quinta-feira, janeiro 18, 2024

O recife do Recife e partida

 








Isto é que é propriamente o recife que dá nome a cidade de Recife, construído artificialmente para a proteger da fúria dos oceanos.
Quem fez o recife, quem fez? Aqueles que levaram tudo e não deixaram nada, na opinião dos guias turísticos locais. 
Os portugueses não deixaram nada não Brasi, a não ser um dos maiores países do mundo, já todo pronto, com fronteiras imensas, com grande parte da Amazónia...
Brevemente vamos passar por ali, para reentrarmos no Oceano Atlântico. Sul.

terça-feira, janeiro 09, 2024

Ainda Capela Dourada, Recife







7 / 12 / 2023

Capela Dourada, convento dos Franciscanos, Recife. Talvez vocês conheçam alguma pessoa refletida no espelho centenário…

Capela Dourada, ou Capela dos Noviços da Ordem Terceira de São Francisco de Assis 

Capela Dourada, Recife





 7 / 12 / 2023

A Capela Dourada, em Recife, tem estas duas interessantes pinturas de pintor brasileiro sobre o martírio dos frades franciscanos missionários do Japão. Que foram crucificados.

Capela Dourada


 





7 / 12 / 2023

Está jóia de Recife, chamada Capela Dourada, foi feita pelos portugueses, claro. Porquê? Só porque foi na época em que houve muito dinheiro do açúcar, diz o guia. O açúcar que substituiu o pau Brasil, que é ainda hoje uma das riquezas do Brasil, bem como a sua imensa extensão, com fronteiras estabelecidas pelos portugueses.
Esta mesma contradição do guia turistico brasileiro, encontrei-a há anos em Salvador, mas com muito mais sentido de humor. Depois conto.
No fundo é compreensível, até 1822, a história do Brasil é a história de Portugal. Os guias, que se sentem constrangidos a dizer isso constantemente, procuram argumentos contra…
A imagem da senhora é da Rainha Santa Isabel, de que gosto particularmente, no braço tem as rosas douradas. A santa da coluna, numa primeira impressão, parece a minha santa favorita, a Santa Bárbara, que o próprio Vaticano reconhece agora não ser real, pois não existiu. Mas é inspiradora de santidade e sobretudo de coragem, a sua principal virtude.

Olinda

 


7 / 12 / 2023
Foi este o recuerdo que comprei com os cinco dólares emprestados: as casas, de estilo português, estão num sítio inclinado e como não tinham números, distinguiam-se pelas cores. Eu não ia trazer este, feito de casca de uma árvore que lá existe, por me parecer que a parte cinzenta estava estragada, mas a artista que os fazia à nossa frente disse que é a imitar a pintura estalada deixando ver os tijolos.
Em Itália há algumas belas povoações que o são pelas casas pintadas de diversas cores, uma delas numa das ilhas de Veneza. Dá uma alegria inusitada ao conjunto.
Se calhar o motivo é sempre o mesmo: a min

ha casa é aquela lilás que fica entre uma azul com tijolos à mostra e uma cor-de-rosa com portas azuis.

Olinda, Recife e guias brasileiros com alergia a Portugal













7 / 12 / 2023
A minha primeira experiência desta viagem em terras brasileiras não me deixou demasiado bem disposta. Fui numa excursão de língua inglesa por não haver no navio em português, ver Olinda, de que já tinha ouvido falar por ser linda e Recife. O guia brasileiro disse sempre horrores dos portugueses, sem perceber a contradição com o enorme orgulho que ostentava na herança portuguesa. Tudo o que nos mostrou era herança portuguesa, exceto uma ou outra herança holandesa, mas ainda detesta mais os holandeses. 
Então, os portugueses e espanhóis roubaram a terra, mataram os índios, levaram todas as riquezas e não deixaram nada. Não sei se vocês sabem que foram os espanhóis que descobriam o Brasil e não os portugueses e que a única vantagem da língua portuguesa é ser parecida com as línguas espanhola e a italiana. Isto na opinião do guia, claro. De resto, os portugueses cortaram as árvores de pau Brasil e levaram-nas para Portugal e no lugar plantaram cana do açúcar e “nós” até já fomos os maiores produtores mundiais de açúcar. Nós, quem? Não percebi, creio que "nós" eram os portugueses, que levaram todas as riquezas para Portugal e não deixaram nada. 
Olinda é património mundial da Unesco pela arquitetura portuguesa antiga e pela sua beleza. Foi construída em colinas, como Roma e Lisboa, mas é muito mais bonita do que Lisboa, porque tem vista para o mar. É claro que os portugueses não deixaram nada, só deixaram, neste caso, Olinda. Que tem este nome porque Duarte Coelho Pereira quando a viu ficou tão maravilhado que disse: Ó linda! 
Disse também que os escravos não eram batizados porque para ser batizado era preciso pagar, o que também é falso, os senhores de escravos eram obrigados a batizá-los, a menos que provassem ue eles não queriam.
quando afirmou que o recife do Recife não é natural, foi construído para protegera cidades, ficou muito aborrecido mundo lhe perguntei se foram os portugueses que o construíram e teve de dizer que sim, também muito aborrecido quando um estrangeiro elogiou a quantidade de ouro da Capela Dourada, dando uma resposta que não recordo, por também ser absurda.
Um brasileiro que vendia toalhas disse-nos que Olinda tem 22 igrejas e 11 capelas. Bem, pelo menos conheci um casal de portugueses muito simpáticos, até me emprestaram cinco dólares para comprar um recuerdo, já que aqui não dá para levantar dinheiro nas caixas automáticas, ao contrário do que eu esperava. Coitados, tal como eu, sentiram-se acusados de tudo e mais alguma coisa.
Mas Olinda é linda. Não mais do que Lisboa, contudo 🙂

