Agora com as esplanadas abertas e os restaurantes fechados, devido ao relativo desconfinamento da pandemia, voltam a surgir os velhos problemas das esplanadas, até com mais força.
Há uma fila nas esplanadas-quiosque, para ir buscar o café, a comida, o que for. Enquanto estamos na fila, aparecem bandos de pessoas que ocupam as mesas vazias. Ficam sentados e felizes, à espera que a fila diminua, depois vão buscar um café para todos, ou mesmo só um café para um.
Ontem sentei-me a uma mesa, já depois de comprado café, levo-o na mão e vem um bando dizer-me que estava naquela mesa. Já têm alguma coisa para tomar? Não. Mesmo assim, chegaram primeiro à mesa, eu é que estou a mais.
Hoje, a mesma coisa: a empregada tirou um bando para eu me sentar e, antes de eu chegar à mesa, já lá estava outra pessoa instalada, sem consumir nada. Não vê aquela fila? Vejo, mas pensei...
E volta a linguagem absurda:
- não se sente nesta cadeira, porque está aí a minha irmã!
- eu estou sentada em cima da sua irmã?
- Não, mas essa cadeira está ocupada por ela!
- Como assim? Não está aqui ninguém!
- Mas ela estava aí.
- Mas já não está...
Não importa quem chegou primeiro, importa quem tomou posse primeiro. Isto é daquelas coisas portuguesinhas absurdas e ridículas...
Em Itália, já decidiram que, em excursões de autocarros com portugueses, quem vai à frente no primeiro dia, vai atrás no segundo, pois o portuguesinho coloca-se à frente no primeiro dia para reservar e ocupar o lugar toda a semana. Um casal de casados chega em último lugar e fica de pé à espera que alguém se levante para os deixar ir lado a lado mais 10 kms.O quê? Ninguém se levanta? Ninguém respeita a sagrada instituição do casamento?
Nos hotéis, vão de manhã colocar toalhas em todos os lugares das piscinas, esperando encontrá-las ao fim da tarde, quando regressarem dos passeios, na intenção de que ninguém os tenha ocupado, entretanto. Alguns lixam-se, ficam sem as toalhas, sem os cremes, sem o telemóvel... a chicoespertice tem uma componente de ingenuidade bacoca.
Prefiro mil vezes viajar com espanhóis, que não fazem nada disto.
Quando é que nos livramos desta mentalidade?
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