As vezes encontro sítios onde me tratam muito bem, aqui e no estrangeiro. O restaurante Dom Pomodoro nas Docas era um deles. Abriam para mim todo o primeiro andar, no verão, e eu ficava lá sozinha na minha mesa preferida, mas isso implicava acender todas as luzes, ligar o ar condicionado e os empregados subirem umas escadas de madeira rangentes. Sozinha, não. Iam lá todos ver-me e dar-me beijinhos e Limoncello. Que saudades, ao comer este arremedo, bom, mas sem comparação. Não precisava sequer de pedir: até os empregados novos sabiam que queria Rigatoni Pasticiatti e vinho branco da casa. Só, porque comia tudo. Nem sequer era uma consumidora frequente e cara. São pessoas que apreciam a minha extravagância, como o gosto da solidão. Mas é claro que levei lá alguns convidados. Que se banzaram com o tratamento especial.
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