José Gil, que publicou há anos um livro extremamente lúcido sobre o ser português, Portugal Hoje o Medo de Existir, deu recentemente
dos mais variados temas, desde a política até à loucura.
O tema da loucura é apaixonante, mas poucos ousam abordá-lo.
"É um tema que lhe interessa, o da loucura?
Um tema fundamental, porque há uma correlação entre o pensamento e a loucura.
Como há da alegria para a felicidade.
Um pouco a mesma coisa. No pensamento devemos passar fronteiras de realidade. E voltar. Por vezes é difícil regressar, há quem não volte. Muitos psiquiatras heterodoxos viram existir um trauma entre certas experiências traumáticas e a descoberta. Os sonhos de Kepler, do Descartes, de Wittgenstein: após um trauma há uma pujança que pode ser fértil para a criação de um mundo que não existia. Pode existir então um trauma que seja fecundo e outro que nos transporta para o asilo. Estou convencido de que Fernando Pessoa estava constantemente em estado de trauma…
Isso é novo.
Sei isso. Mas existe uma correlação entre a sua louca criatividade e os traumas da sua vida pessoal.
O tempo tem-me ensinado que todas estas coisas não podem ser ditas muito alto.
Também a mim, Luís. O mundo tenta domesticar quem pensa o que não é o pensamento único."
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Para José Gil pensar voltou a ser uma questão de vida ou de morte
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