Interessante esta manifestação.
Todas as terras julgam chamar-se A Terra. Todas as terras são, para quem mora nelas, o Umbigo do Mundo. Sempre que desembarquei em terra, depois de ter navegado pelos mar, senti que a terra era imunda. E enjoei.
terça-feira, agosto 31, 2010
Ceuta
sábado, agosto 28, 2010
Navegações
Portas de Oiro
sexta-feira, agosto 27, 2010
Só lhe falta falar... italiano: Porto Santo Stefano
Mas percebe português perfeitamente, visto que entendeu tudo o que eu lhe disse. Quando me esqueci dele, veio ter comido e bateu-me com a patinha na perna para me chamar...
Fiquei com vontade de conhecer a dona: pelo gato se vê o dono, acho eu...
Estava preso por um enorme fio, macio, dúctil e muito bonito.
quinta-feira, agosto 26, 2010
quarta-feira, agosto 25, 2010
Porto Santo Stefano
Para seguir a ordem deste diario de bordo, deveria colocar aqui imagens de Ajaccio, na Corsega, mas é uma terra demasiado turistica. E nao aguento estar em Italia e nao falar so de Italia, so de italia, pensar so em Italia!
Porto St Stefano, enfeitado para a festa do Palio Marinaio. Que ja foi. aqui ninguem rouba nada?
(P.S.: Faltam acentos neste e noutros posts, mas isso é porque o teclado era italiano, ou francês, ou assim...)
(P.S.: Faltam acentos neste e noutros posts, mas isso é porque o teclado era italiano, ou francês, ou assim...)
La Bella Italia: Porto Santo Stefano
Mal chego a Itália, vou tomar o pequeno almoço a terra, claro. Quando vi estes maravilhosos figos pretos, pego em três, levo-os para dentro, dou-os à senhora imensa, alta larga, tal como o marido, ambos sorridentes. A senhora mete-os num saco e dá-mos.
- C' é quanto?
- Niente!
- Niente???
- Nada di nada!
- Grazie. Grazie tante!
- Ah ah ah!
Maravilhosa Itália! Mal ponho um pé em terra, dão-me logo três figos fantásticos!
Porque é que não nasci nesta terra?
E fui comê-los com um capuccino.
Foi tão bom!
terça-feira, agosto 24, 2010
Navegação e Mahon
Vir a esta terra não é indispensável. Apenas um lugar sossegado...
Antes de desembarcar (pela primeira vez nesta viagem e após três dias e três noites só a navegar) proponho à minha amiga X (não posso dizer nenhum nome) que venha comigo fazer uma excursão de barco quando chegarmos a terra. Para ver o fundo do mar. Torceu o nariz de tal maneira, que fiquei um pouco enxofrada, mas calei-me.
Só percebi o motivo quando, telefonando para aí, a primeira pergunta que me fizeram foi:
- Deves estar farta de água, de barcos, de navegar?!
Já depois de termos feito essa excursão, acabou por confessar:
- Eu pensei que o fundo do mar nesta terra não deve ter nada de especial...
Acertou. Só tinha uns peixitos mixurucas a que os dos barcos deitavam pão... que já se habituaram a comer o seu pão sem o suor do seu rosto...
segunda-feira, agosto 23, 2010
Navegaçao
Embarquei sexta-feira no navio Funchal, em Lisboa, mas foi hoje a primeira vez que pus pé em terra. Em Mahon, na ilha de Menorca.
Havia a intenção de aportar em Marrocos, mas o porto de Tânger nao é muito seguro, os rebocadores sao velhos, os cabos podem partir e, como havia muito vento e ondulaçao, cá viemos nós, três dias e três noites sempre a navegar. Primeiro no Atlântico e agora no Mediterrâneo, a bordo do navio Funchal, um navio histórico (e pequeno) que fará 50 anos no próximo ano.
