Pintura de Vladimir Kush: Arrival of the Flower Ship
A autora desse blogue acaba de falecer e é recordada com muita saudade pelos seus antigos alunos, atuais amigos. Dedicou-se a fazer o blogue quando se aposentou.
É um daqueles casos que toda a gente esquece quando critica os professores no geral, esquecendo que não são todos iguais.
Fica-nos o blogue, que é, pelo menos, uma bela antologia poética.
VER AQUI O BLOGUE
E já agora, aqui fica o poema de Camilo Pessanha.
AO LONGE OS BARCOS DE FLORES
Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranquila,
— Perdida voz que de entre as mais se exila,
— Festões de som dissimulando a hora.
Na orgia, ao longe, que em clarões cintila
E os lábios, branca, do carmim desflora...
Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranquila,
E a orquestra? E os beijos? Tudo a noite, fora,
Cauta, detém. Só modulada trila
A flauta flébil... Quem há-de remi-la?
Quem sabe a dor que sem razão deplora?
Só, incessante, um som de flauta chora...
P.S.: Os barcos de flores eram barcos de "prazer" na China, com gueishas, decorados com muitas flores.
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