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terça-feira, janeiro 02, 2018

O Paciente Português ( não confundir com o Paciente Inglês)


Todos nós, portugueses, sabemos que, se temos uma consulta médica marcada para as duas da tarde, a dita consulta só se realiza as seis ou sete da tarde. É claro que não nos passa pela cabeça perguntar a razão de tão inusitada demora, porque sabemos que não há nenhuma : é tradição dos médicos atrasaram-se.
No outro extremo da "classe social", passamos por situação idêntica: perguntamos a um empreiteiro quanto tempo poderá levar a fazer uma obra na nossa casa. Dois dias no máximo passam logo para duas semanas no mínimo, depois de feito o contrato (verbal! Ui!). 
Não passa pela nossa pobre cabeça perguntar a razão de tal demora: é tradição dos empreiteiros, ou trolhas ou canalizadores. Tal como não atenderem o telemóvel quando tentamos resolver o "nosso" problema, ou aumentarem para o dobro a quantia do orçamento, se não houve tempo para fazer tudo por escrito, ou mesmo se houve tempo. 
Conclusão provisória: é tradição comerem-nos as papas na cabeça e é tradição nós deixarmos. De portugueses para portugueses. A bem da naçom! 
Entretanto, contam-me que enfermeiros espanhóis a trabalhar aqui, ou outros a actuarem em Espanha com doentes portugueses, dizem que os doentes portugueses são muito obedientes e submissos: se os mandam tomar banho, vão logo, sem lhes passar pela cabeça dizerem que não lhes apetece, ou que não vão tomar banho nenhum porque estão doentes. Ou algo assim.
Enfim, somos mesmo pacientes. 

sábado, março 10, 2007

Faça-se luz!

Há bocado faltou-me a luz em casa, o que me recordou o que vou contar.
Vivi muito tempo numa rua pequena e sem saída, aqui em Lisboa. Era frequente faltar a iluminação pública da rua e, como éramos só umas dezenas de moradores, era sempre necessário telefonar para a Câmara. Eu assim fazia e duas horas depois lá estavam os senhores a resolver o problema. Mesmo que fosse domingo. Mesmo que eu telefonasse às duas da manhã.
Quando eu regressava de férias, é claro que não havia luz. É claro que estava escuro!
Mas não era por falta de opiniões: os meus vizinhos fartavam-se de protestar contra a Câmara, Contra a Junta de Freguesia, contra o Governo... só o que não lhes ocorria mesmo, era fazer um telefonema e resolver o problema.
Havemos de ir longe, a proceder assim!