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segunda-feira, dezembro 03, 2018

Veneza: cor e movimento ao pôr-do-sol



Não há cidade tão fotogênica como Veneza, em que a cor e a luz parecem bailar constantemente. Nem há cidade tão cinematográfica. Movimento constante de barcos a deslizar pelo água, aves marinhas e até cigarras como fundo. Bem como a bela língua italiana, claro!

Autora do vídeo: Nadinha

quarta-feira, setembro 03, 2014

Cinema americano sobre emigrantes portugueses na América

Cinema americano sobre emigrantes portugueses (sobretudo açorianos) na América: por que razão não o conhecemos?

Baseiam-se na aventura marítima destes destemidos portugueses, que impressionaram América.

Sobre os emigrantes açorianos com Spencer Tracy, o filme Captain Courageous.







Filme completo AQUI

Ou este, intitulado Tiger Shark, baseado na vida de Mark Mascarenhas.





segunda-feira, setembro 01, 2014

Pelo Rio Douro








 Régua: chapéus há muitos. Feitos nos chineses, a 2 Euros e 50 cada dois. Rebuçados da Régua há muitos! Serão chineses?


 Porto Sandeman: quinta vinícola em Valença do Douro. Também tem azeite e carradas de rosmaninho.




Ui! Tão ao pé do abismo!?



Para definir em cinco palavras esta viagem pelo Douro, subindo do Porto até à Régua, diria:
Azul escuro, verde, azul claro. Ou talvez antes: verde, verde, verde, verde, verde.

Os esquimós têm muitíssimas palavras para distinguir muitos tons de branco, os durienses deveriam ter milhares de palavras para definir os muitos tons de verde. E já agora, umas dezenas para os tons de azul...

Estas fotos mostram uma viagem feita no navio Vale do Douro, da companhia Rota do Douro. Foi tudo bom, correu tudo bem. Mesmo para a Nadinha, que tem algum sentido crítico. Um nadinha dele.

Feita marinheira de água doce...

quarta-feira, julho 30, 2014

E agora, que terra é esta onde estou?














Não, desta vez o IPAD não põe a localização. Porque não o utilizei.
Depois explico as fotos, agora só pergunto que terra é esta e adonde :)

A primeira foto é de um antigo Barco Lavadouro, onde muitas mulheres iam lavar roupa como empregadas. Embora desativado, é um tipo de barco, chamado Péniches, onde vivem pessoas. Algumas desses barcos têm 'residência fixa', o que não é a vocação de um barco, outros navegam pelos rios Esdres e Loire.

Dentro da cidade de Nantes podemos encontrar estes recantos à beira-rio, com toda está fauna: patos, galinhas de água, muitas outras aves aquáticas e estes bichinhos, chamados Ragoudin, talvez parentes das lontras. 

terça-feira, agosto 13, 2013

Ciao




Depois digo alguma coisinha.
Só uma dica: desta vez levo um lenço para por na cabeça, para não ser obrigada a colocar lenços transpirados e quiçá, com piolhos, como no ano passado.
Só mais uma dica: não vou para o mar.

sábado, agosto 03, 2013

O pirata Long John Silver




Há dois anos por esta altura, li em Cabo Verde, ilha e cidade de São Vicente, um livro intitulado História Geral dos Piratas, que chegou  a ser erradamente atribuído a Daniel Defoe, autor de Robinson Crusoe. Para ver o que escrevi neste blogue sobre essa obra, clicar por cima.

O livro, que li com grande prazer e entusiasmo, até por estar numa ilha onde esses piratas terão aportado várias vezes, é assinado por um alegado pirata arrependido, chamado Johnson.

Leio agora com igual prazer o livro Long John Silver, que frequentemente se refere ao anterior, sendo uma das personagens o próprio Daniel Defoe, como autor da História Geral dos Piratas.

