segunda-feira, agosto 31, 2009

Moinho de linho







Interrompo o diário de bordo para mostrar uma coisa que vi agora e achei interessante: o fabrico artesanal de linho.
Isto é uma associação de preservação do património e tem um antigo moinho de linho. Que funciona.
Dentro desta roda fica uma matéria que depois será transformada em linho, o resto da erva é triturada e antigamente era aproveitada como tudo, então. É uma massa que está no chão.
Situa-se no Douro Litoral, em Castelo de Paiva.

sexta-feira, agosto 28, 2009

Concurso: o enigma dos camelos

Concurso: quantos camelos ou camelas se vêem nesta foto:
A - Nenhum (a)
B - Dez ou mais
C - Um (a)

Solução: Ganha a maioria

Ilha de Lanzarote: quem não tem cão... II










Outro exemplo de omelette quase sem ovos é a maneira como os lavradores de Lanzarote, considerados "magos" conseguem criar vinha e extrair vinho deste solo inóspito. E ainda por cima, este dispositivo que inventaram para proteger a videira do vento e conservar a água, é muito bonito.

quinta-feira, agosto 27, 2009

Ilha de Lanzarote: quem não tem cão...





Quem não tem cão, caça com gato. Ou com camelo. Ou melhor, com dromedário.
As ilhas Canárias ( em particular a ilha de Lanzarote) são um exemplo de como se podem fazer omelettes quase sem ovos, para usar logo dois provérbios seguidos.
Que fazer nesta paisagem seca e inóspita em que não cresce nem uma folha? Como ganhar dinheiro aqui? Fácil: fazer um passeio de camelo para os patetas dos turistas. Ou melhor, dromedário. Provenientes de Marrocos, disse o guia que eram normalmente utilizados para os trabalhos agrícolas, por exemplo, para transportar "esterco".
- Ah! Obrigada.

terça-feira, agosto 25, 2009

Funchal








O que primeiro me impressionou na Ilha da Madeira, vinda de onde vim, foi o peso obsidiante da história, que está presente em todo o Portugal: muralhas, fortes, palácios antigos... da história e também do dinheiro ou do poder económico de antigos habitantes, neste caso provenientes de diferentes lugares da Europa. Não vi nada disto nos lugares por onde passei nesta viagem: Marrocos, Ilha de Lanzarote - em Marrocos é antes o peso duma cultura que nos é estranha e quase adversa, ou quase sentida como tal, mas isso vê-se mais nos pormenores do dia-a-dia do que na arquitectura.
A segunda coisa que me impressionou muito é a perfeita simbiose da arquitectura com a natureza: terra, ar, mar, as nuvens que se sentem presentes visíveis em todo o lado...

segunda-feira, agosto 24, 2009

Regresso


De regresso a casa, acordo surpreendida por a minha cama e as paredes do meu quarto não balançarem, meia enjoada. Levanto-me e parece que é o chão que oscila.
Sinto o ar mais pesado e difícil de respirar. Esta viagem foi um presente para o meu nariz novo (por dentro): tanto ar puro para respirar! Tão bom como beber água pura directamente da fonte. Juro.
Respirar os ventos oceânicos

Mais fotos do resgate dos pescadores

Descobri mais fotos do resgate dos pescadores que tinha guardadas no mini-laptop.
Coloquei-as no post Diário de Bordo, AQUI
Também acrescentei uma ao post Golfinhos.

domingo, agosto 23, 2009

Ilha da Madeira

Por qualquer estranha razão, eu não esperava gostar particularmente da Ilha da Madeira, mas adorei. Também gosto muito das Ilhas Canárias, mas estes arquipélagos fazem parte dum ecossistema muito especial. Por isso se designam como (se calhar vocês nunca ouviram) Macaronésia: Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde.
Nem sempre podemos ir aonde queremos, mas, se ainda não foi a estas terras, pelo menos queira ir.
Macaronésia traduz-se por Ilhas Afortunadas, designação que era, antigamente, apenas atribuída às Canárias.
"Têm biogeografias únicas no mundo. A maioria dos seres vivos endémicos estão em risco de extinção ou extintos." Como diz AQUI - clicar por cima.Posted by Picasa
Makáron" = feliz em grego - Também gosto muito de Macarrão, uma massa feliz (LOL)

