Fui almoçar, para descontrair, a um restaurante que frequento muito e onde me tratam muito bem.
Fui atendida por um empregado novo, o qual me entregou um papel com o troco.
Discretamente, ou assim o julguei, fui ter com ele à saída e pedi-lhe a fatura, ou, em alternativa, que digitasse o meu NIF no computador.
- Agora já não posso fazer isso.
- Porquê?
- Se quer a fatura, tem de a solicitar antes de pagar.
- O senhor tem obrigação de me dar a fatura, mesmo que eu não a queira!
Acorrem umas mocinhas pressurosas:
- Mas isso é a fatura!
- Então, por que razão está escrito aqui "este documento não serve de fatura"?
- Ah, pois é...
- Não lhe posso dar a fatura - diz o rapaz - porque está ali um cartaz a dizer que só lhe damos a fatura se a senhora a solicitar.
Nem olhei, mas as meninas disseram logo que não era bem isso, o que estava lá escrito.
- Ok, desta vez esqueçam o assunto, mas de futuro, quero a fatura sem ter de a pedir.
Neste restaurante, com grande faturação, são todos contra toda a espécie de greves, desde os patrões aos empregados.
Claro, esta greve resulta mais. Muito mais. A greve de passar faturas, que todos eles fazem, todos os dias. A greve de pagar impostos, todos os meses.
É uma anarquia muito conservadora.
Se eu fosse fazer queixa às Finaças, seria considerada antipática e má, já que todos me tratam muito bem. E que me roubam, a mim, como cidadã portuguesa, os quase 5 Euros que eu, como criatura simpática, paguei para impostos e que fazem muita falta ao Estado Português. Sem contar com a gorjeta. Claro.
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