Às vezes deixo de ver os telejornais e de ler jornais e revistas, quando me parece que se está a ultrapassar, ou já se ultrapassou, o bom-senso e o bom-gosto.
Espero e desejo que a Maddie esteja viva e de saúde, espero que, se assim não for, se descubram os culpados, espero que os culpados não sejam os pais. Espero que, se forem, tudo se esclareça.
Mas parece-me absurda esta guerra Portugal-Inglaterra (X), ou este campeonato Portugal-Inglaterra (X).
Sempre ouvi dizer que a nossa polícia Judiciária é das melhores do mundo, mas juro-vos que pensei muitas vezes nisto: é das melhores do mundo porquê? Ganhou algum concurso, algum festival, algum campeonato?
Creio que será das polícias que mais encontram os culpados, mas não nos devemos esquecer disto:
1.- Esta fama já vem do tempo de Salazar, quando a tortura e a delacção eram práticas normais de todas as polícias portuguesas.
2.- A Amnistia Internacional tem denunciado, reiteradamente, que as polícias em Portugal praticam a tortura. Mas ninguém parece dar grande importância ao caso.
3.- O que é que vocês chamam a um interrogatório de 14 horas sem intervalos, em que insistentemente perguntam a uma mãe se matou a filha?
4.- Seria possível o "Gang do Multibanco" ter confessado o que confessou se não tivesse sido violentamente torturado? Não estou a dizer que eram inocentes, apenas que nunca teriam confessado espontaneamente o que confessaram. Esses elementos do gang foram depois assassinados na prisão. Li nos jornais as descrições das torturas: foram muito semelhantes às que praticadas na Idade Média, com a diferença que já não usavam o aparelho, que julgo ter-se chamado, então, tripálio, ou talvez se chamasse polé.
5.- E se outras polícias não usarem estes métodos, terão os mesmos resultados?
6.- Ao contrário do que acontece noutros países, não temos livros nem qualquer outra investigação sobre casos de inocentes injustamente condenados. E tivemos de certeza inocentes injustamente condenados.
7.- Não teremos nós demasiadamente o desejo de que os "criminosos" estejam "lá dentro"?
E que nos importa quem está "lá dentro", desde que esteja alguém "lá dentro"?
Somos um povo de brandos costumes? Às vezes duvido.
Não seremos apenas um povo de falas mansas? Só um povo que perdeu a vergonha de ter medo?