Todas as terras julgam chamar-se A Terra. Todas as terras são, para quem mora nelas, o Umbigo do Mundo. Sempre que desembarquei em terra, depois de ter navegado pelos mar, senti que a terra era imunda. E enjoei.
segunda-feira, novembro 27, 2006
domingo, novembro 26, 2006
Caldo!
Quando eu vivia na minha terra, há muitos e muitos anos, havia lá uma família muito pobre, entre muitas, claro. O pai era mineiro, os filhos eram sete, a mãe não trabalhava, quero dizer, só trabalhava a cuidar dos filhos e do casinhoto…
Comiam caldo todos os dias, e davam graças a Deus pelo caldo que recebiam.
Mas às vezes, a mãe fazia umas tainadas, verdadeiras manjorradas, por exemplo, fritava umas batatas, uns ovos…
Quando o Sr. Manel Joaquim chegava a casa depois duma dessas manjorradas, vindo de um dia de escuridão, entrando para uma noite de escuridão, até parecia que lhe cheirava! E perguntava, laconicamente, que era de poucas falas:
- Vós que comeros?
A esta pergunta, respondiam todos em coro com a mãe:
- Caldo!
E assim enganavam o pobre do homem.
Até que um dia… bem, há sempre um dia, nas histórias, não é?
Até que um dia… havia uma menina, que era a mais nova e que quase ainda nem sabia falar, mas que já ia dizendo umas coisas…
O Sr. Manel era esperto. Pegou na menina ao colo, tratou-a bem, (os pais não tratavam bem os filhos, tinham de impor respeito, claro!) e depois perguntou:
- Ó minha menina, vós que comeros?
O suspense foi geral, na sala-cozinha-quarto de dormir-camarata-hall de entrada-casa de banho-Cinco assoalhadas em uma. Seis ou sete em um. Estavam todos à espera de apanhar uma surra, porque tinham comido um chouriço com ovos.
É que ninguém se tinha lembrado de industriar a pobre da pequena. E a pobre da pequena também não estava habituada àqueles afectos… “de pequenino… (diz o ditado) se troce o” não sei o quê.
E por fim, a menina já estava quase a adormecer no ombro do pai.
- Ó minha menina, vós que comeros?
E a pequenita abriu a boca, pensou, repensou e disse:
- Caldo!
Comiam caldo todos os dias, e davam graças a Deus pelo caldo que recebiam.
Mas às vezes, a mãe fazia umas tainadas, verdadeiras manjorradas, por exemplo, fritava umas batatas, uns ovos…
Quando o Sr. Manel Joaquim chegava a casa depois duma dessas manjorradas, vindo de um dia de escuridão, entrando para uma noite de escuridão, até parecia que lhe cheirava! E perguntava, laconicamente, que era de poucas falas:
- Vós que comeros?
A esta pergunta, respondiam todos em coro com a mãe:
- Caldo!
E assim enganavam o pobre do homem.
Até que um dia… bem, há sempre um dia, nas histórias, não é?
Até que um dia… havia uma menina, que era a mais nova e que quase ainda nem sabia falar, mas que já ia dizendo umas coisas…
O Sr. Manel era esperto. Pegou na menina ao colo, tratou-a bem, (os pais não tratavam bem os filhos, tinham de impor respeito, claro!) e depois perguntou:
- Ó minha menina, vós que comeros?
O suspense foi geral, na sala-cozinha-quarto de dormir-camarata-hall de entrada-casa de banho-Cinco assoalhadas em uma. Seis ou sete em um. Estavam todos à espera de apanhar uma surra, porque tinham comido um chouriço com ovos.
É que ninguém se tinha lembrado de industriar a pobre da pequena. E a pobre da pequena também não estava habituada àqueles afectos… “de pequenino… (diz o ditado) se troce o” não sei o quê.
E por fim, a menina já estava quase a adormecer no ombro do pai.
- Ó minha menina, vós que comeros?
E a pequenita abriu a boca, pensou, repensou e disse:
- Caldo!
sexta-feira, novembro 24, 2006
Tão Inacontecente
A Jubi, A Mariana e outras pessoas devem andar banzadas por eu andar tão virada para a realidade portuguesa, que é tão pequena e tão inacontecente.
Os países felizes não têm história, acho que dizem, mas os países infelizes nem existem.
Portanto, eu vou voltar a falar dos bonequitos Maias chamados “Quitapenas”, que se estão a tornar conhecidos no planeta, vindos directamente de alguma aldeola do Terceiro mundo. E aí vai.
“Quando descobri os bonequitos Maias, eu andava deprimida e com insónias.
