Sabe, eu hoje vendi muita coisinha na Feira da Ladra e agora já me vou embora, ainda levo estes sacos todos e o carrinho... Vou apanhar o 12, depois o 36 e depois ainda apanho a carreira para Santa Iria de Azóia. Vendi muitos sininhos de Natal, 6 a 50 cêntimos. Vendi-os todos.
Quanto é que se paga para montar a venda na Feira? Sei lá! Eu nunca paguei nada! A minha mãe é que pagava, mas naquele tempo era mais barato e vendia-se mais...
A que está ao pé de mim, se não vende, estraga tudo e deita fora tudo. Leve para casa, digo eu, eu é que sei, diz ela, não levo, que dá muito trabalho carregar isto tudo. Dê a um pobre, digo eu, isto é para vender, não é para dar, diz ela. A roupa que não vende, corta-a aos bocados com uma tesoura.
Copos de casamento, copos bons, canecas, hoje não vendeu nada, pegou num martelo e partiu tudo em bocados pequenos. Eu até tive medo que me acertasse com um vidro aqui. Ou aqui! Mas ela parte tudo. E corta a roupa com uma tesoura. Não dá nada a ninguém. Diz que é pra vender, não é para dar.
Foto: reclame da Caixa Multibanco, à venda.