Jóia do Atlântico


Pelo que conheço até agora, concordo que a Ilha da Madeira é realmente a pérola, a jóia do Atlântico.
Como se vê pelas fotos nocturnas.
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sexta-feira, agosto 21, 2009

Já chegámos à Madeira







Não sou de me espantar com qualquer coisa, mas isto não é qualquer coisa: isto é um espanto.
Tem ainda a vantagem de estarmos "em casa". Esta gente é tão simpática como já não há em lado nenhum.
Hoje é dia do Funchal e feriado. Dizem que vai haver uma festa muito bonita, contra os inconvenientes de estar tudo fechado e as estradas cortadas.
Todas as viagens têm imprevistos, porque são aventuras. Esta tem tido vários.

AS notícias do salvamento dos pescadores, cujas fotos aqui coloquei, estão aqui




e


terça-feira, agosto 18, 2009

Diario de Bordo


Ainda não consigo postar fotografias. Em Casablanca tentei mas não consegui e deixei la ficar a pen com algumas. Poucas. A viagem está a decorrer sem incidentes, até agora. Amanhã, em Agadir, pode ser que encontre uma net mais moderna, mas duvido. Agora em Lisboa, 24 Agosto, posso colocar mais algumas que não perdi com a pen pois tinha copiado para um mini-laptop. (O tremido deve-se ao balanço do barco, que era muito. A sério:).) Por o mar estar agitado é que se deu o naufrágio.



Na segunda foto, vê-se a baleeira (como se designa o salva-vidas do navio, por semelhança com os pequenos barcos acoplados ao barco principal para caçar baleias) a ser içada para o deck 8, correspondente ao 8º andar do Pacific Dream, estando dependurada e tendo dependurada de si a balsa (o pequeno-salva-vidas do pesqueiro). A cruz é uma imagem reflectora, que está no fundo.

Na primeira vê-se a baleeira já no deck 8, a ser assistida por outros tripulantes, talvez pessoal da saúde, pelo vestuário.
(Foto tirada do interior, do casino, através da janela).

segunda-feira, agosto 17, 2009


Diario de Bordo


Agora em Gibraltar consegui colocar estas fotos do resgate, mas sem as ver antes de postar.

Os pescadores estão dentro da "baleeira", o barco que aqui é grande. O pequeno a reboque é a balsa salva-vidas que os salvou antes de mais, conservando-os à tona de água.
Já agora, a "petite histoire": é obrigatório os barcos de pesca levarem aquele barquinho (balsa), que se abre automaticamente em contacto com a água, mas, como é de uso em Portugal, os pescadores costumam prendê-lo com correntes e cadeados à embarcação principal. Nesse caso teria ido ao fundo e os pescadores também.
"Milagre" - disseram eles.

domingo, agosto 16, 2009

Diário de Bordo

Logo no primeiro dia de navegacao aconteceu-nos uma aventura.
O nosso navio, Pacific Dream, salvou quatro pescadores náufragos. Nao sei onde estávamos, talvez perto de Sagres, mas sem terra à vista. Pelas 10 e meia da noite.
A Internet, por satélite, é muito lenta e não vou talvez conseguir colocar as fotografias do resgate. Ponho depois.

sábado, agosto 15, 2009

Fazer as malas não é fácil




Mas que seca! Quase que me apetece confessar que sou um nadinha desarrumada. Mas fazer as malas não é fácil... Ou é?!