Coloquei um debaixo da almofada e, sempre que me lembrava dele, dava-me vontade de rir. É suposto a gente falar com eles, mas as figuras têm um ar tão tosco e tão parvo… e são minúsculas…
Dias depois, a D. Aurora fez a cama, aspirou o chão e aspirou também e deitou ao lixo o bonequito (ou, como se diz no Norte, não sei porquê, “macaquito”, ou, como creio que se diz no Brasil, mais logicamente, “hominho”).
E Ódespois, de cada vez que eu me lembrava que o hominho Maia tinha ido parar ao lixo, depois de ter sido aspirado, dava-me vontade de rir.
Em conclusão: o “Espanta Penas” resulta. E eu até poupei bué dinheiro em psicanalistas, psiquistas, espíritas, pastilhas e outros modos de não ceder ao sentido de humor."
Os países felizes não têm história, acho que dizem, mas os países infelizes nem existem.
Portanto, eu vou voltar a falar dos bonequitos Maias chamados “Quitapenas”, que se estão a tornar conhecidos no planeta, vindos directamente de alguma aldeola do Terceiro mundo. E aí vai.
“Quando descobri os bonequitos Maias, eu andava deprimida e com insónias.
Coloquei um debaixo da almofada e, sempre que me lembrava dele, dava-me vontade de rir. É suposto a gente falar com eles, mas as figuras têm um ar tão tosco e tão parvo… e são minúsculas…
Dias depois, a D. Aurora fez a cama, aspirou o chão e aspirou também e deitou ao lixo o bonequito (ou, como se diz no Norte, não sei porquê, “macaquito”, ou, como creio que se diz no Brasil, mais logicamente, “hominho”).
E Ódespois, de cada vez que eu me lembrava que o hominho Maia tinha ido parar ao lixo, depois de ter sido aspirado, dava-me vontade de rir.
Em conclusão: o “Espanta Penas” resulta. E eu até poupei bué dinheiro em psicanalistas, psiquistas, espíritas, pastilhas e outros modos de não ceder ao sentido de humor."
quarta-feira, novembro 22, 2006
Que lata!
A minha professora de Desenho, uma artista verdadeira, escultora, que ensina desenho gratuitamente como caridade, (juro!)
Enfim, a minha professora de Desenho deu-me este raminho de folhas para desenhar e disse que oferecia os raminhos aos alunos que os quisessem plantar…
Desenhei-o, mas tão mal que não me atrevo a publicar aqui o resultado, (A NÃO SER QUE VOCÊS ME PEÇAM), enfim… nem é modéstia, é mesmo inabilidade…
Depois, distraidamente, levei o ramelho para um restaurante das Amoreiras onde jantei. A criatura que servia à mesa pegou nele para o deitar ao lixo, mas o encarregado das criaturas explicou-lhe que ninguém vai com uma plantinha para um restaurante com a intençao de a deitar ao lixo!!!!!!! PERCEBES???? Percebestes? Ouvistes?
A rapariga pediu desculpa e devolveu-me o esquecido vegetal, o que agradeci distraidamente. Ao chegar a casa, tarde da noite, ocorreu-me a ideia de colocar as folhas num vaso com água, onde tenho um salgueiro (juro!) um salgueiro vivo só em água e que dá carneirinhos na Páscoa. A D. Aurora, dias mais tarde, viu esta as folhitas e plantou-as aí onde as vedes.
E elas ainda tiveram o descaramento de dar flor! Pode?!
É por isso que eu gosto dos italianos
É por isso que eu gosto dos italianos. Aqui temos um blog em que se faz um libelo a favor do véu islâmico. Quem não entender italiano pode ver a mensagem, na fotografia de 14 de Novembro.
http://omardottorpitxurri.blogspot.com/
A rapariga que serve no bar chama-se Sílvia
http://omardottorpitxurri.blogspot.com/
A rapariga que serve no bar chama-se Sílvia
Vivam os Artistas Vivos
Como apreciadora de poetas vivos, artistas vivos e demais viventes, vou acrescentar aos meus blogs favoritos um de Israel, que, aliás, já estava aqui referido há meses, da pintora israelita Hadasa Stoler. Descobri-a por acaso na net.
Ela não entenderá o que escrevo, mas talvez entenda o esssencial do que quero dizer.
Ela não entenderá o que escrevo, mas talvez entenda o esssencial do que quero dizer.
segunda-feira, novembro 20, 2006
domingo, novembro 19, 2006
Esperem...
Há uma expressão popular que é assim:
É lindo como o sol de Inverno.
Vou ver se capto esta beleza, em fotografias.
