quarta-feira, março 07, 2007

Dia da Mulher: 8 de Março

Em vésperas de eu nascer, o meu pai, que já tinha duas filhas granditas, resolveu espalhar aos quatro ventos que queria um rapaz e que bateria na minha mãe se lhe nascesse outra menina.
Nasci eu e era uma menina.


A minha entrada neste mundo não foi gloriosa e triunfante nem invejável, mas, felizmente para nós, o meu pai viveu e morreu sem bater em ninguém, muito menos na minha mãe ou em mim. E amou-me muito.


Vejo as pessoas à minha volta sorrirem até à alma quando está para nascer ou já nasceu uma criança, seja menino ou menina, filha, sobrinha, neta, vizinha, filha da amiga...
- É natural - dirão vocês. - É o instinto maternal, paternal...


Todos os anos morrem, segundo o Jornal DN, talvez de 19 ou 20 de Março, enfim...
Repito: Todos os anos morrem dois milhões e meio de meninas na Índia, vítimas de:
- Meio milhão por aborto selectivo (Ver o que é) - Dois milhões por infanticídio, provocado pela família, ou com a sua conivência...
- É natural - dirão alguns. Algumas pessoas acham tudo natural...




A Ministra da Mulher, da Índia, resolveu criar berços onde as meninas possam ser abandonadas, como a antiga roda dos enjeitados.


Muitas pessoas no Ocidente, incluindo Portugal, tratam um cão ou um gato como se fosse um filho, sofrendo horrores quado o bicho morre. Porque não podemos nós, portugueses, adoptar uma destas meninas? Até se combatia o decréscimo de natalidade...
Mas em Portugal, o que conta é a maternidade / paternidade biológica. Mal podemos adoptar os portugueses, quanto mais as meninas do Oriente?

1 comentário:

Anónimo disse...

Em vésperas de eu nascer, o meu pai, que ainda não tinha filho nenhum, sonhava muitas vezes o mesmo sonho: uma menina de rabo de cavalo a dar a dar, correndo pelo passeio em frente à sua casa.
Obrigada por me fazeres lembrar disto hoje.