domingo, fevereiro 13, 2022

Terroristas à portuguesa


 Não percebi muito bem aquilo do terrorista. A besta ocupava-lhe as duas mãos e tinha de parar para procurar as setas 3 segurar na coisa que tinha dentro as setas e escolher uma. Com que mãos iria utilizar as facas? E como ia levar aquilo tudo para um exame sem dar demasiado nas vistas? 

- Segura-me nesta botija de gás enquanto eu abro esta coisa da gasolina e pego nas duas facas. Segura na mochila para eu puxar a besta que está muito atafulhada lá dentro e não sai.

- Mas porque é que trouxeste esta tralha toda para o exame de informática? Eu não trouxe nada! O setôr disse que era preciso? Ó Joana, tu também trouxeste uma besta, 4 facas, 3 latas de gasolina e uma botija de gás e … ? 

- Não, eu só trouxe uma caneta. Ó Tiago, tu trouxeste para o exame 4 facas e… é mais o quê? 

Estou convencida de que o atentado ia falhar redondamente. A menos que o mocinho tivesse tantos braços azuis como a deusa Kali (na imagem).  

Enfim, os nossos terroristas não prestam para nada. Sonham explodir tudo, mas não explodem nada... que vergonha!


Imagem: deusa Kali, da religião hindu, imagem da net.

terça-feira, fevereiro 08, 2022

A matança do porco

O que vou contar aconteceu várias vezes, durante a minha infância e está gravado na minha memória em pensamentos, sons, cheiros e, finalmente, sabores.
Havia um dia em que eu acordava, de manhã bem cedo, com guinchos estridentes. Guinchos de cortar a respiração, de furar os tímpanos, guinchos de um ser que quer agarrar-se à vida, gritos cada vez mais ténues, cada vez menos estridentes, depois já só um sopro…
Prestando atenção, totalmente acordada apesar da madrugada, eu sentia uma enorme energia por todo o lado, uma grande azáfama nas duas casas (a nossa e a do meu avô, muito próximas), um sentido do dever, sim, mas também uma indisfarçável alegria, uma expectativa de prazer. De todos, mas sobretudo de quem, como eu, não iria fazer nada, iria apenas observar e usufruir.
Era a matança do porco, como vocês já devem ter entendido.
Quando o silêncio, enfim, se instalava, havia um cheiro adocicado de queimado, estavam a queimar com fogo a pelagem do bicho. E logo um cheiro a sangue e a carne crua. O dia era longo e terminava com uma grande jantarada das duas casas, mas ainda não era a refeição principal, que teria convidados. Neste dia ainda eram só as “papas de sarrabulho”, acompanhadas com o sangue solidificado e cozido, a que o meu avô acrescentava açúcar, o único que o fazia. As papas eram verdes, enverdecidas por algum legume, não me perguntem pormenores, só recordo as sensações. Creio que também havia rojões de redenho, uma coisa esquisita. E no dia seguinte, então sim, a rojoada, uma festa dos sentidos e da comunicação familiar, em que o matador, com as suas enormes facas, era o herói.
Até aquele primeiro momento, o porco tinha sido criado quase como animal de estimação, embora nos fossem contadas histórias exemplares de bebés que foram comidos pelos porcos, era preciso ter cuidado… era amigo, mas também inimigo, não como se fosse gente…
Era assim.
Era assim, quando o homem ia buscar o seu alimento à natureza, às coisas e aos bichos. Mas não passava pela cabeça de ninguém dar um nome ao porco.
E muito menos lhe dariam um nome de gente.

Graciete Nobre

terça-feira, fevereiro 01, 2022

Deambulando por Lisboa

 Deambulando por Lisboa e descobrindo belezas desconhecidas ou esquecidas, todas "à mão de semear".

Na primeira etapa, perguntam-me se as fotos são montagens, mas é mesmo um hotel novo bem no centro da cidade, na Praça do Saldanha. Passa despercebido, pessoas que por lá andam ficam surpreendidas com estas fotos, porque passamos pela cidade sem reparar em nada. Como se vê na segunda foto, é o hotel Evolution, muito moderno e confortável.

O segundo lugar é a  estação do metro do Campo Pequeno, com muitas esculturas femininas,
do escultor Francisco Simões, que quase se confundem com as mulheres reais, como também se vê na foto.