Todas as terras julgam chamar-se A Terra. Todas as terras são, para quem mora nelas, o Umbigo do Mundo. Sempre que desembarquei em terra, depois de ter navegado pelos mar, senti que a terra era imunda. E enjoei.
domingo, junho 12, 2022
Camões, Santo António e tudo…
segunda-feira, maio 30, 2022
Dia da espiga, quinta-feira, 28 de maio
Cá está a nova espiga no seu posto e a velha, que já tem dois anos ou mais, no ano passado esqueci-me... trabalhei de manhã à noite.
Eu já vivia m Lisboa há vários anos quando decidi fazer o Mestrado em Literatura e Cultura Portuguesas, Época Contemporânea e foi no grupo do Mestrado que descobri a Espiga, cultura popular portuguesa…
terça-feira, fevereiro 08, 2022
A matança do porco
O que vou contar aconteceu várias vezes, durante a minha infância e está gravado na minha memória em pensamentos, sons, cheiros e, finalmente, sabores.
Havia um dia em que eu acordava, de manhã bem cedo, com guinchos estridentes. Guinchos de cortar a respiração, de furar os tímpanos, guinchos de um ser que quer agarrar-se à vida, gritos cada vez mais ténues, cada vez menos estridentes, depois já só um sopro…
Prestando atenção, totalmente acordada apesar da madrugada, eu sentia uma enorme energia por todo o lado, uma grande azáfama nas duas casas (a nossa e a do meu avô, muito próximas), um sentido do dever, sim, mas também uma indisfarçável alegria, uma expectativa de prazer. De todos, mas sobretudo de quem, como eu, não iria fazer nada, iria apenas observar e usufruir.
Era a matança do porco, como vocês já devem ter entendido.
Quando o silêncio, enfim, se instalava, havia um cheiro adocicado de queimado, estavam a queimar com fogo a pelagem do bicho. E logo um cheiro a sangue e a carne crua. O dia era longo e terminava com uma grande jantarada das duas casas, mas ainda não era a refeição principal, que teria convidados. Neste dia ainda eram só as “papas de sarrabulho”, acompanhadas com o sangue solidificado e cozido, a que o meu avô acrescentava açúcar, o único que o fazia. As papas eram verdes, enverdecidas por algum legume, não me perguntem pormenores, só recordo as sensações. Creio que também havia rojões de redenho, uma coisa esquisita. E no dia seguinte, então sim, a rojoada, uma festa dos sentidos e da comunicação familiar, em que o matador, com as suas enormes facas, era o herói.
Até aquele primeiro momento, o porco tinha sido criado quase como animal de estimação, embora nos fossem contadas histórias exemplares de bebés que foram comidos pelos porcos, era preciso ter cuidado… era amigo, mas também inimigo, não como se fosse gente…
Era assim.
Era assim, quando o homem ia buscar o seu alimento à natureza, às coisas e aos bichos. Mas não passava pela cabeça de ninguém dar um nome ao porco.
E muito menos lhe dariam um nome de gente.
Graciete Nobre
quinta-feira, novembro 18, 2021
São Martinho (de Tours) castanhas e vinho, fraternidade (exceto com os porcos) e muita arte
São Martinho de Tours não ficou conhecido por ter realizado um milagre, simm por ter realizado um ato fraterno. Aliás. protagonizou m ato fraterno entre classes, o que ainda hoje parece ser um milagre.
Santo muito popular mas tambem inspirador de muitas obras artísticas, vemos aqui algumas pintura que lhe são dedicadas.
Num dia muito frio, São martinho viu um pobre quase nu. Apiedado, o santo rasgou com a espada metade do seu manto e ofereceu-lho. Tendo ficado ele próprio um pouco exposto ao frio, como recompensa, o tempo aqueceu.
O tempo quente nesta época, que os metereologistas, muito prosaicamente, atribuem a correntes quentes e anticiclones, chama-se verão de São Martinho e é ele mesmo um milagre que muitos de nós apreciamos, aqui em Portugal.
Um milagre que gostamops de acompanhar com castanhas assadas, muito vinho e jeropiga, ou água pé... a caridade não parece ser uma tradição destes dias prolongdos, pois são vários os dias de temperatura amena.
Seguem aqui vários proverbioos relativo a a estes dias, enfatizando o facto de ser nestes dias que se abrem as pipas de vinho e que se abatocam: as rolhas (batoques) ficaram desde outubro ou setembro apenas encistados apra deixarem entrar o ar. Agora abatocam-se. Enfatizando a tradição de matar o porco por esta altura (agora, com ads arcas frigoríficas, mata-se emq aulquer altura, mas antigamente esperava-se que o frio do inverno, junatente com o sal das salgadeiras conservasse a carne. Sem mencionara s castanhas novas, que ficam boas nesta época.
· A cada bacorinho vem o seu S. Martinho.
· Em dia de S. Martinho atesta e abatoca o teu vinho.
· Martinho bebe o vinho, deixa a água para o moinho.
· No dia de S. Martinho, fura o teu pipinho.
· No dia de S. Martinho, lume, castanhas e vinho.
· No dia de S. Martinho, mata o porquinho, abre o pipinho, põe-te mal com o teu vizinho. (sic.)