É um romance razoavelmente bem escrito, com  a vantagem de o seu autor Bjorn Larsson, ter passado vários anos a navegar, pelo que todo o percurso marítimo não soa a falso, nem a cenário de cinema.

Não sendo nenhum must read, a não ser para quem gosta do tema (mar, marinheiros, piratas), tem também a vantagem de estar em saldo, com aqueles descontos especiais de fim de coleção, daquelas que não se venderam muito.

Conta a história fictícia do terrível pirata Long John Silver, amigo do escritor Daniel Defoe, escrita pelo próprio (pirata).
Este Long John Silver é também protagonisa do famosíssimo romance A Ilha do Tesouro, de Robert Louis Stevenson.


(Algumas das informações que aqui forneço, não as tinha quando comecei a ler, pelo que você partirá em vantagem. Pode optar por ler primeiro, ou depois, qualquer um dos outros.) Com a particularidade de que todos os três representam ótimas leituras para férias, por apelarem ao espírito de aventura, ao mar, às viagens.  


Mas não a viagens como turistas...

sábado, abril 14, 2012

Titanic: e depois? Uma herdeira da companhia de navegação, uma freira clarissa...









Não poderia este blogue, que tanto ama os mares, deixar passar, sem o referir, o centenário do naufrágio do Titanic.

O Titanic, que naufragou faz hoje cem anos, pertencia à companhia de navegação White Star Lines.

A herdeira dessa companhia, filha adotiva do principal proprietário, chamava-se Amy Pollard (Amy Elizabeth Rosalie Imrie), e era oriunda da Guiana Inglesa.

Apesar da fortuna que herdou, entrou para a irmandade católica das Clarissas descalças, uma ordem contemplativa que faz voto de pobreza. Morreu em 1944, após uma vida de abnegação, tendo doado o dinheiro para a construção de igrejas e capelas, como a de Santa Maria dos anjos, em Liverpool, cidade que hoje a venera. Para além de muitas obras de caridade que financiou e da doação da mansão familiar para ser transformada em convento (franciscano) das Clarissas, o primeiro nos Estados Unidos.


segunda-feira, janeiro 16, 2012

Naufrágios: o passado e o presente



Vou publicar aqui mais posts sobre naufrágios, já tenho vários, como se pode ver clicando na tag abaixo "Naufrágios".
Este, no vídeo, o do navio Sírio, também já aqui referido, aconteceu há cem anos com um navio italiano a caminho do Brasil, também por culpa do comandante. 
Mas a criatividade napolitana transformou este dramático episódio, que de outro modo ficaria sem história (só tem história o que é narrado) num momento interessante do canto napolitano, os Cantastorie - histórias cantadas, quase parecidas com a nossa "literatura de cordel", mas musicada com grande emoção, inteligível mesmo para quem não entenda a língua.
O Costa Concordia tinha 4000 tripulantes, o que é hoje em dia muitíssimo, por ser um dos maiores navios do mundo, mas o Sírius ou Sírio já tinha 2000. A diferença, muito pequena se pensarmos em dimensões oceânicas com cem anos de diferença, explica-se contudo: na terceira classe viajavam a monte "ao molho" e sem condições mínimas, centenas ou milhares de emigrantes, que, se morressem na viagem, o problema era deles. 
(Como agora, com o neo-liberalismo introduzido em Portugal pelo bem intencionado, simpático e muito ingénuo coelho, em italiano coniglio, ler conilho).

Ver actualizações sobre o Costa Concordia ( o navio da Discórdia)
AQUI

sábado, janeiro 14, 2012

Naufrágios e heroísmo. Ou a falta dele





Não sei se já contei isto aqui, mas creio que não. 
No início de cada cruzeiro há uma simulação de acidente ou naufrágio, situação em que seria necessário abandonar o navio, o que assusta muita gente, por fazer lembrar o filme do Titanic. Por sua vez, os tripulantes têm vários treinos de simulação, para além deste, nomeadamente quando o navio está fundeado. Quanto às baleeiras salva-vidas, elas são removidas e içadas de cada vez que se utilizam como barcos de transporte.

