- Nuon puôde tal sôzinha! Noun, Noun!
- Olá.
- Olá! Queles 2 kilos de ciléjia?
- Não, não, só este bocado, esta mão cheia de cerejas. Um nadinha.
Começa então, a senhora chinesa, mulher muito bonita do Tchan, homem engraçadíssimo que nos trata por tu e que todos tratamos por tu, a falar muito nervosamente, a agitar os braços, com ar transtornado.
- Nuon puôde tal sôzinha! Noun, Noun, Noun!
Será que me está a criticar por não levar os dois kilos de cerejas? Mas não parece. Sobretudo porque é simpática e querida.
- Quem é que não pode estar sozinha?
Apontando com o braço para fora da porta
- Sinhôla!
Lembro-me então de ter visto, ao entrar, duas ambulâncias a porta, uma delas da polícia. Esperei dentro da loja, até que voltaram todos para dentro.
- A senhora morreu? - pergunto.
- Noun, só caiu da escada, estava sozinha. Noun puôde! Non puôde .
- Chinês nunca está sozinho? - pergunto eu.
- Chinês não. Filho, neto, filho, neto, não sozinho. Nunca.
- Nuon puôde, Noun puôde. Sozinho, Noun.- agita muito os braços, de expressão transtornada.
Deve pensar que esta terra é muito esquisita é perigosa.
O perigo, claro, é o de um chinês poder não ter filhos nem netos, se ficar aqui...
O perigo, claro, é o de um chinês poder não ter filhos nem netos, se ficar aqui...
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