Estou a ler um romance histórico interessante, O Astrólogo e o Rei, de Brigid Hampton. O astrólogo (e astrónomo) é Abrão Zacuto, que ajudou D. João II nos descobrimentos, tendo melhorado o astrolábio e elaborado um Almanaque Perpétuo com a localização dos astros. Nessa época não existia a diferença abissal entre astrologia e astronomia. Este ramo do conhecimento, com muitos outros, foi ostracizado pela repressão religiosa cristã (não apenas a católica) e pelo caminho que levou a ciência. O romance é interessante, com uma reconstituição histórica razoável, mas com aqueles tiques do romance histórico: nem é muito literário nem deixa de ser e as personagens são como nós: fartam-se de tomar banho e comem no Algarve amêijoas com xerém, ou seja, farinha de milho, numa época em que ainda nem tinha sido descoberto o continente americano, de onde veio o milho… mas isto é comum, só faltam os pastéis de nata e os pastéis de bacalhau com queijo… :)