Lembram-se da Boneca da Montra?
Aquela boneca lindíssima que estava na montra?
A boneca que nós desejávamos levar para casa e amar para sempre, mas que tínhamos vergonha, medo, terror de pedir? E que nunca esquecemos porque nunca a tivemos, assim como a teríamos esquecido como uma das bonecas vulgares que usamos, até as termos escaqueirado em frangalhos, para sempre?
A minha Boneca da Montra eram umas galochas brancas de plástico, que havia aos montes na feira da minha terra, que não tinha montras nem bonecas. Ainda hoje sonho com elas, de noite, a dormir. Eram muito baratas, mas eu não sabia nada de preços. Um dia mostrei-as à minha mãe, com um ar de quem não quer a coisa (mas queria, juro!). Respondeu que não prestavam, que eram geladas para o Inverno (era Inverno) e esqueceu o assunto imediatamente. Eu não. Ainda me lembro.
Ainda hoje sonho com elas, de noite a dormir: duas botas brancas lindíssimas, ali assim.
Comprei esta boneca da montra, o computador pequenino e branco, mas maior do que o outro, também pequenino e branco, como duas botas brancas, pequeninas e desemparceiradas da feira onde as via de quinze em quinze dias...
Quando comprei o mais pequeno, que só tem 2 Gigabites de memória, postei aqui vários textos sobre a Boneca da Montra. Incluindo um concurso com prémios incríveis... eu não disse que eram bons, só que eram incríveis...
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Quanto às botas, galocha, tão brancas como estes dois netbooks, comprei no Outono passado umas galochas pretas de plástico e lindíssimas, no Stockmarket. E uma minha colega super-hiper-tia-de Cascais (em vez de Cascais talvez da Vorduzela, Vuvu) apontou-as a dedo e exclamou:
- São de plástico!
- Oh! Não! - exclamei eu, em pânico - É proibido? Vou presa por usar botas de plástico?!
Será proibido usar galochas pretas de plástico, em vez das galochas brancas e maravilhosas da minha infância... que povoam os meus sonhos a dormir...
Que sonhos! Que maravilha! Que terror!
Como é maravilhosa e terrível a juventude! Como o terror não desaparece com o tempo!