- Ainda vejo muita coisa que não é minha! - Exclamam, para afirmar que vêem bem.
Pois é o meu caso. Vou mudar as lentes dos óculos, porque parti a parte de fora, mas só os uso para ver ao perto.
Contudo, há uns anos, em Cascais, caí na asneira de ir a um optometrista dono de um oculista. A consulta era grátis se comprasse os óculos. Após uma longa e conversadíssima consulta, em que, como se diz, se fartou de "arrotar postas de pescada", "o seu olho direito funciona mal, bem como a sua narina direita e o seu ouvido direito", receitou-me dois pares de óculos caríssimos, ou talvez só um par, mas com lentes progressivas... e coisa exorbitante. Como não comprei, tive de pagar a consulta, 25 Euros.
Disse-me a criatura que, quando eu tivesse uma determinada idade, não conseguiria ver um automóvel à minha frente, sem óculos. Não saberia o que era. Na altura, faltavam 5 anos para essa idade e fiquei muito assustada. Imaginava um grande automóvel vermelho à minha frente e eu a apontar e a perguntar, com uma voz fininha:
- O que é isto?
Agora já passaram esses cinco anos e depois passaram mais seis. Posso não ver muita coisa, mas vejo muito bem um automóvel. Anda mais se for vermelho, ou, como dizem as tias e os tios, se for encarnado.
E, sobretudo, vejo muitíssimas coisas que não são minhas.
- O que é isto?
Agora já passaram esses cinco anos e depois passaram mais seis. Posso não ver muita coisa, mas vejo muito bem um automóvel. Anda mais se for vermelho, ou, como dizem as tias e os tios, se for encarnado.
E, sobretudo, vejo muitíssimas coisas que não são minhas.
Profecias destas... nem a Sibila Cassandra!
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