Estado da Nação O Futuro Parte II

(Algures no futuro, talvez 2015 ou 2020)

- Ó progenitora, porque é que tu não me acordaste às 4 da manhã?
- Ó pá, porque só acordei ás 10 e meia, filha. E porque hoje é Domingo!
- Mas eu tenho de acabar de ler as obras completas de Dostoievsky…
- Ó filha, mas tu acabaste de ler as obras completas de Turgueneyev e de Dante Allighieri!
- Esqueces-te de que a minha professora de Português diz que nós não sabemos ler nem escrever Português, aliás, toda a gente diz isso da nossa geração…
- Mas também já diziam isso da minha, e da do teu avô…
- Tens a certeza?
- Pois, a tua avó, aliás, não gosta nada que tu lhe chames “antepassada ancestral”.
- Só porque gosto de falar bem? Ora, a juventude não é compreendida.
- Falar bem, falar bem... Nós temos o Camões como modelo… era o dia da raça e de Camões, agora é o dia de Camões e das Comunidades Portuguesas, até parece que nos estamos constantemente a comparar ao zarolho…
- Ora, chamar-lhe zarolho, ó progenitora!
- Que até gostava de beber o seu copo… que nisso, realmente somos quase todos como ele, é verdade… e de namorar…
- Na tua geração, até admito que falem assim, mas eu preciso de ter uma média de 19,87 para entrar para o meu curso, e a minha Professora de Português idolatra o Camões. Acho que nunca leu “Os Lusíadas” duma ponta à outra, claro!
- Credo! Alguém alguma vez terá feito tal coisa?
- Creio quer o próprio Camões o deve ter feito…
- Ó filha, mas por que não tiras um cursinho mais fácil? Engenharia, Direito, Medicina?
- Ora, francamente! Os correligionários dessas profissões agora pertencem à classe média!!!...
- Pois, realmente…
- E a classe média está completamente a zeros. Em termos de dinheiro, bem entendido. Não é?
- Ai, lá isso é. Mas…
- Qual mas? Eu vou tirar o curso de canalizadora. E depois vou ser especialista em canalização de esgotos…
- Uma coisa que cheira mal…
- Mas que dá dinheiro!
- Lá isso! Já antigamente, no dicionário de interpretação dos sonhos, sonhar com m,,,, quer dizer, sonhar com isso, queria dizer dinheiro.
- E eu sonho com isso e com dinheiro.
- E como não vou ser classe média e sim proletária, tudo bem. Nem a esquerda nem a direita nem o centro se atrevem a contestar os direitos dos proletários.

P.S.. (Cruzes, credo! O que eu quero dizer é: “Post Scriptum”): Talvez vocês tenham notado que eu, Nadinha, nem sou muito de dizer palavrões. Talvez por ser do Norte… Ganhei alergia…

segunda-feira, novembro 06, 2006

Shiatsu V (Ver cenas dos capítulos anteriores)

- Ó Sancho, tu estás outra vez todo escaqueirado, todo esbodegado, todo arranhado. Foi o Mem?
- Não, foram os mouros.
- Ah, até que enfim. Costuma ser sempre fogo amigo, ou seja, o Mem.
- Porque é que as mulheres não gostam do Mem?
- Porque ele é um trapalhão e dá cabo de vocês…
- Fica a saber que o Mem é um dos nossos melhores guerreiros!
- Contra vocês!
- E além disso, é o que bebe mais! Aguenta como um cavalo.
- Ai ele bebe assim?
- Ele é muito raro ficar em coma alcoólico...
- Enfim, isso de lutar contra os mouros é uma coisa um bocado antiga… nunca percebi.
- Nós lutamos contra os mouros porque eles não acreditam em Deus!
- Nem eu!
- Tu não acreditas em Deus?
- Eu não. E tu, acreditas?
- Sei lá! Nunca pensei nisso.
- Então pensa.
- Está bem!
- Já estás a pensar? Estás a ouvir? Ouves? Ele, logo que começa a pensar, começa logo a ressonar!
- O meu também é assim.
- O teu? Qual deles?
- O Mem.
- Ah! Eles são parecidos.

Estado da Nação

Já vi que os fregueses deste blog gostam particularmente de uns textos a que dei o nome Estado da Nação, uns no presente e outro no futuro. Também há um do passado, a que chamei Shiatsu, por ser um método de massagem anti´quíantiquíquíssimo, põe antiquíssimo nisso.
Também já vi que os fregueses deste blog Terra Imunda fogem da poesia como o diabo da cruz, embora a poesia seja uma das minhas paixões.
Quanto à despenalização do aborto, obviamente, por uma questão de coerência, só posso ser a favor.
Mas, uma vitória do sim será uma vitória do PS.
Da última vez que houve este referendo, esqueci-me de votar, até que uma amiga me lembrou... desta vez, acho que me vou esquecer mesmo...
E aí vai o Estado da Nação no passado, "Shiatsu".