quinta-feira, julho 06, 2006

Shiatsu II

Entrementes, no palácio real, mas noutra sala.
- Ó filho, que é essa ferida aí no ombro?
- Isto não é nada.
- Foi um mouro?
- Não, isto é o fogo amigo!
- Fogo amigo???????? Foi o Mem?
- Foi.
- Grande amigo! Já te falta um bocado de carne numa perna, tens uma cicatriz horrorosa na cara e foi sempre o Mem.
- Ele ia dar uma espadeirada num sarraceno para lhe cortar rente o pescoço e o tipo baixou-se de repente e a espada do Mem raspou-me o ombro. O que me valeu foi a cota de malha, senão tinha morrido…
- É sempre assim! Então e os mouros nunca te acertam?
- Sim, mas é em sítios onde não se vê. O Mem é que é um despassarado, isto do fogo amigo, quer-se dizer…
- O Mem é um amigo de Peniche!
- Ele não é de Peniche, quer dizer, a gente só há pouco tempo é que conquistou Peniche.
- Fogo amigo, fogo amigo… Mau! A Urraca e a Sancha estão fartas de me dizer:
- Vocês tenham cuidado com o Mem! Com o Mem e com a mulher. Como é que ela se chama?
- Briolanja.
- O Mem é um grande amigo que nós temos. Então e as massagistas das Amoreiras nunca mais vêm?
- Está a chover muito, há muita lama no Rossio, coitadas das raparigas! Devem estar atoladinhas até aos joelhos dos cavalos.
- Se calhar ainda estão na rua D. Pedro V.
-Quem?
- Ó Sanchinho e Urraquita, ide brincar lá para fora. Com a ama. Ui que chatas que são as crianças!
- Ai, quem me dera que inventassem uma coisa moderna em que se pudesse ver o que acontece noutros sítios. [televisão, percebem? :)]
- Isso é uma coisa velha: uma bola de cristal.

As pessoas nessa época tinham nomes esquisitos porque havia o costume de escolher os inimigos para padrinhos?

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