Todas as terras julgam chamar-se A Terra. Todas as terras são, para quem mora nelas, o Umbigo do Mundo. Sempre que desembarquei em terra, depois de ter navegado pelos mar, senti que a terra era imunda. E enjoei.
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segunda-feira, janeiro 07, 2019
Tempo de Reis Magos e tempo de Sophia
Comemorando o tempo dos Reis Magos e a sua chegada a Belém, vale a pena ler excertos do conto de Sophia de Mello Breyner, que este ano faria 100 anos.
Em homenagem a ela também.
A imagem do post é "Adoração dos Magos" pintura de Domingos Sequeira, pintura recentemente adquirida pelo Museu Nacional de Arte Antiga e recentemente restaurada.
São três excertos do conto "Os três reis do Oriente". Também se encontra na net o conto completo (mas não devia).
"Primeiro pareceu a Gaspar que a estrela era uma palavra, uma palavra de repente dita na muda atenção do céu.
Mas depois o seu olhar habituou-se ao novo brilho e ele viu que era uma estrela, uma nova estrela, semelhante às outras, mas um pouco mais próxima e mais clara e que, muito devagar, deslizava para o Ocidente.
E foi para seguir essa estrela que Gaspar abandonou o seu palácio.
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Nessa noite, depois da Lua ter desaparecido atrás das montanhas, Melchior subiu ao terraço e viu que havia no céu, a Oriente, uma nova estrela.
A cidade dormia, escura e silenciosa, enrolada em ruelas e confusas escadas. Na grande avenida dos templos já ninguém caminhava. Só de longe em longe se ouvia, vindo das muralhas, o grito de ronda dos soldados.
E sobre o mundo do sono, sobre a sombra intrincada dos sonhos onde os homens se perdiam tacteando, como num labirinto espesso, húmido e movediço, a estrela acendia, jovem, trémula e deslumbrada, a sua alegria.
E Melchior deixou o seu palácio nessa noite.
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Naquela noite, o rei Baltasar, depois de a Lua ter desaparecido atrás das montanhas, subiu ao cimo dos seus terraços e disse:
— Senhor, eu vi. Vi a carne do sofrimento, o rosto da humilhação, o olhar da paciência. E como pode aquele que viu estas coisas não te ver? E como poderei suportar o que vi se não te vir?
A estrela ergueu-se muito devagar sobre o Céu, a Oriente. O seu movimento era quase imperceptível. Parecia estar muito perto da terra. Deslizava em silêncio, sem que nem uma folha se agitasse. Vinha desde sempre. Mostrava a alegria, a alegria una, sem falha, o vestido sem costura da alegria, a substância imortal da alegria.
E Baltasar reconheceu-a logo, porque ela não podia ser de outra maneira."
Clicando na ligação, ao fundo do post, Dia de Reis é possível ver outros posts sobre o tema, incluindo as "Dormições" dos Reis Magos.
sábado, novembro 14, 2015
Pray for Paris
I
Na mesma semana, em Paris, houve uma pequena vitória da escuridão sobre a luz.
Mas todas as luzes do mundo se acendem para afastar as trevas.
Citando Sophia de Mello Breyner no poema "O Crepúsculo dos Deuses":
"A treva \ Foi exposta e sacrificada em grandes pátios brancos".
Ver aqui vídeo sobre as lanternas volantes que iluminam anote do Diwali
Ver aqui vídeo sobre as lanternas volantes que iluminam anote do Diwali
sábado, maio 05, 2012
Lisboa anoitece, numa bela noite de luar
sábado, março 19, 2011
"Metade" da Terra está em festa, a celebrar a lua cheia
Damos alguma importância, neste momento, a um evento que foi noticiado pelos media, o facto de a lua cheia estar hoje particularmente brilhante. Se os media não dissessem, nós nem reparávamos.
Por todo o Oriente e também entre adeptos de religiões orientais no Ocidente, celebra-se hoje o festival de Gaura Purnima ou "Holy Festival", uma festa importantíssima, que pode durar muitos dias, em que não se trabalha.
Celebra a lenda de um príncipe, adepto de Vishnu, da mitologia Hindu. Outros celebram o dia de um Guru mais recente.
Quanto ao Príncipe, trata-se duma história semelhante às das mártires do princípio do Cristianismo.
O pai, que era rei, mandou matar o filho por ser adepto de Vishnu, mas todas as tentativas falharam, pois o príncipe Prahlad não morria... então a madrasta Holika, que era imune ao fogo, desafiou-o a sentar-se com ela sobre uma enorme fogueira. Prahlad aceitou o desafio, mas a madrasta morreu queimada e ele sobreviveu sem um arranhão.
As pessoas cantam e jejuam durante todo o dia e começam a comer e a celebrar com o nascimento da Lua, que é sempre especial nesta época, a última lua-cheia do Inverno.
Na véspera há fogos de artífício, para recordar o episódio da fogueira.
Durante a festa, as pessoas atiram umas às outras com tintas de cores garridas. Nestes dias não consideram as diferenças de casta nem de estatuto.
Encontrei a referência a estes factos já no ano passado, através de amigos virtuais indianos e nepaleses, que enviam mensagens de felicitações a todos, como fazemos no Natal. Não encontrei nenhuma informação em português e, como nem todos sabem inglês, o blogue dará um contributo para os que desejarem inteirar-se.
Este post está em construção, aceitam-se informações e imagens.
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