Numa dessas simulações que são muito lentas e demoradas, no Princess Danae, uma criança comentou:
- Se isto fosse a sério, já tínhamos naufragado.
Um elemento da tripulação que estava a coordenar a situação, um homem já com bastante idade, respondeu:
- Se isto fosse a sério, eu já não estava aqui. - E começou a contar um episódio em que naufragou e só sobreviveu porque não esperou por ninguém.
A mãe da criança agradeceu a sinceridade... 

Como diz o filósofo José Gil, uma caraterística da mentalidade portuguesa é o burgessismo (qualidade do burgesso), que, de facto é muito bem aceite na sociedade portuguesa, provocando frequentemente um riso coletivo. Como foi o caso.

O programa humorístico em que Hermano José criticava isso mesmo, pessoas a rirem em coro de piadas sem graça, por serem ditas por alguém a quem queriam agradar, ou por serem apenas grosseiras, gerou demissões dos actores e a mais completa indiferença do público. Masoquisticamente, preferimos aceitar o "burgessismo" de forma acrítica.

É claro que reclamei desta declaração, até por ser sincera, porque a sinceridade não é uma qualidade "per si". E é claro que admiro os tripulantes deste navio, que ajudaram os passageiros, ao contrário do que disse o tipo referido, o criaturo.

E vi na RAI que uma tripulante, pelo menos uma, fugiu a nado. Para além do execrável comandante. Que só podia estar bêbado...

Quantas inconfessáveis cobardias, quantos não exaltados heroísmos. Sobretudo de alguns que morreram (refiro-me aos naufrágios em que muita gente morreu, incluindo os que deram o lugar a outros para os salvar)...





domingo, setembro 11, 2011

O Porto de Nova Iorque em Directo

Aqui se pode ver o porto de Nova Iorque em Directo. Vi o nascer do sol e o amanhecer nessa cidade, sobre o mar, sem sair da minha casa, em Lisboa. Podemos mesmo saber quais são os navios que entram e que saem, pelo esquema colocado por baixo do vídeo..

AQUI: NY Harbor Webcam

Se quiser saber se é dia ou noite noutro local do globo, poderá ver 


AQUI

É o sitemeter deste blogue e, portanto, inclui as partes do mundo que mais o visitam com uma bola verde e  a parte do visitante mais recente, com bola vermelha: você, claro.

terça-feira, julho 20, 2010

A Índia e o Opiário

Apesar de estar neste momento com muito trabalho, vou entrar de férias de hoje a uma semana e, como todos os anos, ando a tentar decidir, com dificuldade, aonde ir.
Tinha a intenção de visitar a Índia, mas todos me aconselham a não ir agora. De facto, é uma viagem difícil em termos físicos e psicológicos, que me seduz muito, em parte pelo lado espiritual, em parte pelo exotismo, que, no entanto, os escritores indianos exprimem ser obra do passado, estar ela a tornar-se incaracterística. Mas não é por isso que ainda não vou. Diversos factores me fizeram, ao contrário do costume, aceitar o conselho.

Fico a pensar: aonde ir? Se mesmo a Índia já não é a Índia e se calhar nunca deveria ter sido, em certos eventos... ou mesmo, se nunca foi...

Fui buscar o poema "Opiário" de Fernado Pessoa - Álvaro de Campos, que diz, com um século de antecedência, mais ou menos o que sinto hoje. Como não sou nada pessimista, ao contrário de Campos, embora seja niilista como ele, pelo menos na opinião da Clara, como aprendi a não ser depressiva e neurasténica, vou colocar aqui apenas as partes do poema com que me identifico ainda e quase totalmente. Censurem-me, se quiserem, por ter censurado o tio Álvaro. Às vezes colocam-me neste blogue críticas medonhas que não apago.
Quanto à viagem, talvez vá para o mar, como sempre. É a última fronteira, o único lugar diferente e desconhecido. Sem gente. Ou com gente vivendo à distância de um fio. Como diz Platão: " Há três tipos de homens: os vivos, os mortos e os que andam no mar".

