domingo, abril 27, 2008

Ter medo é um perigo

Folheei agora, numa livraria, um livro interessante: defende a tese de que há mulheres que pensam demais. Neste caso, também se poderia afirmar que pensam de menos.


Trata-se de pensar excessivamente nos aspectos negativos da vida, nas más recordações...


Acho que é verdade que se pode pensar demais nestas coisas e comprometer com isso a felicidade presente e futura. Ocorreu-me, a propósito, um episódio remoto da minha vida.


Uma minha parente, que encontrei num velório, começou a contar a todo o mundo o seguinte: quando eu vivia no Algarve, há séculos, ela apareceu-me lá com o marido e com um barco a motor (talvez com o filho, não me lembro bem).


Contou a quem a quis ouvir que houve um grande problema com o barco no alto-mar, estivemos quase a morrer todos... foi horrível, diz ela.


Guardo desse episódio a recordação de um dia agradável, nem demasiado nem pouco, em que andámos de barco e em que foi necessário nadar um bocado, porque havia um pequeno problema, não me lembro qual. Recordo que foi preciso entrar e sair do barco a nadar, só isso... e que foi giro.


Quando lhe contei estas minhas memórias tão pouco dramáticas, respondeu:
- Pois, tu não tiveste medo nenhum, porque és inconsciente e não tens a noção do perigo!
- Obrigada! Já me têm dito que sou corajosa, mas inconsciente e sem a noção do perigo... de facto não...
- Conheço-te desde criança e sempre foste assim! -- declarou, perentória.


Concluo o seguinte, depois de folhear o livro ("Mulheres que pensam demais"): quem ficar a pensar em excesso nas situações em que teve medo, não sai de casa e só corre o risco de lhe cair o telhado em cima. Ou até mesmo o céu, como diz o Astérix.

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