Antes do ano 2000, eu queixava-me frequentemente de que vivíamos, não apenas num pais atrasado, mas num mundo muito atrasado.
Nessa altura, eu gostava de frequentar bares noturnos e outros espaços noturnos sozinha, pois não me apetecia estar dependente de outras pessoas, das disponibilidades de outras pessoas e das opiniões e sensações de outras pessoas para fazer o que me apetecesse.
E a verdade é que, ir a um bar noturno ou ao teatro ou a outro evento noturno nada tem a ver com companhia. Já para não dizer que, mesmo de dia, era suposto ou é suposto irmos acompanhados a estes sítios.
E todos nós nos lembramos de como algumas vezes adoramos uma situação, um espetáculo, ou seja o que for, para ouvir o nosso acompanhante dizer que detestou, por isto ou por aquilo. (Isto é particularmente verdade para quem muda de terra e não tem nessa terra amigos antigos.) Ora, se não precisamos de companhia par ler um livro, para que precisaríamos dela para ver um espetáculo de teatro?
Quando me respondiam que nos outros países também era assim, não era suposto alguém ir sozinho a um sítio noturno, eu respondia que os outros países também estavam atrasados. Todos? Sim.
É suposto nós fazermos o que nos apetece e irmos onde queremos, independentemente de irmos ou não acompanhados por algum paspalho. Imagino quantas pessoas casaram com paspalhos, apenas para poderem fazer aquilo que queriam fazer. Sobretudo mulheres.
Desde a entrada no século XXI, não me queixo de nada. Parece-me que vivemos numa era mais civilizada.
Mas ocorre-me agora: quando me diziam que certas coisas nem eram normais aqui nem em lado nenhum, nem mesmo na América (USA) e eu respondia que era o mundo todo que estava atrasado, as pessoas ficavam abismadas.
- O quê? A América está atrasada?
- Não!…
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