Opiário (Excertos)

Eu acho que não vale a pena ter
Ido ao Oriente e visto a Índia e a China.
A terra é semelhante e pequenina
E há só uma maneira de viver.
.......................................
Fumo. Canso. Ah uma terra aonde, enfim,
Muito a leste não fosse o oeste já!
Pra que fui visitar a Índia que há
Se não há Índia senão a alma em mim?
...........................................
Não posso estar em parte alguma.
A minha Pátria é onde não estou.
..............................................
Pertenço a um género de portugueses
Que depois de estar a Índia descoberta
Ficaram sem trabalho. A morte é certa.
Tenho pensado nisto muitas vezes.
Leve o diabo a vida e a gente tê-la!
Nem leio o livro à minha cabeceira.
Enoja-me o Oriente. É uma esteira
Que a gente enrola e deixa de ser bela.

domingo, julho 04, 2010

"Tão Longe do Mundo"

Acabo de ler, com entusiasmo e alegria, o relato de um naufrágio no Pacífico, o livro "Tão Longe do Mundo". Quase não consegui parar de ler, o que é estranho, dada a aparente monotonia do tema: um homem à deriva no Pacífico durante quatro meses, 180 dias. Mesmo contando com a minha paixão pelo mar (que não pela praia, de que não gosto) e pelas navegações, o mérito da narrativa deve-se, em grande parte, ao jornalista que ouviu este pescador e que escreveu o livro, como se fosse ele o autor e o protagonista.
Estes pescadores do Thaiti eram considerados os "Senhores do Mar" e estão agora em extinção absoluta pela globalização que, neste caso, se deve sobretudo às experiências nucleares em Samoa, a pior de todas as globalizações. Onde esperávamos encontrar o Paraíso, surge-nos o pesadelo, num lugar escolhido de propósito por ser remoto e longínquo.
Devido a uma avaria no motor, Tavae vê-se arrastado pela corrente marítima para longe da ilha onde vive e onde tem filhos e netos, tendo sobrevivido miraculosamente por efeito de dois ou três factores: a sua extraordinária experiência do mar e a invulgar perícia de navegação, que lhe permitem enfrentar uma tremenda tempestade, durante a qual partiu as costelas, (mas não o pequeníssimo e desprovido barco, ficando também com as pernas paralisadas), alguma sorte, se assim lhe podemos chamar, por ter chovido torrencialmente quando estava a morrer de sede, (não de fome que conseguiu sempre pescar), mas sobretudo à sua incrível e indestrutível fé em Deus. Este é um dos aspectos mais interessantes do livro, pois o protagonista interpreta todos os acontecimentos invulgares que presencia, como o aparecimento dos pássaros, das orcas, da tempestade, pensando que se trata de sinais que Deus lhe quer transmitir.
Tal como pensam outros invejáveis crentes, talvez de entre os mais simples, dir-se-ia que Deus nem tem mais em que pensar senão no modo de pôr à prova este seu fervoroso seguidor, num diálogo íntimo que "mantêm". As narrativas míticas, politeistas, são um lenitivo para os momentos em que nada acontece e isto deve-se ao jornalista co-autor. Aqui, Tavae recorda a origem da ilha e outros pormenores, em que os deuses são as personagens principais. Mas talvez seja desta religião primitiva que o protagonista retira a intimidade com Deus, mais improvável na austeridade do catolicismo... em que fomos criados... Tal é a crença nos desígnios divinos, que Tavae decide ir viver para a ilha onde acabou por aportar, vivo devido à sua perícia, a mil quilómetros da sua terra, mas só depois de casar a filha que faz anos no dia da sua "aterragem". Também porque os habitantes da ilha, que tão bem o acolheram, incluindo a "família real", achariam estranho se ele se fosse embora para sempre... até porque reencarna um dos seus mitos/deuses.

