quarta-feira, agosto 20, 2014

Erro ortográfico: pequena falha, sacrilégio, blasfémia, ou crime?

Temos tendência a considerar que a língua é sagrada, daí dizermos a língua de Camões, por exemplo, em vez de dizermos a língua de Bocage, de Gil Vicente ou do Quim Barreiros.

Daí os vários mitos existentes a respeito dos erros de ortografia, sobretudo dos próprios. E quase ignorando outro tipo de erros, como os de sintaxe, semântica, etc.

Vem a propósito dos erros dos professores, nos exames. Sim, há professores que não fazem nada, sim, há professores que não sabem nada, mas não é por darem erros que isso se comprova.

Se todos os dias caminhamos, se caminhar é fácil, também é verdade que às vezes caímos, porque nós enganamos a caminhar. Ou pelo menos tropeçamos ou batemos com o dedo grande numa pedra. 

Escrever é muitíssimo mais difícil, como seria possível não dar erros quem escreve muito? Para que servem os revisores das editoras e dos jornais e revistas, senão para corrigirem os erros dados, às vezes, por grandes escritores e grandes jornalistas? Se o erros é tão grave, por que razão se considera isto normal?

É vulgar ouvirmos alguém dizer que, ao terminar a quarta classe, já dava zero erros. Mas não é preciso ler algo que escrevam para constatar que ainda hoje dão inúmeros: 'subterrado debaixo de água', 'camufula', 'Sócras' em vez de Sócrates, etc...

Davam zero erros? Mas até mesmo esta expressão não é muito correta: é como dizer que comeram zero bolachas, zero pêssegos, zero batatas... E eram poucos os que davam 'zero erros'.

É caso para dizer que 'presunção e água-benta'...

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