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sexta-feira, agosto 14, 2009

Fazer as malas

Fazer as malas! Ai que seca. Mas eu escrevo. Prometo. Juro.
À maior parte dos visitantes destes blogues tanto lhes faz que eu esteja em Lisboa ou na China, porque também não vivem em Lisboa e muitos nem em Portugal, mas prometo fotografias bonitas.
E, ao olhar para a mala ali à minha espera, começo a sonhar com as delícias do Inverno. Ficar em casa, comprar uma planta que não seca porque não está calor, comprar um computador novo, escrever um livro ou dois...
Tenho uns vizinhos novos que têm um gato. Ele quer entrar pela minha janela, mas como ainda é pequeno, não consegue. Esperem pelo Inverno e vão ver.

Israel embarcado e desaparecido


Da única vez até agora que visitei Cabo Verde, viajei no avião de regresso ao lado duma senhora que tinha sido cá imigrante e vinha só visitar a filha. Trazia uma mala de roupa cheia de atum salgado, que tresandava e exsudava, deitando para fora um líquido pegajoso. Receava que lha apanhassem na alfândega e não podia sequer imaginar que deitassem fora tal riqueza que levava, enquanto sonhava com suculentas cachupas de atum e com festas ao por-do sol, nos subúrbios da grande Alface (Grande Lisboa).
Começou a fingir que sabia ler, de forma talvez demasiado ostensiva, apertando uma revista e segurando uma esferográfica, para evitar que a considerassem imigrante clandestina e a expulsassem.
Acabamos as duas a fingir que ambas sabíamos ler (para gáudio de uma irónica amiga que ia comigo) e também fingimos que ela vinha trabalhar para minha casa, o que era menos suspeito do que ir trabalhar como empregada duma rapariga que tinha o mesmo nome exótico que ela, a sua filha. E também fingimos que a mala do atum era uma mala normal, que eu a ajudei a tirar do tapete rolante, embraçada por tiras largas de fita-cola, que retirámos rapidamente.

Essa mulher tinha um filho chamado Israel.
- Porquê Israel?
- Bem, quando o meu homem andou fugido, embarcou...
- Fugido de quê?
- Da guerra.
- Mas vocês em Cabo Verde não tiveram guerra colonial...
- Eu disse fugido?! Eu não disse fugido. O que eu disse foi embarcadiço!
- Pois foi.
- Não foi?
- Foi, foi. Eu é que percebi mal.
- Pois. E quando ele andou embarcado, passou numa terra muito bonita, chamada Israel. Achou a terra muito bonita e achou o nome da terra também muito bonito e ao nosso primeiro filho pôs-lhe o nome de Israel.
- Ah, que história tão bonita. Então e agora, o que é feito do seu filho Israel?
- Desapareceu. Embarcou. Está embarcadiço como o pai. Não sei. Só sei da minha filha. Vê aqui neste caderninho? Tem o nome dela. E o número de telefone. E a direcção é o que eles querem que a gente escreva nesse papel.
- Não se preocupe com o papel, eu escrevo.

À saída do avião, no aeroporto da Portela, reencontro um amigo deputado que tinha encontrado na Ilha do Sal. Contei-lhe o problema da mala do atum.
- Acho muito bem que lhe apreendam a mala. Em termos higiénicos é um desastre, pode originar doenças, bactérias...
- Olhe lá! Vai denunciar uma pobre imigrante que traz atum clandestinamente? Vocês os políticos que fazem coisas mil vezes piores?!
- Denunciar não, claro. Claro que não. Mas se a apanharem, acho bem. - E começou logo a mostrar-me as malas de colecção que tinha. Várias colecções de malas... Várias marcas...
Carotas. Mas "très chic".

A minha irónica amiga parou de rir quando emprestou o telemóvel, (o meu estava sem bateria ou talvez sem dinheiro), e quando, depois de eu marcar o número da filha, a senhora desatou a gritar muito alto, numa língua desconhecida, fazendo todas as pessoas do aeroporto olharem para nós, enquanto o deputado e a dona do telemóvel disfarçavam um riso envergonhado.
Entretanto, a mala do atum já estava a salvo. E a filha estava da parte de fora do aeroporto.


Israel, esse, tinha embarcado e desaparecido.