Fez-me lembrar um livro que foi marcante na minha primeira juventude:
"Náufrago Voluntário", com a vantagem de tudo ser natural e espontâneo neste livro que agora acabo de ler, reservando a intenção de reler com frequência algumas passagens.

O mar, a última fronteira, pode colocar-nos em contacto com o mundo, com a nossa essência e com o milagre quotidiano da existência.
(Pormenor curioso, o livro custa 2,50 Euros, Editora Bizâncio.)
Comprado no novo e muito interessante "Espaço Docas", nas Docas de Alcântara.

quinta-feira, junho 19, 2008

Novo 'ferry-boat' liga Portimão ao Funchal

Atualização deste post, feita em 29 Janeiro de 2012:
Como se vê AQUI (clicar por cima), o ferry deixou de existir por esta data.

Atualização em Setembro 3013


Burocracia impediu regresso do Armas



Mantenho, abaixo, o post existente anteriormente, feito em 19 / 6/ 2008 e que teve muitos visitantes.



Novo 'ferry-boat' liga Portimão ao Funchal
Ver também aqui, no sítio do armador

Aqui está uma notícia maravilhosa para quem gosta de navegar e não menos importante para quem não se interessa por isso.

Será agora possível viajar de ferry, ou numa poltrona ou num camarote com cama, até às Canárias ou até à Ilha da Madeira ou aos dois sítios, por um preço muito acessível.


Temos um mar imenso mas não o temos usado...

P.S.: A Maria mandou-me mais este link

http://farinha-ferry.blogspot.com/2008/06/barco-vapor.html

quarta-feira, março 26, 2008

Navegar é preciso (ainda)

Vem aqui muita gente procurando entender a frase de Fernando Pessoa:


"Navegar é preciso viver não é preciso"


Tive que reformular o post em que falo disto. Ver neste blogue a entrada (e comentários). Já agora, aceitam-se opiniões

http://terraimunda.blogspot.com/2007_05_01_archive.html

segunda-feira, outubro 22, 2007

Navio Amistad


Posted by Picasa
Com um Dia de sol esplendoroso, como se fosse o pino do Verão, fui ver o Navio Amistad que está fundeado em Lisboa, no Cais da Rocha do Conde de Óbidos।
Trata-se da réplica do "clipper" com o mesmo nome que, cerca de 1840, fazia a viagem Cuba Nova Iorque carregada de escravos africanos e mercadorias, sendo já nessa época proibida a importação de escravos de África. Durante a viagem os cativos revoltara-se, tomaram o comando do barco, tendo sido presos em Nova Iorque e posteriormente absolvidos, tendo regressado à Serra Leoa.
receio que o blogger me esteja a pregar partidas e por isso escrevo mais depois.

domingo, setembro 02, 2007

Navegar é preciso, mas não é necessário

Você já alguma vez pensou na incrível qualidade que tem a sua cama de não se mexer nunca? E até mesmo o seu quarto e a casa onde mora, nunca oscilam para cima e para baixo, nem para a direita nem para a esquerda, melhor ainda, nunca oscilam ao mesmo tempo para cima e para baixo, e para a direita e para a esquerda.

Já pensou que debaixo da sua cama não nadam tubarões nem baleias nem mesmo espiam polvos nem lulas? Nem se estendem dez quilómetros de água?

-Não, Nadinha, nunca pensei nisso.

Bem, nesse caso, sou obrigada a concluir que você nunca navegou e nunca dormiu no alto-mar.
Tenho pena de si. Não sabe apreciar o que tem.

