Tenho lido textos de detratores do acordo ortográfico, na intenção de tentar compreender os seus argumentos, racionalizando a questão, que, afinal, não tem nada de racional.
Constato que os argumentos são quase sempre feitos ad absurdum (falácias) e de tal modo que são, eles próprios, absurdos. Chego a lamentar que pessoas com boas ideias noutros domínios apresentem atitudes baseadas somente na emoção: não lhes apetece mudar neste aspeto, como não gostariam de ser obrigados a mudar em nada. E PRONTUS!!!
Neste blogue, o argumento contra apresentado em comentários, tem sido só o de me chamarem ignorante por ser a favor do acordo. Trata-se do argumento ad hominem, mais um argumento errado, por ser uma falácia.
E em geral, os argumentadores esquecem... apenas tudo.
Esquecem este "pormenor",por exemplo. Em 1911 tivemos uma reforma ortográfica que não foi um acordo. Com motivos republicanos, ou, digamos, democráticos, os nossos antepassados tentaram tornar a língua portuguesa uma entidade menos esotérica para os milhões que não sabiam escrever, mas gostariam de aprender, e para os que escreviam mal (talvez todos), por não serem capazes de distinguir o i do y - você distingue? Ou o f do ph - você distingue?
Prompto! Que é o antepassado do pronto, ou talvez do prontos! Direi mesmo: PROMPTUS!
A ortografia do português aproximou-se da escrita fonética: dentro do possível, escrevemos como dizemos. Esta maneira de escrever nada teve a ver com o Brasil, mas foi adotada pelo Brasil, claro.
A polémica que se gerou nessa época deixa na sombra a pobre e descabida polémica que foi erigida em monumento nacional em relação a este acordo. Ambas as polémicas se distinguem pelo risível. Ou pelo ridículo.
Assim, o principal argumento dos portugueses é que este acordo se trata de uma cedência dos portugueses para com os brasileiros, sendo que a principal queixa dos brasileiros é que se trata de uma cedência dos brasileiros para com os portugueses. Estes últimos têm mais razão, sem terem razão, dado que os brasileiros não foram perdidos nem achados na reforma de 1911.
Assim, o principal argumento dos portugueses é que este acordo se trata de uma cedência dos portugueses para com os brasileiros, sendo que a principal queixa dos brasileiros é que se trata de uma cedência dos brasileiros para com os portugueses. Estes últimos têm mais razão, sem terem razão, dado que os brasileiros não foram perdidos nem achados na reforma de 1911.
Irmão, sabeis vós o que é um acordo?
Para não me voltarem a acusar-me de ignorante, aqueles que não sabem de nada disto, vou linkar aqui uma autoridade na matéria... ou o filho de uma autoridade na matéria, em várias matérias!
Pois seja, esta coisa das autoridades, em Portugal, é algo que passa de pais para filhos.
É hereditário, genético e altamente contagioso.
É hereditário, genético e altamente contagioso.
Apenas acrescento que andamos a tentar chegar a um acordo com o Brasil, pelo menos desde 1945, mas nenhum dos países tem cumprido grande coisa.
Também acrescento que quase todos os exemplos que tenho visto contra o acordo, vêm do facto de os seus autores desconhecerem totalmente o referido acordo.
VER AQUI NO JORNAL SOL, a autoridade na matéria (pai e filho):
Não concordo inteiramente com este texto, mas só peço às partes "interessadas" que não invoquem Camões.
Ontem, dia de Camões, constatou-se mais uma vez que o nosso pobre épico viveu e morreu na miséria. Parece que até andou o seu escravo Jau a pedir esmola para os dois.
Ontem, dia de Camões, constatou-se mais uma vez que o nosso pobre épico viveu e morreu na miséria. Parece que até andou o seu escravo Jau a pedir esmola para os dois.
Não invoquem o nome de Camões em vão! Please! OK?
Vem isto a propósito de
Portugal/Brasil: Dilma e Passos reafirmam Acordo Ortográfico em 2015
E a propósito de o Jornal Público, que não adotou o acordo, se recusar a dar esta notícia. Liberdade de informação? Liberdade de quê???
Portugal/Brasil: Dilma e Passos reafirmam Acordo Ortográfico em 2015
E a propósito de o Jornal Público, que não adotou o acordo, se recusar a dar esta notícia. Liberdade de informação? Liberdade de quê???
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