· No dia de S. Martinho, mata o teu porco, chega-te ao lume, assa castanhas e prova o teu vinho.
· Pelo S. Martinho abatoca o pipinho.
· Pelo S. Martinho mata o teu porquinho e semeia o teu cebolinho.
· Se queres pasmar o teu vizinho, lavra, sacha e esterca pelo S. Martinho.
· Veräo de S. Martinho säo três dias e mais um bocadinho.
Imagens
A primeira imagem: Pintura original de Giovanni Canova.
A terceira imagem : São Martinho e o Mendigo, de El Greco.
segunda-feira, novembro 15, 2021
Como é que imaginamos os nossos monstros?
Estas são algumas das fotos de Charles Fréger, um fotógrafo que viajou durante anos retratando estas máscaras, que recolheu no livro ′′ Wilder Mann ".
São tradições da Europa, todas elas, representando o homem selvagem.
sábado, agosto 12, 2017
Mistérios de Itália
quinta-feira, abril 30, 2015
Pragas Algarvias
Um dos aspetos da cultura popular do Algarve é sem dúvida os das pragas que se rogam para fazer mal aos outros. Teríveis, mas ingénuas, aqui vão algumas:
"Ah, mald'çoade! Havia de te dar uma febre tã grande, tã grande, que te derretessem os botões da farda!"
"Ah, mald'çoade! Havias de ter uns cornos tã grandes, tã grandes, que um cuco na ponta dum e outre cuco na ponta do outre na se ouvissem!"
"Ah, mald'çoade! Havias de ter um bichoco tã grande, tã grande, que tu dormisses numa cama e o bichoco noutra!"
Tradução: bichoco = furúnculo
Tradução: mald'çoade= amaldiçoado
sábado, novembro 02, 2013
O Dia dos Cães - Na índia e no Nepal
Noutros dias do mesmo festival, veneram o corvo e a vaca.
domingo, março 31, 2013
sexta-feira, janeiro 13, 2012
Medicina Rústica
quinta-feira, janeiro 05, 2012
La Befana
(N.B.: Bruta, em italiano quer dizer feia)
sábado, outubro 01, 2011
Provérbios para a crise (continuação)
- Ainda há caixas de sapatos? - Perguntei, espantada.
Olá nova freguesa do blogue, uma brasileira chamada Cindinha. Suponho que veio cá para À procura de contos populares, não? Então, de posts sobre Fernando Pessoa?
terça-feira, setembro 27, 2011
Provérbios para a crise
"Fui pedir ao meu vizinho e envergonhei-me. Fui para casa e rumediei-me [remediei-me]."
"Quem o alheio veste, na praça o despe."
(Quem se lembrar de mais, que os ponha aqui, como comment.)
"Guarda o que não presta, encontrarás o que precisas" - contra o desperdício.
"O trabalho do menino é pouco, mas quem não o aproveita é louco" - (Trabalho infantil?)
Sugerindo, talvez, a emigração:
"Há mar e mar, há ir e voltar"
E o indispensável saber:
"À terra onde fores ter, faz como vires fazer"
Que transmite a mesma ideia do aforismo:
"Em Roma, sê romano"
sábado, agosto 20, 2011
Provérbios descabidos
"Não páras quieto, parece que tens bichos carpinteiros" - o que são bichos carpinteiros? Talvez seja melhor: "parece que tens bichos no corpo inteiro"
"Cor de burro quando foge" deveria ser, ou era, na sua origem "Corro de burro quando foge" .
Enfim, outros haverá, quem quiser pode acrescentar alguns como comentário.
terça-feira, janeiro 25, 2011
Cavacas
Ingredientes
2 xícaras de farinha de trigo
1 ovo
1 colher de chá de fermento
Leite
Preparo:
Prepare a massa, abra com o rolo, corte em tiras e frite em gordura quente. Depois de fritas, passe na canela com açúcar.
Do BLOGUE CLICAR POR CIMA
P.S.: Este post tem tido muitíssimos visistantes, que parecem usá-lo como livro de culinária, pois ficam muito tempo aqui, apesar de eu citar a fontezinha...
Ver também a festa das cavacas
AQUI
quarta-feira, dezembro 22, 2010
A velha e a couve
sexta-feira, abril 09, 2010
Alminhas
Em Dezembro apresentei neste blogue uma cruz dos caminhos, como se pode ver
segunda-feira, fevereiro 01, 2010
Provérbios sobre o tempo: Janeiro Fora
quarta-feira, janeiro 27, 2010
Contos de Santo António
(Contos narrados pelo meu avô Manuel Daniel de Sousa, transcritos após a sua morte, com contribuições de várias pessoas da família. O avô contava estas historias milhares de vezes, enquanto os primos piscavam os olhos entre si, sentados em escabelos, na espreguiçadeira, ou deitados na carqueija, antes de ser queimada na lareira.
Estes contos eram inéditos, antes de terem sido partilhado neste blogue, sendo muito procurados por pessoas do Brasil.
São contos do Douro Litoral, também chamado de Entre Douro e Minho, Portugal)
domingo, janeiro 03, 2010
Cavacas
Ver aqui a foto, feita em 13 de Janeiro de 2013, de José Daniel Soares Ferreira
P.S.: Descobri agora, em Janeiro de 2012, no blogue Farinha Amparo, este vídeo.