Fotos: de um lado (estibordo) Marrocos, talvez Tânger, a bombordo um pouco mais a Leste, o rochedo de Gibraltar, ambos mergulhados na bruma da tarde.
quinta-feira, agosto 19, 2010
Retrato Falado
Telefonando para a agência de viagens a ver se já tinham vindo os papéis, perguntam-me o nome da senhora que me atendeu. Como não sei, pedem-me uma descrição. Que idade poderá ter? Não faço a mais vaga ideia.
- É loura, de olhos azuis e muito bonita.
- Não temos cá nenhuma loira nem de olhos azuis.
- Olhos verdes? - Perguntei, a medo.
- Não!
- Muito bonita.
- ...........
- ...........
- Não estou a ver...
- Talvez um bocadinho forte... quase gorda...
- Ah, é a Marta!
Não me peçam retratos falados. Só vejo o âmago das pessoas e aquela pareceu-me linda.
quarta-feira, agosto 18, 2010
Ruínas
Reparo sempre nesta casa, quando passo perto de Santarém, de comboio. E lembro-me dela às vezes.
A casa já não tem telhas e nasceram árvores lá dentro. Lembro-me de quando só tinha uma. Ou seria outra casa?
Comovem-me as ruínas, sobretudo as das habitações, pelo que podemos imaginar de vivências e de passado. E porque nos fazem pensar no tempo.
terça-feira, agosto 17, 2010
Será possível haver tanta corrupção sem haver crimes de morte?
A ponta do novelo começa a ser desenrolada.
Não sejamos idiotas nem parvos. Demasiadas vezes.
segunda-feira, agosto 16, 2010
Rio Douro e Rio Paiva
Imagens da ínsula chamada Ilha do Castelo, na confluência do Rio Paiva com o Rio Douro. E vão ambos para o mar.
domingo, agosto 15, 2010
sábado, agosto 14, 2010
O Ferreiro da Cepa II
Os únicas dispositivos modernos que usa, é este esmeril e o "fole" eléctrico. Antigamente era manual e enorme.
Na segunda foto, trabalhos feitos "há séculos", que não foram reclamados. Nem pagos. continuam à espera...
Isto é a continuação de CLICAR AQUI
P.S: Este ferreiro morreu em Dezembro de 2011, com 76 anos e a trabalhar, mais por gosto que por necessidade. Por essa altura, o site Fórum Português de Ferro Forjado citou este blogue criando um link para aqui. Desde então, vêm cá muitos visitantes provenientes de diferentes países, como Israel, Estados Unidos, etc. Se fosse um pouco mais cedo, poderiam tê-lo contactado. Ocorre-me que deve ser possível comprar estas ferramentas, que uns franceses meus amigos tinham querido comprar, já no século passado.
quinta-feira, agosto 12, 2010
A Vaca Loira
O Ferreiro da Cêpa (ver post anterior) disse-me algo que todos nós já esquecemos e que seria óbvio no seu tempo:
- Sabe, eu tive a vantagem de saber ler e escrever!
E começou logo a falar na sua professora primária, uma professora mítica, mais famosa do que o pão branco, ainda hoje. A alcunha por que ficou conhecida diz tudo: a Vaca Loira.
(Para além do sentido óbvio, também se chama popularmente vaca loira a um insecto enorme, com umas pinças grandes, uns "cornos" que eram utilizados na ourivesaria, para fazer brincos e pendentes. Esse bicho, que não vejo há séculos, também se chama Biscorna.)
A dita professora era terrivelmente cruel com os alunos, impunha as letras e os números pelo terror e pela pancadaria, transformando as suas aulas num verdadeiro martírio de ignorantes. Quem, apesar disso, não conseguisse aprender a ler, a escrever e a contar, ainda que mal, então não seria normal. Mas todos conseguiam. O próprio ferreiro está-lhe muito grato.
- Eu não era santo nenhum. Se calhar apanhava como os outros, mas aprendi. E isso é que interessa!
Ainda conheci essa senhora, uma velhinha minúscula, quase centenária, ainda loira e, então, muito simpática. Costumava dar-me cerejas da sua enorme cerejeira e rosas de Santa Teresinha do seu jardim, quando eu era pequena e passava perto da casa dela. Gostou de mim, não sei porquê.
