A interpretação dos resultados do referendo (reverendo) faz lembrar a interpretação que a Teresa Guilherme fazia dos telefonemas para o Big Brothers (peço desculpa aos meus ledores (e já amigos) estrangeiros, mas volto às questões domésticas.)
Ela dizia que tal ou tal figura tinha sido expulsa pelos "portugueses", como se não estivesse careca de saber que a maioria esmagadora da populaça não era perdida nem achada em tal coisa... e muitos acreditavam, claro...
A meu ver, o que aconteceu foi o seguinte: mais de metade da população não votou. Poder-se-ia afirmar, como antigamente se afirmava, que quem não votou não tem opinião, não sabe, não reponde, coitadinhos dos ignorantes. Mas isso era na era A.B. (antes de existirem blogs): eu fartei-me de dar aqui opiniões para explicar a razão por que me abstinha e sei que convenci alguns.
A menos de metade da população que decidiu votar dividiu-se: pouco mais de metade dessa metade votou sim, pouco menos de metade dessa metade votou não. O sim deve ter tido cerca de 25 % dos eleitores.
Como, então, explicar a alegada grande vitória do sim? Se nem houve quorum para que o sim seja vinculativo? E reparem que eu sempre disse que nunca votaria não.
Os que fingem que a abstenção não existe consideram que foi uma grande vitória dos partidos
que defenderam o voto no sim, sobretudo do PS e do governo.
Os que pensam que ganhou a abstenção e que isso tem significado (como eu, que me abstive), afirmam que foi uma grande derrota dos políticos (visto que todos se empenharam activamente), dos partidos, da política em geral e sobretudo do PS e do governo, que se esforçaram bué.
Posso fazer uma gracinha? Aí vai: Esta parte não é a sério:
Foi uma grande vitória do Cavaco Silva, que não apelou ao voto e, teoricamente, se absteve. Como eu. E como milhões de portugueses com opinião. Haverá quem não a tenha em semelhante assunto?