E, já agora, em textos, mas é claro que não coloco aqui nem a décima parte do que escrevo...
Esperem...
É lindo como o sol de Inverno.
Vou ver se capto esta beleza, em fotografias.
E, já agora, em textos, mas é claro que não coloco aqui nem a décima parte do que escrevo...
Esperem...
Fotografias
Juro-vos que, antes de ter estes blogs, eu nem sabia que tinha jeito para a fotograia. Sabia que era criativa, claro, mas a fotografia é hoje bem mais simples e barata do que há uns anos atrás.
Devo agradecer à Carla os vários elogios que têm sido feitos às minhas fotos, não só nos blogs, mas por aí (na vida real).
vejo que tenho muito que aprender e que descobrir, mas também entendo que este pode ser um dos meus caminhos.
E aconselho todo o mundo a fazer um blog.
Devo agradecer à Carla os vários elogios que têm sido feitos às minhas fotos, não só nos blogs, mas por aí (na vida real).
vejo que tenho muito que aprender e que descobrir, mas também entendo que este pode ser um dos meus caminhos.
E aconselho todo o mundo a fazer um blog.
quinta-feira, novembro 16, 2006
terça-feira, novembro 14, 2006
O Estado da Nação O Futuro Parte II
(Algures no futuro, talvez 2015 ou 2020)
- Ó progenitora, porque é que tu não me acordaste às 4 da manhã?
- Ó pá, porque só acordei ás 10 e meia, filha. E porque hoje é Domingo!
- Mas eu tenho de acabar de ler as obras completas de Dostoievsky…
- Ó filha, mas tu acabaste de ler as obras completas de Turgueneyev e de Dante Allighieri!
- Esqueces-te de que a minha professora de Português diz que nós não sabemos ler nem escrever Português, aliás, toda a gente diz isso da nossa geração…
- Mas também já diziam isso da minha, e da do teu avô…
- Tens a certeza?
- Pois, a tua avó, aliás, não gosta nada que tu lhe chames “antepassada ancestral”.
- Só porque gosto de falar bem? Ora, a juventude não é compreendida.
- Falar bem, falar bem... Nós temos o Camões como modelo… era o dia da raça e de Camões, agora é o dia de Camões e das Comunidades Portuguesas, até parece que nos estamos constantemente a comparar ao zarolho…
- Ora, chamar-lhe zarolho, ó progenitora!
- Que até gostava de beber o seu copo… que nisso, realmente somos quase todos como ele, é verdade… e de namorar…
- Na tua geração, até admito que falem assim, mas eu preciso de ter uma média de 19,87 para entrar para o meu curso, e a minha Professora de Português idolatra o Camões. Acho que nunca leu “Os Lusíadas” duma ponta à outra, claro!
- Credo! Alguém alguma vez terá feito tal coisa?
- Creio quer o próprio Camões o deve ter feito…
- Ó filha, mas por que não tiras um cursinho mais fácil? Engenharia, Direito, Medicina?
- Ora, francamente! Os correligionários dessas profissões agora pertencem à classe média!!!...
- Pois, realmente…
- E a classe média está completamente a zeros. Em termos de dinheiro, bem entendido. Não é?
- Ai, lá isso é. Mas…
- Qual mas? Eu vou tirar o curso de canalizadora. E depois vou ser especialista em canalização de esgotos…
- Uma coisa que cheira mal…
- Mas que dá dinheiro!
- Lá isso! Já antigamente, no dicionário de interpretação dos sonhos, sonhar com m,,,, quer dizer, sonhar com isso, queria dizer dinheiro.
- E eu sonho com isso e com dinheiro.
- E como não vou ser classe média e sim proletária, tudo bem. Nem a esquerda nem a direita nem o centro se atrevem a contestar os direitos dos proletários.
P.S.. (Cruzes, credo! O que eu quero dizer é: “Post Scriptum”): Talvez vocês tenham notado que eu, Nadinha, nem sou muito de dizer palavrões. Talvez por ser do Norte… Ganhei alergia…
- Ó progenitora, porque é que tu não me acordaste às 4 da manhã?
- Ó pá, porque só acordei ás 10 e meia, filha. E porque hoje é Domingo!
- Mas eu tenho de acabar de ler as obras completas de Dostoievsky…
- Ó filha, mas tu acabaste de ler as obras completas de Turgueneyev e de Dante Allighieri!
- Esqueces-te de que a minha professora de Português diz que nós não sabemos ler nem escrever Português, aliás, toda a gente diz isso da nossa geração…
- Mas também já diziam isso da minha, e da do teu avô…
- Tens a certeza?
- Pois, a tua avó, aliás, não gosta nada que tu lhe chames “antepassada ancestral”.