Agrada-me particularmente a conjugação da arquitetura portuguesa com a exuberância da natureza tropical. Isto já se via um pouco em Cabo Verde, mas os cabo-verdianos são agradecidos, até demais… 

Enfim, se os portugueses não tivessem deixado nada no Brasil, ainda assim teriam deixado um dos maiores países do mundo: o Brasil. Com fronteiras definidas pelos portugueses, que incluem a Amazónia. Pouca coisa...


segunda-feira, janeiro 08, 2024

Aqui, Brasil...

 




7 / 12 / 2023
Aqui, Brasil. Acordei as 3:30 dia manhã com a luz do Porto de Recife e mal dormi depois disso. Há vantagem em ter um camarote interior, mas também é boa esta janela para todo o lado. Ao sair do banho, umas vezes posso andar inteiramente à vontade, outras vezes há gente a ver, as vezes outro navio em frente… vou passear.
Ao pequeno almoço estive a falar com uma senhora de Nova Iorque, professora de história. Só esteve umas horas em Lisboa para apanhar o barco, mas adorou e vai voltar. 
Está a par da história de Portugal e menciona o que aconteceu em Lisboa durante a Segunda Guerra Mundial. Muito digno.

Ao estilo americano



 Reparem neste pormenor à americana: zona para fumadores com cadeira de rodas ou scootter (as tais motinhas). Mas não deve haver desses, porque se juntam aqui os fumadores todos.


a primeira coisa que nos perguntam, em todos os restaurantes, é se somos alérgicos a alguma alimento.

O navio é considerado território americano e as leis que aqui nos regem são as dos Estados Unidos da América.

O mar na alma



 6 / 12 / 2023

Para a Isabel que me pediu que escrevesse pelo menos cinco linhas por dia, de forma criativa, embora seja difícil distinguir a escrita criativa das outras 🙂


Ao vermos o despojamento, belíssimo, deslumbrante que existe na superfície dos oceanos, somos levados a imaginar a pujança da terra, a abundância e a grande variedade das formas que se formam da Terra.
Agradeço a abundância de beleza que existe, mesmo em lugares onde os olhos humanos não chegaram para a contemplar: no fundo dos mares, nos astros distantes…
Agradeço aquela flor maravilhosa que acaba de desabrochar no coração da floresta amazónica, flor completamente inútil, beleza completamente inútil que nunca será vista por ninguém, só a verão as feras, igualmente belas.
Agradeço a abundância de beleza que existe no mundo, visível para todos, narrável para quem não a pode ver. A beleza dos cheiros, do mar, das flores, todas as belezas que se oferecem aos nossos poucos sentidos.
Agradeço este belo momento que passei na contemplação dos mares e na imaginação da terra.
Agradeço “ao Deus que houver”, * ao universo, ao mundo, ao sol e à água.
* Expressão de Saramago

Treino de salvamento



 

 6 / 12 / 2023

Antigamente faziam simulações realísticas de abandonar o navio, todos de colete salva-vidas ao lado das baleeiras, mas vi algumas pessoas desmaiarem de medo e quase todas a mencionarem o Titanic.

Agora só temos de nos deslocar ao nosso posto de controle, onde nos marcam a presença, pois é obrigatório pela SOLAS.
O navio navega agora a grande velocidade, talvez 36 kms, o que se nota pelo aspeto da esteira. No próximo ano estas velocidades vão ser proibidas por razões ecológicas.

Para além das pessoas que aqui se manifestam, fazendo likes e comentários, sei, porque me dizem, que há pelo menos outras tantas que vêm cá ver e ler tudo, mas não se manifestam pois essa é a sua maneira de estarem no Facebook (todas estas fotos e textos foram inicialmente publicadas em direto no Facebook)

Nada se vê, a não ser o mar e os pássaros












 6 / 12 / 2023

Na minha peregrinação matinal pelo convés, vejo agora pássaros. Talvez exista por aqui alguma pequena ilha sem história, só com pássaros e outros seres naturais, ou então atravessam o oceano, pois viam todos na mesma direção, de sul-sudeste para nor-noroeste, circundando o navio pela proa. Talvez voem da ilha Fernando Noronha, que é uma reserva ecológica, para algures.
Ontem vi apenas um, também ele viajante solitário, mas hoje são muitos, quase todos brancos, alguns poucos castanhos.
descubro depois que são albatrozes e outros que voam mais rapidamente e mais ao longe, creio que serão