sábado, agosto 01, 2009

Sputnik, meu amor

Confesso que adiei indefinidamente a leitura deste livro do japonês Haruki Murakami, considerado um livro de culto e um autor de culto e confesso que o fiz por puro preconceito.
Esperava, num autor japonês, que falasse do Japão e Sputnik não tem nada a ver com o Japão.
Preconceito: acaso os meus livros falam de Portugal? Realmente não. Só o texto " A Ilha das Cruzes" que é uma comédia e que se refere ao Sec. XVIII.

Num planeta global, não devemos esperar exotismo. Não há exotismo.

Sputnik refere-se àquele satélite, o primeiro, que foi para o espaço, levando uma cadela, a Laika.
Genialmente, refere-se à solidão da cadela, olhando para o espaço sideral, o primeiro ser a vê-lo, mas sem observar coisa alguma, talvez sentindo a falta das pessoas... ou dos cães e das cadelas.

Este livro fala da solidão contemporânea. Não necessariamente uma coisa má, digamos que sobretudo, uma coisa nova. E muito familiar a todos nós.
Já aqui tenho falado da solidão, mas duvido que me tenham entendido. Não estava a lamentar ninguém... a solidão não me parece pior do que o excesso de companhia. Pelo contrário.

O narrador do livro é um professor primário japonês, a passar as férias de Agosto, prosaicamente, em Tóquio, a terra onde vive. Fazendo "amor" esporadicamente com mulheres que não têm significado para si. Apaixonado por uma incipiente mas muito vocacionada escritora literária, que parece ser autista, até ao momento em que se apaixona ela mesma por...
Uma mulher casada.

E o resto... Bem, felizmente, ainda não li.
Desejem-me momentos de agradável leitura. Bem merecemos, todos nós, depois de tanto "trash".
Tradução de Trash: os americanos inventaram o lixo em múltiplos aspectos, mas também inventaram a designação de coisas que não valem nada como sendo lixo: lixo televisivo, lixo literário, lixo espacial...
Já se tornou quase difícil distinguir o que é lixo do que é oiro puro. O lixo pode ser doirado...
Este livro é oiro puro. Leiam.

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