De vez em quando faço uma visita, mais de estudo que outra coisa, à Feira Biológica do Príncipe Real. Já aqui escrevi duas vezes sobre isso: da primeira vez tendo ficado muito espantada com o que vi, da segunda já mais ambientada.
E agora.
A primeira coisa que me impressionou foram as urtigas. Não eram caras, um pequeno molho custava só 70 cêntimos. É verdade que na natureza são grátis, mas também é raro encontrá-las tão viçosas. Só uma vez, em que fiz uma excursão saudosista a um lugar muito bonito à beira-rio e em que viemos todos (eu e as pessoas que convenci a irem comigo) a gemer, com as pernas e os pés a arder, (era Verão) é que as vi tão viçosas e frscas. E numa grande extensão de terreno, campos e campos que tivemos de atravessar. Mas creio que essas urtigas não foram vendidas a 70 cêntimos o molho, talvez por não haver quem as comprasse, no que se perdeu uma boa maquia.
Enfim, como gosto de experimentar coisas novas, mas como sinto um certo receio em transportar um molho de urtigas, fui tomar o pequeno almoço a um café muito bonito e muito "in", enquanto meditava no assunto: tinham-me garantido que as urtigas dão uma sopa deliciosa, com muito ferro e que faz muito bem, e secas dão um chá muito bom.
Enfim, quando regressei o meu dilema tinha sido resolvido, pois todos os molhos de urtigas a 70 cêntimos tinham voado como por encanto, o que significa que não falta quem as queira.
Restou-me comprar umas fitinhas chamadas erva-do príncipe, muito boas para fazer um chá digestivo e saboroso, garantiram-me, e que se dependuram na cozinha voltadas para baixo, como fazem as bruxas com os chás. É o que vou fazer. Talvez um dia até dependure do tecto da cozinha uma réstia de cebolas e outra de alhos. Sobretudo se vierem aí os tempos do racionamento. Quem sabe? Já estivemos mais longe deles.