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terça-feira, junho 19, 2018

Gente feia, caminete feia, tudo feio







O meu pai, que era muito bonito, como se vê na foto, publicada aqui no seu aniversário (19 de junho) que seria, muitos anos após a sua morte, andou a passear pelo país, com os amigos, de forma sistemática, durante meses ou anos, em breves excursões. Décadas de 30 / 40 do século XX.

Ao chegarem a uma povoação, uma criatura acercou-se do autocarro e exclamou:

- Gente feia, "caminete" feia, tudo feio!

Esta é uma das muitas histórias com que a minha família se riu durante décadas, considerando, neste caso, a grosseria cometida contra nós, como sendo cómica.

A grosseria a que o filósofo Fernando Gil chama "burgesismo" ( de burgesso), como algo de risível. E de grosseiro.

Mas a auto-ironia existe e fica bem. Uma coisa é rirem-se de nós, outra coisa é rirmo-nos nós de nós mesmos.

Como fez o meu pai e todos os amigos, contando esta história a toda agente, rememorando-a muitas vezes nos longos serões à lareira, no Inverno. Nos longos serões ao fresco das árvores e das sombras, no verão.

Muitas vezes me apeteceu dizer, em situações inomináveis, ambíguas, confusas, hipócritas, mas aparentemente muito civilizadas:

- Gente feia, "caminete" feia, tudo feio.

Mas creio que não cheguei dizer. Terei dito?!

terça-feira, março 31, 2015

Ser Português, ser do mundo, etc...


José Gil, que publicou há anos um livro extremamente lúcido sobre o ser português, Portugal Hoje o Medo de Existir, deu recentemente 




dos mais variados temas, desde a política até à loucura. 

O tema da loucura é apaixonante, mas poucos ousam abordá-lo.




"É um tema que lhe interessa, o da loucura? 

Um tema fundamental, porque há uma correlação entre o pensamento e a loucura. 
Como há da alegria para a felicidade. 
Um pouco a mesma coisa. No pensamento devemos passar fronteiras de realidade. E voltar. Por vezes é difícil regressar, há quem não volte. Muitos psiquiatras heterodoxos viram existir um trauma entre certas experiências traumáticas e a descoberta. Os sonhos de Kepler, do Descartes, de Wittgenstein: após um trauma há uma pujança que pode ser fértil para a criação de um mundo que não existia. Pode existir então um trauma que seja fecundo e outro que nos transporta para o asilo. Estou convencido de que Fernando Pessoa estava constantemente em estado de trauma… 
Isso é novo. 
Sei isso. Mas existe uma correlação entre a sua louca criatividade e os traumas da sua vida pessoal. 
O tempo tem-me ensinado que todas estas coisas não podem ser ditas muito alto. 
Também a mim, Luís. O mundo tenta domesticar quem pensa o que não é o pensamento único."

Clicar abaixo para a entrevista toda


Para José Gil pensar voltou a ser uma questão de vida ou de morte

sexta-feira, janeiro 11, 2013

A crise segundo José Gil


"Nós estamos a mudar porque nos estão a atingir o âmago mesmo da existência"
"Agora já não é o medo de existir, é o medo de não existir, o medo de não viver" afirma o autor do livro já aqui referido
Portugal Hoje: O Medo de Existir

sexta-feira, setembro 21, 2012

Filósofo José Gil sobre Manif anti-Tróika


"Que significa: "Queremos a nossa vida?" Portugal, país atravessado por um medo de existir, deixou de ser um lugar de não-inscrição. Começou a deixar de ser esse lugar no dia 15 de Setembro. Contra o quê se manifestaram os portugueses no sábado passado?, além da TSU e das concretas medidas de austeridade? Foi por quê, além de ser contra quê? O que é que fez o povo sair à rua? O povo que "não é estúpido". Que sabe, sem provas, da "corrupção avassaladora"? Que ergueu bandeiras onde se lia "Basta!" Antecâmara de uma revolução? Sob que palavras de ordem? José Gil, filósofo, tem Portugal no centro da sua reflexão. Está farto de bom senso, de palavras como "sabedoria", de excessiva prudência. "

"As pessoas votaram sobretudo contra Sócrates , diz José Gil em entrevista ao Negócios. "Não votaram por Passos Coelho. Passos nunca foi a esperança. Nem promoveu a imagem da mudança. Foi uma coisa muito ténue, rápida, que passou: que ia mudar Portugal".


Já agora, as pessoas, da primeira vez, também não votaram a favor de Sócrates e sim contra Santana Lopes. Contra o PSD.

sábado, junho 06, 2009

Em busca da identidade: o desnorte

Por coincidência, ver post de Escrevedoiros, uma amiga ofereceu-me hoje o último livro do filósofo José Gil. Uma amiga que o conhece bem e o admira muito.
É um livro verdadeiramente demolidor, mais ainda do que o anterior "Portugal hoje, o medo de existir", de falei aqui, neste blogue ou no outro, há uns tempos. Foi considerado por uma revista francesa como um dos melhores pensadores do mundo e este livro critica a actual realidade, o ministro Sócrates, a Ministra de Educação, entre outros.
O livro intitula-se " Em busca da identidade: o desnorte"
Vou mesmo passar a palavra ao autor, embora seja muito difícil escolher a citação.
Para já, não posso pôr citação nenhuma porque ainda não sei lidar com a minha nova impressora multifunções. Ponho quando puder.