Estas poupanças nos funerais, de que vemos notícias atualmente nos jornais, começando os familiares dos mortos a optar pelos ofícios mais baratos devido à crise, faz-me muito lembrar o romance de André Gide L'Écume des Jours, ou A Espuma dos Dias, livro que recomendo vivamente.
Neste romance, os funerais mais baratos, em vez de terem oficiantes tristes, tinham rapazes que assobiavam durante todo o cortejo fúnebre e dançavam em volta do túmulo.
O que dá vontade de rir no texto, como absurdo e surreal, é a ideia de que, pagando menos, se obtém mais trabalho dos agentes funerários, como esse de assobiar e dançar, em vez da atitude compungida e estática que se compra com os funerais mais caros.
Mas a vontade de rir é relativa...
Com jovens considerados "hiperativos", formados em escolas públicas, com direito a condições especiais de ensino, mas sem direito a entrar em universidades boas e a virem a ter bons empregos, será mesmo preciso pagar muito bem para estes mocinhos não assobiarem nem dançarem nos funerais e em toda a parte, como sempre fizeram nas aulas.
LOL sem LOL porque não tem graça.
Duplo LOL porque este romance parece hoje ser mais verdadeiro e mais atual.
Duplo LOL porque este romance parece hoje ser mais verdadeiro e mais atual.
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