Algumas pessoas perguntaram-me por mensagem privada como é andar no Rio de Janeiro, se andava sozinha, se podia ir onde queria… respondi que só responderia a estas perguntas quando chegasse, porque tenho uma irmã que não gosta de viajar e que está sempre muito preocupada quando viajo.
Então, vou agora contar tudo desde o princípio. Como já tinha dito, um médico alemão viajante “solo” ficou sem a carteira e sem 250 euros nas Canárias. É muito bem humorado, ria-se da situação, mas achou que, se foi assaltado nas Canárias seria assassinado no Rio de Janeiro e decidiu continuar no navio até Buenos Aires, até porque outros “solos” também foram e ainda por lá andam. Creio que nem saiu no Rio.
Na primeira paragem no Brasil, Recife, não houve história, tal como nas duas ilhas de Cabo Verde.
Em Salvador da Bahia, aconteceu o seguinte, que eu saiba: uma vietnamita a viver na América que viajava “solo”, contou-me que estava a tirar fotografias e levaram-lhe o telemóvel, muito bom. Foi à polícia e já lá estavam mais dois passageiros do navio a reportar dois casos. Ouvi depois um americano tipo cow-boy, “ranger do Texas” como eles dizem, a contar que viu um tipo tirar a carteira a um passageiro que nem conhecia e deu-lhe um murro no nariz, o rapaz caiu ao chão a deitar sangue, o cow-boy inclinou-se para lhe bater mais, mas veio um por trás e arrancou-lhe o fio de ouro. E eu que só queria ajudar, lamentava-se… ficaram os dois sem burro e sem albarda. Mais tarde disseram que uns brasileiros também se pegaram à pancada com os assaltantes e foram hospitalizados. É muito, mas os passageiros eram mais de dois mil e não aconteceu nada aos outros, nem a mim que andei por ali sozinha, subi e desci no elevador, estive numa esplanada e no mercado, etc.
Em Maceió, uma alemã “solo” não saiu por ouvir dizer que era muito perigoso, mas não havia perigo nenhum nem aconteceu nada e o mesmo em Búzios.
Quanto ao Rio, um americano “solo”, o que anda a dar a volta ao mundo e que gosta muito desta cidade, disse que podíamos andar à vontade, em transportes públicos, metro e tudo, exceto à noite.
Andei por lá sozinha cerca de uma semana, fui a todos os sítios, andei de autocarro público, não tive medo nem corri perigo. Na carteira pequena levava dinheiro, o IPad ou o telemóvel ou os dois, o cartão multibanco e o cartão Revolut. Deixava no cofre o passaporte (a coisa que mais receio que me roubem) e os outros cartões, mas faço isso em todo o lado. Quando ia para a praia levava uma saquinha minúscula de pano só com o cartão de abrir a porta do quarto e pouco dinheiro, sendo que me aconselharam a deitar-me por cima dela, mas isso já me parecia demais. No último dia decidi ir dar um mergulho, levei a saquinha com o cartão e 15 reais (menos de 3 euros) e a toalha do hotel. Em menos de nada a saquinha desapareceu, como num passe de mágica do circo. Comuniquei no hotel e deram-me outro cartão que anulava aquele. Não teve importância, mas deu-me muito a sensação de que “nada nos pertence”.
Enfim, se alguma pessoa, homem ou mulher pensar que gostaria de ir ao Rio, eu não lhe diria que não vá por ter medo. Só tem sempre que andar com muita atenção e com a carteira para a frente, ou mesmo a mochila na frente e não nas costas. Furtos e roubos de esticão, se estivermos distraídos, é o que fazem,como acontece muito aos turistas em Lisboa, mais nada.
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