Eu, desde a última viagem por mar, acho a minha cama tão maravilhosa!
Estou a pensar leiloá-la.(Não devemos apegar-nos aos bens materiais).

quinta-feira, maio 31, 2007

Navegar é preciso, viver não é preciso

Partilho agora aqui uma das minhas frases preferidas. É anónima, ao que parece, e serve de epígrafe à Mensagem de Fernando Pessoa.




"Navegar é preciso, viver não é preciso"


Tem vindo aqui muita gente à procura do significado ou sentido desta frase, que julgam ser de Camões, pois é frequente confundir a poesia da "Mensagem" de Fernando Pessoa com a de Camões em " Os Lusíadas". Isto deve-se ao facto de Pessoa ter querido tratar, de forma moderna, os mesmos temas e assuntos que Camões tratou nessa obra, até porque Pessoa não apreciava Camões. Até porque julgava ser ele mesmo o supra-Camões.


Creio que o sentido da frase é este: não importa mesmo nada a vida que viveu aquele português que embarcou para os Descobrimentos, naufragou e morreu, ou regressou, casou, procriou e morreu... tudo isso é vulgar e inútil. O importante é que essas pessoas "navegaram", ou seja, metaforicamente, fizeram obra de que a humanidade se pode orgulhar.
Devemos, segundo esta ideia, preocupar-nos em "Navegar" e não em viver: Navegar é Preciso Viver não é Preciso.
Também tem outro sentido: navegar é algo que se faz com exactidão, com mapas e instrumentos, viver é algo que se faz por improviso...


Conseguir dizer tudo isto e muito mais numa frase que ainda por cima não assume como sua... é obra: É navegação sem terra à vista do nosso caro amigo Fernando.


Ainda mais recentemente, descubro esta autoria da frase, que me parece legítima: a frase é da autoria de Pompeu, general romano: "Navigare necesse; vivere non est necesse" -no original em latim. A frase será então de Pompeu, general romano (106-48 aC.), dita aos marinheiros, amedrontados, que recusavam viajar durante a guerra. (cf. Plutarco, in Vida de Pompeu). Ver comentário de João Paulo Cabrera.
Dado que Pessoa atribui a frase a navegantes antigos, parece-me que se refere aos antigos romanos. Quanto a ser de Camões, eu afirmo terminantemente que não é.


3 de Julho 2009: Só agora descobri a possível origem desta confusão: vi pela primeira vez o filme Nemo. Vi-o com legendas em português do Brasil. A certa altura, um dos peixes disse esta mesma frase e atribuiu-a a Camões. Não creio que exista no original... Que dizem vocês?
Eu digo que vieram aqui pessoas através de pesquisas que incluíam o peixe Nemo, o que me parecia incompreensível. Aliás, este é um dos posts mais visitados deste blogue. Juntamente com um que tem fotos do navio Santíssima Trinidad.




Ver aqui o texto integral, que pode funcionar como introdução à obra Mensagem


30 Outubro 2010: Já agora, acabo de descobrir que este post é citado num interessante site brasileiro, 


Tentei colocar lá um comentário, mas não consegui, pois para isso deveria registar-me e não consegui fazer isso bem... Deixo aqui o comment que havia escrito.


Agradeço as referências feitas aqui ao meu blogue  (http://terraimunda.blogspot.com/) e ao esclarecimento que dou sobre essa frase. No contexto da obra de Pessoa, também me parece que é mais de valorizar a ideia de que viver não é importante (necessário). Não deixa de ser curioso, também, que esta frase tão apreciada de Pessoa não seja realmente sua... tem a ver com as máscaras. E muitos até pensam que é de Camões... o que, seguramente, lhe teria desagradado. Pessoa não apreciava Camões. O "Imperador da Língua Portuguesa", para ele, seria o Padre António Vieira. O que vos deve agradar a vocês, pois o padre era meio brasileiro e amava o Brasil (cá em Portugal, chamamos brasileiros aos portugueses que vivem no Brasil).


Clicar Aqui