Também no Jardim Botânico, um pequeno apiário de abelhas brasileiras nativas e sem ferrão. Umas são do tamanho das abelhas comuns, as outras são ta9 pequeninas que parecem mosquitos. Podemos circular no meio delas sem receio de sermos picados.
Todas as terras julgam chamar-se A Terra. Todas as terras são, para quem mora nelas, o Umbigo do Mundo. Sempre que desembarquei em terra, depois de ter navegado pelos mar, senti que a terra era imunda. E enjoei.
segunda-feira, fevereiro 26, 2024
Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Também no Jardim Botânico, um pequeno apiário de abelhas brasileiras nativas e sem ferrão. Umas são do tamanho das abelhas comuns, as outras são ta9 pequeninas que parecem mosquitos. Podemos circular no meio delas sem receio de sermos picados.
Copacabana
Os brasileiros são de uma simpatia espantosa. Reparei que a minha amiga de Maceió falava com os outros como se fossem primos dela, ou amigos. Meteu na cabeça que queria levar o carro até ao navio, o que era totalmente proibido: pediu aos seguranças que a deixassem passar, como não deixaram, convenceu-os a deixarem-na, no regresso, levar-me até ao navio. Disseram logo que sim e, mal viram o carro, tiraram as barreiras, com um ar muito feliz, com os braços no ar.
Parecem crianças. Comprei um cartão de telefone e Internet em Salvador mas não consegui configurá-lo. Em Búzios, uma rapariga da farmácia (onde vendem os cartões) disse, com toda a segurança, que eu não poderia ter cartão se não tivesse um NIF brasileiro, a que chamam cadastro. Estava eu a digerir esta informação, um rapaz que ia a passar com uma prancha de surf disse logo: “-Eu ajudo você!, repetindo esta frase várias vezes. Configurou o cartão com o cadastro dele, com a data de nascimento dele, estávamos nós assim e aparecem os meus novos amigos estrangeiros, banzados, tanto ouvimos dizer que os brasileiros roubam telemóveis e estava ele com o meu telefone na mão, ambos muito satisfeitos; mais espantados ficaram quando lhes contei o que ele estava a fazer.
Enfim, ao chegar ao Rio já pude chamar um Uber, que é um modo fácil, barato e seguro de viajar em toda a parte. Estava eu a desembarcar com uma americana, aparece um taxista a querer levar-nos por mais cem reais do que os da Uber, dizendo no entanto que a Uber era muito mais cara, porque ele é seguro e bom, os da Uber até usam pulseira eletrónica, são péssimos, garantia ele, estava quase a convencer-me quando a minha amiga disse que não gostava do homem e que queria ir de Uber… o motorista que nos levou era ótimo, simpático, o carro dava para as nossas duas enormes bagagens (roupa para o frio ao chegar a casa, para calor, para a noite no navio, calçado para isto tudo)…
Jardim Botânico - Rio de Janeiro
Hoje vesti-me toda enroupada, carreguei-me de repelente de insetos mesmo por dentro da roupa e lá vou eu de Uber para o importante Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Percebi logo que tive razão, pois a menina que picava os bilhetes deu um berro, esfregou uma perna e desatou a resmungar contra os bichos que picam… tenho-me safado bem, com o repelente que comprei nas Canárias, depois de ter sido dolorosamente picada nas Canárias.
O Jardim começou a ser feito pelo nosso rei D. João VI, bem como uma fábrica de pólvora, tudo junto. Participou, claro, das imensas disputas, descobertas e experiências que levaram as árvores e plantas de um continente para outros. Uma história que agora é muito narrada em romances por exigir conhecimento, astúcia, coragem, capacidade de risco, ao levarem mudas de plantas no lombo de burros pelas montanhas av8ma e abaixo, em navios transatlânticos com falta de água doce, etc…
Enfim, foi o próprio rei que plantou a primeira palmeira imperial do Brasil e de grande parte do mundo, mas mandou que queimassem as sementes. Esta ordem levou o roubo e contrabando das sementes a alturas homéricas, toda a gente rica queria ter uma; mais tarde a Palma Mater foi fulminada por um raio e substituída pela Palma Filia, na foto, depois de ter sido “mãe” de milhões de árvores.
Exemplares de mogno e de pau Brasil, nas fotos e da plantinha de que mais gostei, a bromélia, que cresce e dá flor em cima de qualquer árvore. Aquelas florinhas nos troncos…
Foi uma manhã bem passada, duas horas a caminhar num tempo tórrido, com um ótimo guia, um rapaz culto e apaixonado pela botânica.
