sábado, janeiro 28, 2012

Portugal decadente: velho e relho... muito velho e muito relho

Eu, Nadinha Maria, acabo de ter em casa uma reunião de condomínio. Nela participam duas senhoras de muita idade, ambas proprietárias de casas e até de prédios de habitação, em Lisboa. Abastadas, portanto.

E têm as duas o mesmo problema, que deve ser, talvez, um problema do Portugal velho e relho.

Já viúvas, uma delas perdeu um filho na tenra idade, que já namorava a sério. O outro filho nunca se interessou por mulheres, talvez por ser um bon-vivant, ou assim... como não tem nem terá netos, o que possui ficará para esse filho, que lhe dará um destino qualquer... ou não. Neste último caso, a herança de gerações ficará para o Estado.

A outra senhora teve dois filhos: um morreu recentemente, nem novo nem velho, a outra é casada, o marido é "um grande cirurgião", segundo diz, mas não têm filhos. A única neta, de 46 anos, nunca namorou.
O que tem e que não é pouco, ficará um dia para essa neta, que, a crer no que diz a avó, não sabe viver a vida. Também não deve saber gastar dinheiro. 

Esta senhora é duma sovinice assombrosa. Parece que precisa do dinheiro para sobreviver, discutindo tudo até aos cêntimos, procurando sempre recuperar as quotas do condomínio, que paga pontualmente,   para que não lhe digam que não tem direito a isto ou àquilo. E lamenta-se. Muito.

Por exemplo, vai ter de pôr uma ordem de despejo a um rapaz que vive numa sua casa. A mãe dele morreu recentemente, mas ele não a avisou. (Estranho, quando alguém perde a mãe, a primeira coisa que faz é avisar a senhoria, mas este só a avisou meses depois). Pergunto-lhe se ele não paga. Paga. Então, por que vai pôr na rua o rapaz que perdeu a mãe há pouco tempo e o pai há mais tempo? 
- Porque ele já esteve três vezes internado no manicómio. No Júlio de Matos.
- Mas ele não tem pago a renda?
- Tem.

Este é o retrato possível, ou melhor, este é um pormenor do fresco da sociedade portuguesa contemporânea. Fresco, não. Fresca não. Velha e relha. Generosa! Bué!

Nos últimos séculos, quantas situações como esta não terão ocorrido? Mas para onde vão este dinheiro e estas posses, que pessoas avarentas juntaram, sem terem vivido a vida, sem terem gasto um cêntimo mal gasto? Para o Estado, claro. Para aqueles que comem da panela do estado: boys, tios dos boys, tias de Cascais, ministros e ministras, amigos de ministros, namorados e namoradas dos ministros, namorados e namoradas das ministras, sobrinhos e sobrinhas dos políticos, etc..

Jardins, portas, cavacos e cavacas, pintos e limas, vales e relvas, coelhos e coelhas, alçadas e alçados, pesadas (Lourdes) e pesados, casacos e casacas, cratos e crateras, cristas e cristãos, assunções e assumpções, motas e motards... e toda uma cambada hedionda, odiosa e nojenta.

 (Podem escrever isso como comment a este post).

Chega!!! Basta. PIM. Basta! PUM!

- Não chega? Não basta? Então, continuemos assim. PIM.

São, no fundo, problemas do Palhaço Rico.



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