quarta-feira, maio 17, 2006

Estado da Nação: Padamon: Part Three

Não sei se sabem que um negócio que está a dar é casar com emigrantes, pagando eles. Se forem jogadores de futebol, por exemplo, ganha-se bem.
A Albira Alzira resolveu então casar com um desses, para equilibrar o orçamento e escapar do Tobias..
Rashid dizia ser brasileiro, tinha cara de indiano, falava uma coisa que ninguém entendia e, depois de casar com Albira, passou a ser português e a jogar na selecção portuguesa, no Mundial de Futebol. Como ele tinha uma religião indiana, podia casar com várias mulheres. O ser a Albira também casada era algo que os advogados iriam depois resolver, da maneira como resolvem tudo: vão adiando até que o Papa venha a Fátima. Nessa altura há uma amnistia e os processos são arquivados.
O pior é que este Papa não parece ter grande vontade de sair de casa.

Quando o anterior Papa cá vinha (isto é para a Jubi, que não sabe), havia uma amnistia. Quem tinha multas para pagar esperava até haver a amnistia, quem tinha insultado o vizinho também esperava até o processo ser arquivado: o vizinho ficava insultado e o insultador ficava ilibado.
Durante 15 dias, Lisboa parecia um daqueles bairros perigosos de Nova Iorque (do tipo Hill Street). Os polícias andavam nova roda-viva, (pareciam os do CSI Miami), menos aqueles muitos polícias que eram como o nosso Tobias, uns padamões ( o mesmo que murcões). Mas depois voltava tudo à pacatez desta terra (imunda) e os amnistiados voltavam para a cadeia, desta vez com a pena agravada por terem feito mais alguma.

Qualquer escritora moderna a sério, neste momento escreveria aqui uma receita de cozinha, para despertar sensações gustativas e olfactivas e tácteis e outras. Mas eu, que falho muito nesse ponto, enfim…
Deveria ter ervas aromáticas e palavras de som esquisito como osso da suã, (não confundir com chez Swann) rabadilha, manzanilha… esfregar com força (sensações tácteis), etc.
Por favor, Laurindinha, eu e os meus leitores já estamos fartos de mousse de manga! Queremos uma receita de salgados, pouco engordativa e fácil de fazer.

Mudou-se a Albira Alzira para casa do brasileiro (no papel) jogador de futebol português e levou os filhinhos.
Uma semana depois apareceu por lá o Tobias Jaquim e pegou logo nos comandos todos da televisão, do DVD, do iPode, etc. Isto não estava previsto, portanto não foi controlado.
No Mundial de Futebol, pela primeira vez, estava a família toda reunida a ver o jogo, quando o recente marido da Albira Alzira cai morto com uma síncope.
Alegria geral na sala: estamos ricos!
Vários dias a Albira Alzira festejou com as amigas e com o amigo gay, até que começaram a aparecer muitas pessoas esquisitas, indianas. Eram os sogros, as sogras, os cunhados, as outras esposas, etc., do Rashid. Vinham todos com um ar abatido e, apesar do problema da tradução, lá acabaram por perceber que a Albira tinha que ir com eles para a Índia.
Quando lá chegou, veio então a descobrir que o marido pertencia àquela religião em que as viúvas são queimadas vivas, juntamente com o falecido, na pira funerária.
Coitadinha da Albira Alzira! Para se livrar duma chatice, acabou por "se meter em assados" (entre aspas) ainda piores. E tudo por vossa culpa! Da vossa vocação para o martírio!

Cenas dos próximos capítulos: que fazer com o viúvo Tobias Jaquim? Isto não estava previsto, portanto não foi controlado.

Só escrevo a continuação se vocês disserem que querem ouvir.

2 comentários:

Anónimo disse...

Estou com pouco tempo, "Nadinha"... :) Mas o problema nem é esse. Depois de ler na diagonal o apelo que me fez, ainda tentei lembrar-me de salgados fáceis e pouco engordativos... (Nem sei bem se o grupo de "salgados" a que se referia era mais lato ou mais estrito... Lembrei-me de algumas hipóteses, desde a simples broa com queijo fresco até àquela salada de rúcula e agriões com cubinhos de requeijão, a que pode juntar o que a imaginação e o gosto deixarem). Mas quando li melhor todas as exigências, e particularmente aquela sobre "palavras de som esquisito como osso da suã, (não confundir com chez Swann) rabadilha, manzanilha…" tive de me resignar à minha incapacidade. Enfim, até os matemáticos têm equações impossíveis. L

Nadinha disse...

Morri a rir com este comentário, mas o pão com queijo não me parece mau, nem difícil. Obrigada.