Entramos num dos restaurantes bons de Lisboa. Há uns meses, digamos 20 meses, estaria cheio de clientes, sem lugares vagos. Hoje, porém, encontramo-lo às moscas.
Um cartaz, colocado em local central por relação com o olhar, apresenta esta surpreendente declaração: "Pedimos desculpa pelos nossos preços, mas você paga 23% de impostos (IVA). "
Quase me espanto. Há uns meses, quando eu protestava contra a política de Sócrates, que iniciou esta crise, proprietário e empregados discordavam, até ao ponto de me enfadarem. Estava tudo bem, no melhor dos mundos possíveis...
Até recentemente, ou até agora, os portugueses tinham o hábito de ir regularmente ao restaurante, ao contrário de quase todos os outros europeus.
Deve-se esta situação, sobretudo ao facto de os empregados de restaurante ganharem pouco.
Imaginemos os seguinte: funcionários públicos e trabalhadores do setor privado vão perder um ou dois meses de salário, pagar mais impostos, etc... como foi anunciado pelo mais recente primeiro ministro (e que não deve aquecer o lugar).
Quem vai gastar dinheiro em restaurantes?
Os empregados informam-me, desolados, que não vão perder muito, nos salários: ganham tão pouco, que ficam excluídos dos aumentos de imposto e das supressões de subsídios.
Só correm o risco de perder o emprego.