Numa biblioteca que agora tenho acesso, com muitos livros antigos, descubra primeira edição de A Farsa de Raul Brandão.
Nunca tinha lido este livro, que é grandioso, no modo como traduz a mesquinhez da alma humana.
A personagem principal, a Candidinha vive da caridade, não como pedinte mas como alguém de certo estatuto a quem as pessoas da sua condição pequeno burguesa dão o essencial, troco da sua humilhação.
Todo o livro é sobre o ódio e a inveja, numa personagem que só tem semelhante na criada Juliana de o Primo Basílio de Eça de Queirós.
Esmiuçar a maldade dos pobres e humilhados deve ser, no mínimo, cansativo para o autor (autores) e é, no mínimo, revoltante para quem lê.
Será talvez por isso que esta obra não é conhecida, rejeitada, talvez após o 25 de abril.
Muitíssimo bem escrita e analisando os meandros do desejo, da frustração, mas também do sonho.
Por contraste, aparece também uma personagem muito pobre e muito materna, com uma grande bondade. Uma criada de servir, a Joana.
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