Venda ambulante de perus em Lisboa
Eu gostava de ouvir o meu avô, no Norte, contar-me as suas aventuras do tempo em que fez o serviço militar em Lisboa.
A Lisboa que então descrevia, era para mim uma cidade tão invisível como as de
Italo Calvino.
Não correspondia em nada ao que eu conhecia e, sim, às vezes imaginava-a a preto e branco, pois havia muito carvão. Algumas partes eram escuras.
Nesta cidade que amo, gosto de imaginar como a descrevem no passado, como me dizem que era, como me contaram que era. Só a conheci moderna e cosmopolita, ou melhor, pré-cosmopolita, como é agora. Não a Lisboa rústica com perus e rebanhos a atravessarem-na.
Tenho recebido Powerpoints com fotos, o meu amigo Heitor Rodrigues passou algumas dessas fotos para formato que pode ser partilhado aqui. Vou pedir-lhe que faça isso com outros.
Farei toda uma série de posts com fotos antigas de Lisboa. Chamar-se-á
Cidades Invisíveis, em homenagem a Italo Calvino.
E ao passado, que também é invisível.
As duas fotos iniciais, tenho a informação de terem sido feitas em 1891, a primeira no Rossio. Ainda era vivo Eça de Queirós, que morreu em 1900.
Pela mesma época, uma vendedora de galinhas, que não iam pelo seu pé, mas numa pequena gaiola. Todos vivos. Será que os compravam vivos? OU?!