Baía de Guanabara - Rio de Janeiro e fim da viagem por mar
Ao entrar na baía de Guanabara, no
Rio de Janeiro ao nascer do sol, a paisagem feérica não deve ser muito diferente da que votam os nossos antepassados, emigrantes ou descobridores. Montanhas com estranhas e belas formas, transformando-se constantemente com a luz. Depois aproxima-se a realidade com a luz clara que nos permite ver as casas e as coisas.
Os poucos que acordaram e que vieram para o convés estão a viver um seu momento, estão comovidos, não falam. Um bando de pássaros sobrevoa a baia e o navio, mas receio que sejam abutres. Seria pouco auspicioso, mas são “Rabiforcados-magnificos”, diz a Google Lens.
Tempo de Búzios
Em búzios o tempo está fraco, ontem esteve frio, porque passa por aqui uma corrente de ar quente do Equador e outra gelada da Antártida.Não
Búzios - Brasil
E finalmente desembarcamos em Búzios. Linda terra, muito sossegada, boa para praia, para compras e para tirar fotos, porque é fotogénica.
Percorro-a a pé com os meus novos amigos, pessoas de todo o mundo que viajam sozinhas, quase com saudades mas sabendo que encontrarei outros, pois “quem faz um cesto faz um cento”.
Não é comum encontrar pessoas que viajam sozinhas, há mesmo quem ache isso muito estranho, mas é com estes que me identifico.
Desta vez desembarcamos nas baleeiras porque não já porto que chegue para aquele calhamaço de navio… é a primeira vez que vejo urubus, ou abutres, também vimos outro albatroz pequeno.
Chove.
"Meu Pai Oxalá"
Estavam a posar para uma foto e continuaram a posar para nós. São os de “meu pai Oxalá”. Ou Jesus Cristo.
Santos católicos e deuses umbandas
Iemanjá ou
Por acaso também o homem que está atrás de nós é o médico alemão que viaja sozinho..
Os senhores não deixavam os escuta os africanos fazerem o culto da sua religião umbanda ou outra, obrigavam-nos a cultuar os santos católicos. Então eles deram aos santos católicos os nomes e as personalidades dos seus santos. Hoje, dia de Nossa Senhora da Conceição, padroeira do Brasil, ou seja, Iemanjá, a Senhora das Águas, também chamada Janaína. Estas celebrações não são para turista ver, só se fazem hoje. Que sorte. A minha irmã adorava estes cultos que conhecia de ler Jorge Amado e sabia tudo quanto há para saber sobre o assunto. Não que acreditasse, julgo eu. Senti que ela estava comigo a ver o lançamento das oferendas a água.
domingo, fevereiro 25, 2024
Partindo da Bahia de São Salvador
É ainda cedo quando deixamos Salvador para o último dia inteiro só de navegação sem ir a terra, mas provavelmente com terra à vista, depois Búzios, depois Rio, o fim desta viagem por mar.
São os dias melhores, os da navegação, em que sentimos o contraste entre a imensa exuberância da terra e o completo despojamento do mar, sempre uniformemente azul…
São Salvador da Bahia
9 / 12 / 2023
Gostei mais de Salvador do que esperava. Depois de ter passado lá alguns dias há vários anos, encontro os mesmos lugares mais cuidados, mais modernos, um pouco mais evoluídos. E gosto mais. As pessoas são adoráveis, mas acontece uma coisa algo estranha. Quando eu estava a pagar aquela água de coco, com uma nota de cinco reais, menos de um euro, eu tinha o dinheiro na mão e estendi-o para a senhora. Um pobre quase encostou a mão dele no dinheiro e ficamos os três assim, até que a senhora disse: “- deixe ela, vá embora”. Fazem muito isto… aparentemente estão a pedir, mas algumas pessoas têm medo. Vi outro fazer isso a uns americanos com um dolar, não lhes tirou a carteira e sim uma moeda, à frente de vários polícias, um dos quais o atirou para o chão e lhe chamou maluco. Creio que era doido mesmo, já tinha andado atrás de mim, mas a pedir e sem falar. Ficou deitado no chão, muito quieto. Estes homens são tão magrinhos e fraquinhos de fome, que qualquer empurrão arruma com eles.
Os guias continuam a dizer que os portugueses levaram tudo e não deixaram nada, depois só mostram o que os portugueses deixaram: maravilhosas igrejas de talha dourada, conventos, palácios, o açúcar, o café… as próprias palmeiras, as bananeiras, como se já estivessem a pensar no turismo e nos turistas. Por isso, fui sem guia.
É lindo o convento dos franciscanos.
Respetivamente altares de: São Francisco de Assis, Santa Ana, Santa Luzia, Nossa Senhora da Conceição, altar-mor com Jesus Cristo e São Francisco.
sexta-feira, janeiro 26, 2024
Iemanjá: Nossa Senhora da Conceição
Chuva e terra À vista: Maceió