segunda-feira, setembro 30, 2024

História do machado espetado no teto

 


Como sou há vários anos administradora do meu atual condomínio, lembro-me muitas vezes de uma história exemplar, creio que do livro de português da escola primária. 

Havia uma família que vivia numa casa que tinha um machado espetado no teto da sala. Havia uma imagem, um desenho  que mostrava isso. Todas as pessoas da família que entravam na sala diziam:

- E se aquele machado cai sobre a cabeça de uma criança? 

- Sim, ou até mesmo se cai sobre a cabeça de um adulto? 

Ao longo dos anos todos disseram a mesma coisa. 

Não me lembro como acaba a história: ou um grande herói sobe a um escadote e tira o machado, ou o machado cai sobre a cabeça de alguém e o mata. 

Nesse caso, e este é um acrescentamento meu, continuam todos a olhar para o teto e a dizer:

- Não será melhor voltarmos a espetar o machado no teto! É uma tradição antiga, ele sempre lá esteve, e não sei o quê…. 

Isto aplica-se muito bem a muitas associações de condóminos, mas ainda se aplica muito melhor à política da União Europeia. 

- E se Putin nos atira com uma bomba nuclear? E se Trump ganha? E se Biden está mesmo senil? Vamos tirar o machado, ou deixá-lo lá ficar porque é tradição europeia? Ou talvez uma tradição americana… enfim… ele sempre esteve lá… até podemos lá pôr dois machados…

sábado, setembro 14, 2024

O inimigo público é Putin, Trump ou Natanayu?

 



No livro 1984 de George Orwell, o político que controla a humanidade, chamado Big Brother, tem um momento televisivo todos os dias que é a cena do ódio, a que todos são obrigados a assistir, já que as televisões também mostram o interior das casas. Nesse momento todos devem sentir um ódio visceral contra Inimigo Público Número 1.  Se alguém não colaborar, é preso, torturado e morto. 

Até há pouco tempo o nosso inimigo público número 1 era Putin, agora é Trump. Nunca foi Natanayu porque tem o apoio de Biden  (o Big Brother) e até de Trump “ é nosso aliado (dos capitalistas americanos)”. Jornalistas e comentadores nunca se atrevem a manifestar contra ele o ódio que manifestam contra os outros dois. Vocês já repararam nisso? Provavelmente não… 

Se pensarmos todos da mesma maneira e se sentirmos todos o que nos mandarem, somos fáceis de controlar. Já faltou mais, mas também já faltou menos para perseguirem os poucos que pensam de maneira diferente. 

Mas ninguém pode controlar um espírito livre.