- Só porque gosto de falar bem? Ora, a juventude não é compreendida.
- Falar bem, falar bem... Nós temos o Camões como modelo… era o dia da raça e de Camões, agora é o dia de Camões e das Comunidades Portuguesas, até parece que nos estamos constantemente a comparar ao zarolho…
- Ora, chamar-lhe zarolho, ó progenitora!
- Que até gostava de beber o seu copo… que nisso, realmente somos quase todos como ele, é verdade… e de namorar…
- Na tua geração, até admito que falem assim, mas eu preciso de ter uma média de 19,87 para entrar para o meu curso, e a minha Professora de Português idolatra o Camões. Acho que nunca leu “Os Lusíadas” duma ponta à outra, claro!
- Credo! Alguém alguma vez terá feito tal coisa?
- Creio quer o próprio Camões o deve ter feito…
- Ó filha, mas por que não tiras um cursinho mais fácil? Engenharia, Direito, Medicina?
- Ora, francamente! Os correligionários dessas profissões agora pertencem à classe média!!!...
- Pois, realmente…
- E a classe média está completamente a zeros. Em termos de dinheiro, bem entendido. Não é?
- Ai, lá isso é. Mas…
- Qual mas? Eu vou tirar o curso de canalizadora. E depois vou ser especialista em canalização de esgotos…
- Uma coisa que cheira mal…
- Mas que dá dinheiro!
- Lá isso! Já antigamente, no dicionário de interpretação dos sonhos, sonhar com m,,,, quer dizer, sonhar com isso, queria dizer dinheiro.
- E eu sonho com isso e com dinheiro.
- E como não vou ser classe média e sim proletária, tudo bem. Nem a esquerda nem a direita nem o centro se atrevem a contestar os direitos dos proletários.
P.S.. (Cruzes, credo! O que eu quero dizer é: “Post Scriptum”): Talvez vocês tenham notado que eu, Nadinha, nem sou muito de dizer palavrões. Talvez por ser do Norte… Ganhei alergia…
domingo, novembro 12, 2006
FIL: Arte Lisboa
sexta-feira, novembro 10, 2006
Bonequitos Maias
Em respeito aos Bonequitos Maias, encontrei a explicação, com fotografia e tudo, no blog
http://www.abriles.blogspot.com/
que também encontrei aqui no meu.
É muito giro. Chamam-se Quitapenas.
http://www.abriles.blogspot.com/
que também encontrei aqui no meu.
É muito giro. Chamam-se Quitapenas.
As Confissões de Leontina - teatro
Fui ontem ver uma peça extraordinária, As Confissões de Leontina , no Teatro Nacional D. Maria II, com a actriz brasileira Kelzi Ecard, que não conhecia, mas adorei.
Vou escrever o meu comentário sob a forma de carta a esta actriz.
Talvez Você:
Este Verão fui a São Salvador à procura de Jorge Amado, mas não o encontrei lá.
Não gostei do que vi e morri de medo do mundo em que vivemos: um oásis perdido em imensos desertos.
Ao ver a sua peça, encontrei, na primeira pessoa, aquilo que suspeitei, imaginei e pressagiei sem ter desejado fazê-lo, na minha muito breve estadia por essas terras. A miséria nua e crua, a ausência da beleza, o isolamento absoluto de tudo. E a fragilidade dos oásis.
Mas também encontrei o afecto, a beleza, a alegria pura, a sensação completa.
No fim da peça, senti o impulso de a abraçar, talvez a si, talvez à personagem, talvez às duas.
Mas sinto que ainda não vivemos no tempo dos abraços.
Vou escrever o meu comentário sob a forma de carta a esta actriz.
Talvez Você:
Este Verão fui a São Salvador à procura de Jorge Amado, mas não o encontrei lá.
Não gostei do que vi e morri de medo do mundo em que vivemos: um oásis perdido em imensos desertos.
Ao ver a sua peça, encontrei, na primeira pessoa, aquilo que suspeitei, imaginei e pressagiei sem ter desejado fazê-lo, na minha muito breve estadia por essas terras. A miséria nua e crua, a ausência da beleza, o isolamento absoluto de tudo. E a fragilidade dos oásis.
Mas também encontrei o afecto, a beleza, a alegria pura, a sensação completa.
No fim da peça, senti o impulso de a abraçar, talvez a si, talvez à personagem, talvez às duas.
Mas sinto que ainda não vivemos no tempo dos abraços.
Comments por lapso
Por lapso, cliquei numa coisa qualquer, que, por lapso, impedia as pessoas de fazerem comentários directamente. Agora já podem.
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