Não se aborrecia nada com o cognome, que lhe dava fama.
O marido, igualmente minúsculo, tomava todos os dias banhos de água fria, caminhava dez quilómetros, era muito cómico e, como só calçava o número 35, costumava responder, aos que lhe perguntavam a idade:
- Eu ando em 35.
Eram pequeninos, alegres, leves e felizes. Talvez tivessem a impressão de terem cumprido a sua nobre missão... ela como serva de Atena, ele como marido, pois não tinham filhos. As grandes missões são contrárias à maternidade.
Talvez se tenha inspirado na deusa Atena, que já nasceu armada e com capacete de guerreira, porque é difícil combater a ignorância e a sua aliada, a preguiça.
Se eu fosse professora, tentaria impôr-me, não pelo terror mas pelo amor, conceito muito mais moderno, pois só o amor pode, agora, vencer as trevas. E porque continua a ser difícil combater a ignorância.
(Continua a reportagem do Ferreiro da Cêpa)
- Sabe, eu tive a vantagem de saber ler e escrever!
E começou logo a falar na sua professora primária, uma professora mítica, mais famosa do que o pão branco, ainda hoje. A alcunha por que ficou conhecida diz tudo: a Vaca Loira.
(Para além do sentido óbvio, também se chama popularmente vaca loira a um insecto enorme, com umas pinças grandes, uns "cornos" que eram utilizados na ourivesaria, para fazer brincos e pendentes. Esse bicho, que não vejo há séculos, também se chama Biscorna.)
A dita professora era terrivelmente cruel com os alunos, impunha as letras e os números pelo terror e pela pancadaria, transformando as suas aulas num verdadeiro martírio de ignorantes. Quem, apesar disso, não conseguisse aprender a ler, a escrever e a contar, ainda que mal, então não seria normal. Mas todos conseguiam. O próprio ferreiro está-lhe muito grato.
- Eu não era santo nenhum. Se calhar apanhava como os outros, mas aprendi. E isso é que interessa!
Ainda conheci essa senhora, uma velhinha minúscula, quase centenária, ainda loira e, então, muito simpática. Costumava dar-me cerejas da sua enorme cerejeira e rosas de Santa Teresinha do seu jardim, quando eu era pequena e passava perto da casa dela. Gostou de mim, não sei porquê.
Não se aborrecia nada com o cognome, que lhe dava fama.
O marido, igualmente minúsculo, tomava todos os dias banhos de água fria, caminhava dez quilómetros, era muito cómico e, como só calçava o número 35, costumava responder, aos que lhe perguntavam a idade:
- Eu ando em 35.
Eram pequeninos, alegres, leves e felizes. Talvez tivessem a impressão de terem cumprido a sua nobre missão... ela como serva de Atena, ele como marido, pois não tinham filhos. As grandes missões são contrárias à maternidade.
Talvez se tenha inspirado na deusa Atena, que já nasceu armada e com capacete de guerreira, porque é difícil combater a ignorância e a sua aliada, a preguiça.
Se eu fosse professora, tentaria impôr-me, não pelo terror mas pelo amor, conceito muito mais moderno, pois só o amor pode, agora, vencer as trevas. E porque continua a ser difícil combater a ignorância.
(Continua a reportagem do Ferreiro da Cêpa)
terça-feira, agosto 10, 2010
O Ferreiro da Cêpa
ESTE MEU POST FOI PARTILHADO AQUI
Como habitualmente, estou a passar uns dias na região do Douro Litoral e procuro coisas para vos mostrar. A crer na Miss Marple da Agatha Christie, não é preciso sair duma terra pequena para abarcar o universo.
Deve haver, na Europa Ocidental, muito poucos ferreiros como este, o Ferreiro da Cêpa, filho e neto de ferreiros, que teve amabilidade de fazer alguns trabalhos só para eu ver, fotografar e filmar.
Na segunda foto, uma das peças da "máquina", do banco de fazer dentes nas foices, é um osso de boi, como se vê. Tinha ido buscar alguns nesse dia, que era preciso talhar e aplanar para ficarem assim...
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