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terça-feira, março 30, 2021

Distância muitíssimo social - os gadjós

 Na fila do supermercado há uma senhora grudada em mim. Resisto a dizer-lhe que se afaste um bocadinho, em parte, por uma delicadeza que poucos me conhecem, em parte por falta de medo do COVID. Mas ela não tem desses pruridos

- Esta cigana não me larga! Veja lá se pode avançar um bocadinho na fila, mais para a frente.

Avanço um grande bocado, para constatar que a dita senhora está outra vez encostada a mim


- Esta cigana não tem qualquer noção! Não a vê colada a mim outra vez? 


Não, não vejo. O que vejo é que esta senhora prefere estar encostada a mim do que estar a meio metro da cigana. Ou a ir para o fim da curta fila.


Talvez porque eu sou... reflito: sou o quê? Caucasiana? Não, nem deve saber o que quer dizer isso. Branca? Os ciganos não são pretos. Europeia? Os ciganos vivem na Europa. Então, eu sou o quê, para esta seletiva criatura? 

Ah, já sei, os ciganos têm um termo para isso, uma palavra que diz logo tudo. Eu Sou... eu sou... 

  • Gadjó! *
Esta senhora só se encosta a gadjós, com ou sem COVID 19.


  • Palavra cigana que designa logo de uma vez todas as pessoas que não sejam ciganas. Lol. 

segunda-feira, fevereiro 15, 2021

O Covid e a mangedoura

 A partir de hoje, 15 de fevereiro, já podem desembarcar em Lisboa passageiros e tripulação de navios de cruzeiro.
Podem ver a cidade, podem ir aos supermercados comprar um kilo de batatas... podem trazer as novas variantes do covid, etc...

Vantagens para Portugal? 

Os paquetes pagam para entrar no porto de Lisboa, um dos mais caros do mundo.

Os endinheirados turistas poderão comprar um kilo de batatas nos supermercados, uma cerveja a preço promocional, ou mesmo algum livro num hipermercado.

E ainda poderão trazer para cá as variantes novas do COVID: sul-americana, brasileira, etc. .

Livros proibidos por causa do COVID, exceto nas grandes superfícies

 Qual é a lógica de as livrarias não poderem vender livros e os supermercados sim?
Para além da lógica do favorecimento do grande capital, a lógica de promover a literatura light.
Também não se entende por que razão fecharam as bibliotecas, tudo quando mais precisamos de livros para nos entretermos. 

Depois queixam-se de que vai tudo passear para a rua. Então, que havemos de fazer?
Ver televisão e sermos submetidos à lavagem ao cérebro das notícias?

domingo, janeiro 31, 2021

O Covid e a mangedoura: Na cauda da Europa e na cauda do mundo, outra vez... Ou, pelo contrário...

Ainda não sabemos muita coisa sobre esta catástrofe que nos une e que nos separa, mas sabemos que tudo está a proceder-se da maneira normal no nosso país: alguns comem da mangedoura, outros não.

Todos comem: uns pouco, mas comidas que engordam muito, tendo nós chegado ao ponto em que os nossos pobres são gordos, ao contrário do modelo intemporal e internacional dos pobres muito magros porque comem pouco... embora esses mesmos só comam hidratos de carbono... batatas, arroz, pão...

Sabemos apenas isto: a vacina, que é acessível a muito poucos, tornou-se acessível à gente que se meteu na política exatamente para isso: para ter acesso a bens inacessíveis à "escumalha".

E todos os jornais trazem notícias dessas, o responsável que, qual rei, mandou vacinar os funcionários do café que frequenta, a assistência social que, por saber que os pobres que a ela recorrem, não podem pagar a um advogado para se queixarem e que não têm outro modo para se queixar, manda vacinar-se a si e a todos os que a rodeiam... 

Em Setúbal isso aconteceu, segundo as notícias da comunicação social, fora as vezes em que aconteceu e nada sabemos... alegadamente, pois muita gente sabe...

Este compadrio...

Na cauda da Europa e do mundo... Ou, pelo contrário...

Não gosto nada desta minha opinião, sou um nadinha poética, mas até os poetas se debatem, dentro de si, entre a realidade e o ideal...